1. Quando esta semana se abrirem as portas do I Congresso da Aliança, em Évora, para acolher novecentas portuguesas e portugueses, estaremos a assistir a um dos momentos mais nobres da nossa vida coletiva, na participação cívica de que um país livre se pode orgulhar: a reunião de cidadãos no exercício da sua liberdade e na discussão à volta das preocupações de milhões que não se conformam com o estado da Nação.
A Aliança nasce de uma vontade original criativa, de total inovação quanto à personificação de um partido político de nova geração, ao serviço da democracia portuguesa, de que nos orgulhamos. Abertura, simplicidade, clareza de princípios e propósitos. Acolhendo todos sem tabus de classe social, de grupo etário, de origem urbana ou rural.
Dizer não a interesses de grupo ou de parcialidade original questionável, não encontrará hesitações na Aliança. Por outro lado, unir esforços com setores dinâmicos da sociedade para levar Portugal a ultrapassar-se, terá toda a força que um partido pode aportar.
Recusar na Europa a confirmação de políticas que notoriamente sirvam realidades estranhas à nossa realidade enquanto país, não terá um lapso de hesitação da Aliança. Por outro lado, reafirmar cooperação total nas reformas necessárias a uma Europa solidária, mas que reponha justiça com horizonte datado para eliminação das desigualdades hoje patentes, não encontrará hesitações da Aliança.
Os cidadãos hoje em Portugal, não podem ter mais do mesmo quanto à visão dos partidos como entidades sem credibilidade e coerência entre o que afirmam e o que fazem. Em Portugal deve terminar, quarenta e cinco anos depois do 25 de Abril, o tempo da dependência dos partidos até agora centrais no sistema de governo que, tal como o país, não se reformaram, na ação e no programa, para responder aos novos desafios da sociedade portuguesa. Por outro lado não é aceitável, que partidos na oposição, admitam fazer com quem está no governo, acordos de natureza inócua, apenas para salvaguardar hipóteses de se posicionarem para o acesso ao governo seja em que circunstâncias pós-eleitorais for. Outros que hesitam em questões fulcrais como o setor da saúde, (onde se esperam reformas profundas que salvem um SNS falido) e que vão buscar propostas do governo como solução.
2. A Aliança nasce para não permitir a confusão entre o que seja a génese e crédito do voto dos portugueses e a sua distorção oportunística apenas para se alcançar o poder. Esta legislatura mostrou que quando portugueses votam no partido socialista, estão a votar no partido comunista, isto é, na extrema esquerda. E, contrariamente ao que alguns analistas defendem, este partido socialista não obteve uma vitória para Portugal na construção da frente de esquerda.
Não. Portugal, com exceção do cumprimento do défice perante a Europa, não está mais rico como país, não está menos endividado, não assegurou menor custo do Estado por cada família, por cada empresa. Apenas permitiu que um partido derrotado, assegurasse o domínio do Estado, desse acesso ao Estado a partidos derrotados nas eleições, tudo isto com privilégio das suas clientelas e à revelia do uso genuíno prometido para o voto em eleições.
3. Portugal está a caminho da quinta posição no ranking dos mais pobres da UE e apresentou a quarta riqueza gerada por habitante mais baixa entre os 19 estados-membros da zona euro, atrás da Estónia (78,8), da Lituânia (78,4). E deve referir-se que o crescimento do PIB em 2017 recuou 0,8 % face ao ano anterior. Para este ano está previsto, segundo o FMI um crescimento de apenas 1,8%, anunciando-se uma retração do crescimento mundial da economia ou mesmo uma nova recessão que obrigará, a continuar este governo, a mais endividamento e, para compensar a mais e mais impostos diretos e indiretos cobrados. Não podemos continuar adiados e, as próximas eleições, não podem oferecer mais do mesmo, sob pena de comprometermos o próximo decénio, como comprometemos este.
Com efeito, Portugal precisa de crescimentos do PIB/ano a 3/4 %. Poucos recordarão, mas foi em 1998, isto é há vinte anos (ano da EXPO), a última vez que Portugal cresceu a 4%. E o crescimento só pode vir de duas fontes: o investimento privado nacional e estrangeiro e poucos duvidam que não será um governo da frente de esquerda que será capaz de recolocar Portugal neste patamar.
4. Portugal não está bem e um olhar atento sobre a realidade, não apresenta dificuldades quanto à identificação da causa principal: um impasse político severo e estrutural, pela contradição das partes que sustentam o atual governo, gerando uma governação à bolina das vontades de momento, condicionada para satisfazer objetivos ideológicos da extrema esquerda. As famílias e as empresas enquanto estrutura vital da sociedade, não são notoriamente destinatárias da ação política deste governo. A agenda política governamental e parlamentar, vai ocupando os seus dias em assuntos de prioridade questionável, como a regulação do consumo da canábis, a prevenção da violência nas corridas de animais (que sendo respeitável, supera o silêncio sobre a situação nos bairros degradados, nunca levada ao parlamento), recusando durante meses saber dos escândalos bancários, qual folhetim de venalidades globais.
Enquanto isto, as famílias e empresas são ainda destinatárias de um tsunami permanente de impostos diretos e indiretos dos maiores da União Europeia, exigindo sacrifícios de verdadeira sobrevivência económica. As pessoas como destinatárias da ação política no quadro da Aliança, têm sido o centro do debate na procura de soluções.
Por outro lado, a ausência de liberdade económica relativa (que nos rankings internacionais colocam Portugal em 77º lugar entre 186 economias), tem vindo a ser cada vez mais notória, pela prevalência das teses comunistas e radicais a que o PS vem dando acolhimento, no quadro do equilibrismo que é a matriz de sobrevivência da frente de esquerda. O liberalismo como condição para uma maior liberdade e iniciativa dos cidadãos e das empresas na criação de riqueza, ocupou sobremaneira a Aliança.
Finalmente, reduziu-se a solidariedade entre os portugueses, acentuando-se as assimetrias entre cidadãos a trabalhar para o Estado e a trabalhar na economia privada; portugueses do interior e do litoral; alunos das escolas publicas e privadas; portugueses dependentes dos cuidados de saúde nos hospitais públicos e privados, entre muitos e muitos aspetos diagnosticáveis de descriminação. A solidariedade afirmada pela Aliança, como estratégia inseparável na ação, expressão de cidadania responsável e humanismo de proximidade interventora, junto daqueles a quem a história pessoal e as circunstâncias coletivas deixaram para trás.
5. A Aliança não esconde ao que vem. Contribuir como alternativa ao quadro partidário atual, para abrir portas a um novo governo no final deste ano.
E, nesse desiderato, estamos com as forças políticas que inequivocamente não querem Portugal no impasse, perante valores que defendemos de forma categórica e inabalável. A Aliança vem para mudar esta falta de ambição e de vontade e nasceu por decisão de muita gente de todo o país, sob o impulso e a direção do Dr. Pedro Santana Lopes, que proclamou a política como imperativo das ideias e não da indiferença e do deixa andar.
Já há uns meses citei Churchill quando este declarou que “há quem mude de ideias para não mudar de partido; há quem mude de partido para não mudar de ideias”. A Aliança surge como novo partido na lembrança da ideia do Portugal de ontem que saiu para o mar quando a terra era curta para as ambições; e com uma ideia do Portugal de hoje, que vai a Évora para sair do impasse político e partidário, para alcançar a prosperidade económica como país, ajudando à prosperidade dos portugueses.
Este fim de semana, na terra mítica do Alentejo, iremos procurar deitar fora os mitos que impedem nova política com renovada esperança já nas próximas eleições.
Escreve quinzenalmente