Sempre quis que fosse um muro de betão, mas perante os custos e as críticas lá recuou e passou a querer um de metal. O presidente Donald Trump garantiu várias vezes que o “muro seria bastante barato”, mas ninguém consegue garantir qual o preço. Sabe-se que será para toda a fronteira, pelo menos é o que Trump diz e quer, mas os custos diferem: vão dos 8 mil milhões aos 70 mil milhões, a que se juntam valores entre 150 e 700 milhões por ano só em manutenção. Trump, por sua vez, pede, além dos 1,7 mil milhões que já recebeu, 5,7 mil milhões ao Congresso, com os democratas a recusarem disponibilizar as verbas.
Se se tiver em conta o preço da extensão da vedação construída nos mandatos de George W. Bush, 7 mil milhões de dólares, pode-se facilmente concluir que o preço do muro será bastante superior ao valor pedido por Trump ao Congresso dos Estados Unidos.
O custo dependerá essencialmente do modelo de muro que Trump escolherá. As empresas de construção civil responderam ao apelo do presidente e já apresentaram oito protótipos, todos de acordo com a visão de Trump: uma altura entre cinco e nove metros.
A maioria é de betão, mas também os há de metal e outros quantos a misturarem os dois materiais. No topo, uns têm tubos na horizontal (para impedir escaladas), outros têm picos de metal; uns são azuis, outros prateados e outros beges. O muro terá uma profundidade até quase dois metros, numa tentativa de dissuadir da construção de túneis, e será suficientemente resistente para aguentar tentativas de criar buracos até três metros de diâmetro com ferramentas – marretas, brocas, entre outras.
A empreitada estará a cargo de uma grande empresa que, por sua vez, contratará outras mais pequenas. “Provavelmente será necessário um grande empreiteiro que esteja habituado a gerir projetos múltiplos sob um grande guarda-chuva e que precise de vários fornecedores”, explicou Ty Gable, da National Precast Concrete Association, à AP. “Vai ajudar uma série de fornecedores individuais pelo caminho”, garantiu.
Logo que se tornou visível que a construção do muro era mais que uma promessa eleitoral, não menos que 850 empresas expressaram interesse em fazerem parte do projeto. “Em última instância, tudo dependerá de quanto estiverem dispostos a pagar”, disse Ken Simonson, economista-chefe da Associated General Contractors of America, à AP.
O presidente também ameaçou, ao longo do encerramento parcial, atribuir às forças armadas a responsabilidade pela construção do muro, deslocando verbas de outros programas de defesa. Mesmo que assim seja, não serão os engenheiros e soldados a construí–lo, mas empresas privadas contratadas pelas forças armadas. “O Corpo de Engenheiros do Exército é responsável por contratar construtoras privadas para construírem o muro”, garantiu o secretário do Exército, Mark Esper, citado pela rádio WAFF48.
A construção do muro implicará também estradas, portões de entrada de veículos motorizados, iluminação, torres de comunicação, sensores terrestres e vigilância vídeo, indo bem além das empresas de construção civil. É, essencialmente uma forma de Trump cumprir uma outra promessa eleitoral sua: a criação de empregos, beneficiando os grandes interesses norte-americanos. Serão necessários engenheiros, arquitetos, operadores de maquinaria pesada, condutores de camião, operadores de equipamento de escavação, supervisores de obras e trabalhadores no geral. Todos os trabalhadores que venham a trabalhar no muro terão de ser analisados pelos serviços de imigração e alfândega para garantir, diz o governo, que não têm historial de imigração ou de criminalidade.
No início de novembro, o governo norte-americano atribuiu um contrato no valor de 145 milhões de dólares (126 milhões de euros) a uma empreiteira texana, a SLSCO, para começar a construir seis quilómetros de muro na fronteira. Será a primeira secção do muro na zona do Vale do Rio Grande, no Texas, juntando-se a uma outra já construída ao longo de três quilómetros na fronteira da Califórnia.