Se há um caso que descredibiliza praticamente todos os partidos portugueses é a CGD. Como é possível, e já nem falo dos partidos do centrão, o PCP e o BE nunca terem lutado pela divulgação da vergonha nacional que foi a gestão da Caixa Geral de Depósitos durante tantos anos? Como foi possível PS, PCP e BE fecharem a comissão de inquérito no parlamento onde se pretendia apurar as responsabilidades de quem obrigou o Estado a injetar quase seis mil milhões de euros no banco estatal? Alguma vez os partidos se deram conta do que se podia ter feito com esse dinheiro? Quantas alas oncológicas do São João, no Porto, não se teriam feito?
E qual a razão para esconderem os negócios ruinosos? Foi para proteger a credibilidade do banco? Isso faz algum sentido? Bem pelo contrário, a divulgação do regabofe que foi emprestar dinheiro, muito dinheiro sem quaisquer garantias, dizendo que isso não voltará a acontecer, é que dá credibilidade ao banco.
Muitas outras questões se levantam, mas uma parece fundamental: será que o Ministério Público ainda vai a tempo de encontrar responsáveis pelo desastre financeiro que possam pagar pelo que fizeram? Ou será que todos os hipotéticos crimes já prescreveram?
Olhando para o escândalo da CGD é um pouco difícil perceber como ainda há quem defenda José Sócrates. Como foi possível um primeiro-ministro querer “tomar” conta do maior banco privado português através de empréstimos da CGD aos seus “soldados” sem quaisquer garantias? Como foi possível amigos de administradores levarem fortunas sem qualquer justificação? Armando Vara, esse banqueiro exemplar, já vai responder na Operação Marquês. E os outros?
Se os partidos não lutarem para que este caso da CGD seja esmiuçado até ao fim, como poderão pedir aos contribuintes para fazerem os seus descontos? Querem que estes continuem a financiar a corrupção? Já não basta o que foi feito nos bancos privados? Haja vergonha e vejam o que a Inglaterra fez com o Lloyds.