Brexit pode aumentar número de mortes por ataques cardíacos

Brexit pode aumentar número de mortes por ataques cardíacos


Estudo que analisou os impactos do Brexit concluiu que saída do Reino Unido da União Europeia poderá contribuir para o aumento do número de mortes até 2030


Um estudo feito com o objetivo de avaliar o impacto do Brexit na importação de comida e na saúde pública concluiu que a saída do Reino Unido da União Europeia poderá contribuir para mais de mil mortes provocadas por ataque cardíaco ou derrame cerebral no horizonte temporal até 2030. 

O estudo – realizado por investigadores do Imperial College London e da Universidade de Liverpool e que foi publicado ontem na revista “BJM Open” – analisou como os diferentes cenários do Brexit poderiam provocar o aumento dos preços dos alimentos – neste caso, da fruta e vegetais.

Ao analisarem todos os cenários comerciais possíveis, os investigadores chegaram sempre à mesma conclusão: o consumo de vegetais e frutas no Reino Unido diminuiria, aumentando assim o risco de virem a desenvolver-se doenças cardiovasculares. Uma grande parte das frutas e vegetais consumidos na Inglaterra é importada – só em 2017, 84% das frutas e 43% dos vegetais consumidos naquele país chegaram de fora. 

 Com o Brexit, o estudo revela que os ingleses passarão a consumir entre 3% a 11% menos fruta ou vegetais, relembrando que manter uma dieta rica neste tipo de alimentos está associado a um baixo risco de problemas de saúde como as doenças cardiovasculares.

No entanto, os especialistas conseguiram identificar qual é o pior cenário de todos. Segundo o estudo, o Brexit sem acordo revelou ser o mais prejudicial à saúde pública, provocando, entre 2021 e 2030, 12 400 mortes adicionais devido a doenças cardiovasculares naquele país. 

“A saída do Reino Unido da União Europeia há muito que é enquadrada em termos da sua importância política e social. Mas este estudo mostra que o impacto do Brexit vai muito além da economia e pode afetar o risco de doenças nas pessoas. O governo do Reino Unido deve considerar as implicações para a saúde pública das opções de política comercial do Brexit, incluindo mudanças nos preços dos principais grupos de alimentos”, afirmou o prof. Christopher Millet, da escola de Saúde Pública do Imperial.

O primeiro autor do estudo, Paraskevi Seferidi, considerou que a Inglaterra “é altamente dependente de importações, especialmente de fruta e vegetais frescos”, que “têm um forte efeito protetor sobre a saúde”. 

“O nosso artigo ilustra pela primeira vez os potenciais impactos negativos do Brexit nos preços de fruta e vegetais, consumo, doenças cardíacas e derrame”, completou.

Apesar de falarem em algumas limitações no estudo – como não terem analisado todos os cenários que estão em cima da mesa -, os investigadores destacam que as conclusões batem certo com pesquisas feitas anteriormente acerca do Brexit.