Uma barragem em Brumadinho, no Estado de Minas Gerais, Brasil, colapsou este fim-de-semana, levando à morte de pelo menos 37 pessoas e fazendo 300 desaparecidos. O cenário é o de uma onda de lama que avançou contra tudo e todos, arrastando pessoas, animais e casas, extravasando rios e invadindo pelo meio campos agrícolas.
É o segundo caso do género no Brasil, depois de há três anos uma outra barragem ter colapsado em Bento Rodrigues, em Mariana, também em Minas Gerais. Em 2015, morreram 19 pessoas e o horizonte ficou, tal como agora, transformado num mar de lama. Os responsáveis pelo maior desastre ambiental na história do Brasil não foram acusados e muitas das famílias afectadas (cerca de 400) não receberam as devidas indemnizações.
“Faremos o que estiver ao nosso alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar os fatos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias como a de Mariana e Brumadinho, para o bem dos brasileiros e do meio ambiente”, reagiu Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, no Twitter, antes de se dirigir ao local.
As palavras de Bolsonaro ainda estavam a ser comentadas quando surgiu um alerta de que uma outra barragem estava em “risco iminente”, também esta em Brumadinho.
“As autoridades foram avisadas e, como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência”, explica a Vale em comunicado. Mais de 24 mil pessoas foram deslocadas pelos autoridades desde que o alerta foi dado.
Ao final da tarde de ontem, as operações de busca e salvamento foram retomadas, depois de o tenente-coronel Flávio Godinho, da agência de Defesa Civil de Minas Gerais, ter garantindo que o risco de ruptura é reduzido.
Um mês antes do desastre deste fim-de-semana, os especialistas já tinham alertado que o estado da barragem de Brumadinho representava riscos para a população, mas nada foi feito. A mineira Vale argumentou que no último mês foi realizada uma auditoria à estrutura concluindo que estava em condições. Existem 450 barragens em Minas Gerais, entre as quais 22 são consideradas instáveis. A do recente desastre enquadrava-se nesta categoria. Todas as barragens em questão pertencem à empresa mineira Vale, que lucra todos os anos milhões de reais com a exploração mineira.