Justiça. Vice de Mesquita Machado julgado por corrupção

Justiça. Vice de Mesquita Machado julgado por corrupção


Vítor Sousa terá recebido 226 mil euros para favorecer a MAN em relação à Volvo


O empresário Vítor de Sousa, antigo vice-presidente de Mesquita Machado, autarca de Braga durante 37 anos, vai começar hoje a ser julgado. É acusado de ter ganho cerca de 226 mil euros em ‘luvas’ na compra de 23 autocarros para os Transportes Urbanos de Braga (TUB).

A par de Vítor de Sousa vão sentar-se no banco dos réus a ex-secretária e depois adjunta de Mesquita Machado, Cândida Serapicos, o então diretor de manutenção dos TUB, Luís Vale, e Luís Paradinha, diretor comercial da empresa Man Truck Bus Portugal (MAN), também arguida no processo. O julgamento começa esta manhã no Palácio da Justiça de Braga.

Vítor de Sousa e Cândida Serapicos são acusados de crimes de corrupção passiva para ato ilícito e gestão danosa, por terem alegadamente recebido na administração dos TUB “comissões” de 226 mil e 27500 euros, respetivamente, enquanto o seu diretor, Luís Vale, terá ganho cerca de 23 mil euros. Luís Paradinha e a empresa MAN, por sua vez, respondem por crimes de corrupção ativa para ato ilícito e em prejuízo do comércio internacional, já que a MAN terá sido beneficiada, em detrimento da Volvo, que pede uma indemnização de 777 mil euros, enquanto os TUB querem ser ressarcidos de 563 mil euros, quantia em que terão alegadamente sido lesados pelos quatro arguidos. 

De acordo com a acusação pública, que todos os arguidos têm vindo a negar, o preço dos autocarros seria inflacionado de forma a que sobrasse sempre a “comissão especial” de sete a 12 mil euros, para distribuir por Vítor de Sousa, Cândida Serapicos e Luís Vale. 

Nas investigações da PJ, o empresário Abílio Costa, proprietário da antiga empresa Oficina Senhor dos Aflitos – concessionária local da marca alemã de camiões e autocarros – foi constituído arguido, mas passou a testemunha quando a acusação foi concluída, devido à sua colaboração com a PJ – mais tarde viria a morrer. Abílio Costa denunciou o esquema à PJ, entregando um dossiê com cheques e movimentos bancários e dizendo tratar-se da prova da corrupção. Já os arguidos garantem que os cheques que estavam na sua posse são a prova de que o dinheiro que recebiam (as alegadas luvas) era apenas um adiantamento, uma vez que mais tarde Abílio Costa iria levantar os seus cheques.

O Tribunal de Braga arrestou já um total de 658 mil euros, entre bens móveis e imóveis, além das contas bancárias dos três antigos responsáveis dos TUB.