Dez dos 33 heliportos hospitalares que existem em Portugal estão proibidos de receber doentes durante a noite. Entre estas unidades hospitalares encontra-se o maior hospital do país, Santa Maria, em Lisboa. A notícia de que um terço dos hospitais não tem condições – em alguns casos falta sinalização luminosa – vem reforçar os problemas que existem no helitransporte de doentes em Portugal e que já tinham ficado patentes com a queda de um heli em Valongo, pouco antes do Natal, e com a divulgação de áudios em que um médico do instituto mostra resistência em fazer o transporte de doentes que estão em situação crítica.
No primeiro caso as diversas informações veiculadas mostram uma alegada descoordenação entre o INEM e NAV. No segundo, fica patente como uma situação que agora se considera ser prejudicial para os doentes se prolongou ao longo de meses. Ambas estão agora a ser investigadas pelo Ministério Público.
O novo caso: os heliportos que só servem de dia
Segundo o “JN” noticiou ontem, além dos dez hospitais sem requisitos técnicos para receber helicópteros durante a noite, há ainda duas unidades hospitalares que não têm sequer certificação para que possam aterrar meios aéreos – Guimarães e Lamego.
A primeira não reúne, segundo a ANAC, condições para a operação, mas já foi pedida a certificação.
A falta de requisitos para receber helicópteros à noite foi evidenciada há duas semanas no Hospital Garcia de Orta, em Almada, quando um piloto decidiu aterrar num campo de futebol por considerar que o heliporto não reunia as condições necessárias para a aterragem
Uma situação, aliás, idêntica à que já tinha acontecido no Hospital de Vila Real em novembro do ano passado, mas que passou longe dos holofotes. Na altura um piloto preferiu usar um descampado ao heliporto para fazer a aterragem de emergência.
No caso do Hospital de Santa Maria sempre que necessário têm sido usadas a base aérea de Figo Maduro e o heliporto da Academia Militar. Mas segundo o “JN” são mais de uma dezena as infraestruturas que, não sendo de Unidades hospitalares, recebem este tipo de transporte de emergência: pertencem a autarquias, bombeiros e a privados. Também outro hospital da capital, o Francisco Xavier, está impossibilitado de receber doentes helitransportados no período noturno.
Heli aterrou em descampado em novembro
Ontem à SIC, João Oliveira, Presidente da Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, confirmou esse episódio, lembrando que até novembro de 2018 não se levantava a questão da certificação da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para aterragem de emergência. Disse ainda que só quando o heli aterrou num campo adjacente ao Hospital de Vila Real – que foi inaugurado há seis anos – é que se apercebeu.
“Para utilização de meios de emergência médica, a certificação não estava a ser requerida. Ter uma aprovação da ANAC é sempre positiva, mas até à altura a questão nunca se levantou”, acrescentou o presidente da Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Na prática, os helitransportes estão proibidos à noite nos hospitais Dr. Nélio Mendonça (Funchal); Garcia de Orta (Almada), São Francisco Xavier (Lisboa), Santa Maria (Lisboa); Hospital de Santarém, Covões (Coimbra) e Hospital de Mirandela (Mirandela). Segundo o mesmo diário, aguardam ainda a certificação os hospitais de Vila Real e Loures.