A prisão onde Armando Vara vai cumprir a pena de cinco anos está reservada a membros de forças de segurança, militares e magistrados ou reclusos que necessitem de especial proteção. Nem sempre foi assim. O Estabelecimento Prisional de Évora só ganhou este estatuto em 2008, era primeiro-ministro José Sócrates. No âmbito da Operação Marquês, o antigo governante viria a estar dez meses em prisão preventiva nesta mesma cadeia.
A rotina dos reclusos, que não é muito diferente da que se verifica noutras cadeias do país, tornou-se conhecida aquando da detenção de Sócrates.
O dia começa às 7h30. É a essa hora que os reclusos são acordados, mas não lhes é permitido sair das suas celas. Têm meia hora para se prepararem até serem encaminhados para o refeitório para tomarem o pequeno-almoço.
Às 8h as portas abrem e os presos são levados para o refeitório, onde têm uma hora para fazer a primeira refeição do dia.
No final da refeição, os reclusos que têm trabalho atribuído dentro da prisão seguem para o seu posto e quem não tem ocupação tem direito a duas horas de recreio. Por volta das 11h, voltam às suas celas, onde esperam uma hora pelo almoço. Ao meio-dia, as portas voltam a abrir e os reclusos regressam novamente para o refeitório para almoçar. À semelhança do pequeno-almoço, a refeição dura uma hora.
Às 13h está na hora de regressarem às celas. Desta vez, as portas fecham-se durante uma hora e meia. Com o dia a mais de meio, às 14h30 os reclusos têm direito às suas horas de recreio ou então visitas – que geralmente são feitas às terças, quintas, sábados e domingos.
Às 17h30, regressam às celas onde aguardam meia hora até à hora de jantar. Pela última vez no dia, saem para o refeitório. Às 19h, as celas fecham-se durante doze horas e meia. Para passar a noite, os reclusos recebem um reforço alimentar.
Nos tempos livres, podem usufruir de uma sala de atividades que funciona duas vezes por semana – entre as 9h e as 11h. Têm ainda uma campo de futebol e um ginásio. Já quem não é fã de desporto, pode aproveitar para ler um livro da biblioteca da prisão ou então ver televisão – disponível nas celas, mas que apenas tem acesso aos canais abertos.
Ao i, Vítor Ilharco, secretário-geral da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), explicou que as instalações da cadeia de Évora são “idênticas” às das outras prisões – que também têm ginásio e biblioteca, por exemplo. “Não há assim grande diferença, as celas são iguais, os horários são iguais. A única diferença é que é uma cadeia só para polícias, ex-ministros, forças de segurança”, completou. Além disso, Vítor Ilharco admite que a alimentação deve ser “ligeiramente melhor” na cadeia de Évora, mas apenas pelo simples facto de ser uma prisão mais pequena e de estar a ser confecionada para menos pessoas: “É diferente fazer comida para 100 pessoas ou para mil”. Ilharco explica que os reclusos têm 90 euros para gastar por semana inclusive nas idas às cantinas, mas muitas vezes optam por adquirir outros géneros alimentares, tabaco e artigos de higiene. Além de José Sócrates, pela cadeia de Évora passaram no passado recente nomes como Manuel Jarmela Palos – antigo diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras -, Orlando Figueira – ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Agora, chega a vez de Vara se adaptar a esta realidade.