O regresso das chicotadas


DEPOIS DO EMPATE entre o Sporting e o Porto, um adepto leonino dizia à saída do estádio de Alvalade: “O tempo de Keizer acabou!”. Extraordinário! O holandês está há dois meses no cargo, rubricou várias goleadas históricas, e por não conseguir ganhar ao campeão nacional – que vinha a vencer há 18 jornadas! – já…


DEPOIS DO EMPATE entre o Sporting e o Porto, um adepto leonino dizia à saída do estádio de Alvalade: “O tempo de Keizer acabou!”.

Extraordinário! O holandês está há dois meses no cargo, rubricou várias goleadas históricas, e por não conseguir ganhar ao campeão nacional – que vinha a vencer há 18 jornadas! – já não serve para o Sporting e deve ir-se embora. E isto passa-se, note-se, depois de um período sinistro do clube, em que as expectativas para esta época eram mínimas, para não dizer negras.

MAS A CULPA é, em primeiro lugar, do presidente do Sporting. Ao despedir José Peseiro – e não aproveitar o substituto, Tiago Fernandes, até ao fim da temporada -, Frederico Varandas introduziu no clube o vírus da instabilidade. Em vez de ter conservado Peseiro, considerando esta época como um tempo de transição que o clube usaria para curar as feridas, assentar a poeira, reorganizar as coisas internamente e preparar com calma a próxima época – Frederico Varandas despediu-o intempestivamente, quando o Sporting ia em 2º lugar no campeonato. Ora, quem semeia ventos colhe tempestades.

PERANTE OS EXEMPLOS de cima, os sócios reagem mimeticamente.

Até porque o presidente do rival de Lisboa, Luís Filipe Vieira, decidiu seguir o mesmo caminho e fazer uma coisa que há muito tempo não se via para os lados da Luz: despedir o treinador a meio da época.

E com estas duas “chicotadas psicológicas” de dois grandes, o futebol português arrisca-se a regressar aos tempos desgraçados em que os clubes tinham vários treinadores por época, a instabilidade campeava e as equipas afundavam-se. O Sporting chegou a estar a pagar a quatro treinadores em simultâneo!

O GRANDE BENEFICIÁRIO dessa loucura, como sabemos, foi Pinto da Costa – que, eternizando-se na presidência do FC Porto, deu-lhe estabilidade a todos os níveis. Os outros levaram tempo a perceber, mas acabaram por ir atrás. A estabilidade foi assumida como um valor em si mesma. Luís Filipe Vieira manteve Jesus seis anos, o que foi um recorde. Mas sentindo-se acossado, Vieira mandou a estabilidade às urtigas e, antes que se queimasse, despediu Rui Vitória.

O fantasma de um regresso ao passado agiganta-se. Se este treinador interino não conseguir resultados, Vieira demiti-lo-á sem contemplações. E Varandas fará o mesmo a Keizer, pois já se percebeu que é essa a sua forma de estar. 

QUEM SE RI uma vez mais é Pinto da Costa. Estando há quase 37 anos no cargo, ele é a prova máxima de que a estabilidade compensa – e, inversamente, a instabilidade leva os clubes à ruína. Mas nesta era da tecnologia tudo é mais efémero, e até o futebol inglês – que era o campeão do conservadorismo – já adotou as chicotadas psicológicas.

Assim vai o mundo.

O regresso das chicotadas


DEPOIS DO EMPATE entre o Sporting e o Porto, um adepto leonino dizia à saída do estádio de Alvalade: “O tempo de Keizer acabou!”. Extraordinário! O holandês está há dois meses no cargo, rubricou várias goleadas históricas, e por não conseguir ganhar ao campeão nacional – que vinha a vencer há 18 jornadas! – já…


DEPOIS DO EMPATE entre o Sporting e o Porto, um adepto leonino dizia à saída do estádio de Alvalade: “O tempo de Keizer acabou!”.

Extraordinário! O holandês está há dois meses no cargo, rubricou várias goleadas históricas, e por não conseguir ganhar ao campeão nacional – que vinha a vencer há 18 jornadas! – já não serve para o Sporting e deve ir-se embora. E isto passa-se, note-se, depois de um período sinistro do clube, em que as expectativas para esta época eram mínimas, para não dizer negras.

MAS A CULPA é, em primeiro lugar, do presidente do Sporting. Ao despedir José Peseiro – e não aproveitar o substituto, Tiago Fernandes, até ao fim da temporada -, Frederico Varandas introduziu no clube o vírus da instabilidade. Em vez de ter conservado Peseiro, considerando esta época como um tempo de transição que o clube usaria para curar as feridas, assentar a poeira, reorganizar as coisas internamente e preparar com calma a próxima época – Frederico Varandas despediu-o intempestivamente, quando o Sporting ia em 2º lugar no campeonato. Ora, quem semeia ventos colhe tempestades.

PERANTE OS EXEMPLOS de cima, os sócios reagem mimeticamente.

Até porque o presidente do rival de Lisboa, Luís Filipe Vieira, decidiu seguir o mesmo caminho e fazer uma coisa que há muito tempo não se via para os lados da Luz: despedir o treinador a meio da época.

E com estas duas “chicotadas psicológicas” de dois grandes, o futebol português arrisca-se a regressar aos tempos desgraçados em que os clubes tinham vários treinadores por época, a instabilidade campeava e as equipas afundavam-se. O Sporting chegou a estar a pagar a quatro treinadores em simultâneo!

O GRANDE BENEFICIÁRIO dessa loucura, como sabemos, foi Pinto da Costa – que, eternizando-se na presidência do FC Porto, deu-lhe estabilidade a todos os níveis. Os outros levaram tempo a perceber, mas acabaram por ir atrás. A estabilidade foi assumida como um valor em si mesma. Luís Filipe Vieira manteve Jesus seis anos, o que foi um recorde. Mas sentindo-se acossado, Vieira mandou a estabilidade às urtigas e, antes que se queimasse, despediu Rui Vitória.

O fantasma de um regresso ao passado agiganta-se. Se este treinador interino não conseguir resultados, Vieira demiti-lo-á sem contemplações. E Varandas fará o mesmo a Keizer, pois já se percebeu que é essa a sua forma de estar. 

QUEM SE RI uma vez mais é Pinto da Costa. Estando há quase 37 anos no cargo, ele é a prova máxima de que a estabilidade compensa – e, inversamente, a instabilidade leva os clubes à ruína. Mas nesta era da tecnologia tudo é mais efémero, e até o futebol inglês – que era o campeão do conservadorismo – já adotou as chicotadas psicológicas.

Assim vai o mundo.