Uma águia ferida


A gestão do dossiê Rui Vitória por Luís Filipe Vieira não podia ter sido pior. Tão má que Vieira – que até há bem pouco tempo tinha no Benfica uma posição inexpugnável – aparece hoje como uma águia ferida. Não ferida de morte, mas muito fragilizada.


Tudo começou quando Vieira deu o flanco e começou a prestar atenção às críticas feitas à equipa. Em vez de cortar o mal pela raiz quando começaram os lenços brancos, dizendo que Rui Vitória seria treinador até ao fim da temporada acontecesse o que acontecesse, Vieira foi sensível à contestação, aceitou demitir Vitória – e de um dia para o outro, durante a noite, arrependeu-se e voltou com a palavra atrás.

Para justificar a cambalhota, sentiu-se na necessidade de vir a público dar explicações, garantindo formalmente que – salvo factos excecionais – Rui Vitória se manteria até ao fim da época. Ora, à primeira derrota, Vitória foi despedido. Pergunto: uma derrota é um facto excecional? Ou é um percalço normal no futebol? Facto excecional seria, por exemplo, uma doença, um acidente, um conflito grave com os jogadores. Uma derrota não é. Daqui resulta que Rui Vitória continuava na corda bamba apesar do que Vieira dissera – e que este sentiu que, se teimasse em mantê-lo, a sua própria posição começaria a estar em risco. A paciência dos sócios começava a esgotar-se.

Luís Filipe Vieira geriu, pois, pessimamente esta questão. Todos estes avanços e recuos mostraram um homem indeciso, confuso, hesitante – e isso é o pior que um presidente pode deixar transparecer.

Um presidente pode ser teimoso. Mas ser num dia teimoso e no dia seguinte desdizer-se e voltar atrás na decisão tira-lhe completamente a autoridade.

Falando agora no futuro, dois dos nomes que surgiram para treinar o Benfica, José Mourinho e Jorge Jesus, seriam enormes erros. Poderiam ser mesmo erros fatais para Vieira. Um e outro já estiveram no clube e dariam a impressão de um voltar atrás. De que já não existem mais ideias. De que o projeto está esgotado.

E para os próprios também não seria bom. Mourinho daria um péssimo sinal se viesse meter-se em Portugal. E Jesus deve terminar a época no Al Hilal (que apostou muito nele e lhe deu quase tudo o que ele pediu) e depois ver os convites que tem.

De qualquer forma, para Jesus, o melhor será ou o regresso ao Sporting – onde deixou o projeto a meio e poderia regressar para terminar o trabalho abruptamente interrompido – ou um ingresso no FC Porto, se Sérgio Conceição decidir sair. Caso contrário, deve fazer um ano sabático ou continuar mesmo na Arábia Saudita, dependendo isso dos resultados que conseguir.

A propósito, a instabilidade que tem havido à sua volta (e que ele alimentou, dando várias entrevistas a jornalistas portugueses) não é benéfica para ele nem para o clube que o contratou a peso de ouro – e que não merecia este tratamento.


Uma águia ferida


A gestão do dossiê Rui Vitória por Luís Filipe Vieira não podia ter sido pior. Tão má que Vieira – que até há bem pouco tempo tinha no Benfica uma posição inexpugnável – aparece hoje como uma águia ferida. Não ferida de morte, mas muito fragilizada.


Tudo começou quando Vieira deu o flanco e começou a prestar atenção às críticas feitas à equipa. Em vez de cortar o mal pela raiz quando começaram os lenços brancos, dizendo que Rui Vitória seria treinador até ao fim da temporada acontecesse o que acontecesse, Vieira foi sensível à contestação, aceitou demitir Vitória – e de um dia para o outro, durante a noite, arrependeu-se e voltou com a palavra atrás.

Para justificar a cambalhota, sentiu-se na necessidade de vir a público dar explicações, garantindo formalmente que – salvo factos excecionais – Rui Vitória se manteria até ao fim da época. Ora, à primeira derrota, Vitória foi despedido. Pergunto: uma derrota é um facto excecional? Ou é um percalço normal no futebol? Facto excecional seria, por exemplo, uma doença, um acidente, um conflito grave com os jogadores. Uma derrota não é. Daqui resulta que Rui Vitória continuava na corda bamba apesar do que Vieira dissera – e que este sentiu que, se teimasse em mantê-lo, a sua própria posição começaria a estar em risco. A paciência dos sócios começava a esgotar-se.

Luís Filipe Vieira geriu, pois, pessimamente esta questão. Todos estes avanços e recuos mostraram um homem indeciso, confuso, hesitante – e isso é o pior que um presidente pode deixar transparecer.

Um presidente pode ser teimoso. Mas ser num dia teimoso e no dia seguinte desdizer-se e voltar atrás na decisão tira-lhe completamente a autoridade.

Falando agora no futuro, dois dos nomes que surgiram para treinar o Benfica, José Mourinho e Jorge Jesus, seriam enormes erros. Poderiam ser mesmo erros fatais para Vieira. Um e outro já estiveram no clube e dariam a impressão de um voltar atrás. De que já não existem mais ideias. De que o projeto está esgotado.

E para os próprios também não seria bom. Mourinho daria um péssimo sinal se viesse meter-se em Portugal. E Jesus deve terminar a época no Al Hilal (que apostou muito nele e lhe deu quase tudo o que ele pediu) e depois ver os convites que tem.

De qualquer forma, para Jesus, o melhor será ou o regresso ao Sporting – onde deixou o projeto a meio e poderia regressar para terminar o trabalho abruptamente interrompido – ou um ingresso no FC Porto, se Sérgio Conceição decidir sair. Caso contrário, deve fazer um ano sabático ou continuar mesmo na Arábia Saudita, dependendo isso dos resultados que conseguir.

A propósito, a instabilidade que tem havido à sua volta (e que ele alimentou, dando várias entrevistas a jornalistas portugueses) não é benéfica para ele nem para o clube que o contratou a peso de ouro – e que não merecia este tratamento.