Mendes ataca Rio e aponta à Presidência da República


Mas Marques Mendes não é apenas um comentador ao serviço de si próprio, pois tornou-se no “jornalista” político com mais informações


Marques Mendes deixou a política ativa há algum tempo, mas a política não saiu dele. Fartou-se de ganhar mal e fez-se à vida (profissional), conseguindo não um mas vários empregos. Está no seu direito e é mais do que legítimo que o faça – ao contrário daqueles que se mantêm no parlamento e inventam alcavalas para ganhar mais uns cobres.

Além dos conhecimentos que adquiriu enquanto governante e político, Mendes é um advogado conceituado que é uma mais-valia para as empresas onde trabalha. Independentemente disso, o antigo presidente do PSD – que foi corrido do lugar por Luís Filipe Menezes, quem diria – nunca perdeu o bichinho da política e aproveita os seus comentários televisivos para dizer o que lhe vai na alma. Mas Marques Mendes não é apenas um comentador ao serviço de si próprio, pois tornou-se no “jornalista” político com mais informações. Todos os domingos quem gosta de política, e não só, não prescinde de ver os seus monólogos na SIC onde vai dando as últimas sobre o meio político, económico, social e até desportivo.

Na última semana saiu-se da casca e disse de Rui Rio o que nem Luís Filipe Menezes se atreveria a dizer: que o atual presidente do PSD é irmão siamês de José Sócrates no que à tentação de controlar a Justiça e a comunicação social diz respeito. É óbvio que Mendes sabia que essa declaração ia cair que nem uma bomba no seu partido e que o país político não deixaria de a comentar. Sabia também que muitos pensam o mesmo de Rui Rio, um homem com tiques autoritários e que convive pessimamente com a crítica, restando agora saber se o atual presidente do PSD vai aconselhar Mendes a deixar o partido, à semelhança do que fez com outros militantes sociais-democratas.

Para Mendes isso até seria bom, pois jamais pensará voltar à liderança do partido, uma vez que na política nacional só há um cargo que lhe interessa: o de Presidente da República. E, para lá chegar, tem de ir começando a marcar território, tornando-se numa espécie de Marcelo Rebelo de Sousa, versão dois, que tanto bate à esquerda como à direita. Palco não lhe falta. 

P. S. Se assim não fosse, Mendes daria tantas entrevistas às revistas cor-de-rosa?