Nascido numa abastada família judia na Viena do final do séc. XIX, capital do Império Austro-Húngaro e referência cultural da época, Richard Joseph Neutra (o seu melhor amigo na escola era o filho de Sigmund Freud) emigrou para os Estados Unidos nos anos 1920, tornando-se cidadão americano em 1929. Estudou com Adolf Loos na Europa e trabalhou brevemente com Frank Lloyd Wright, e a simplicidade dos seus desenhos orgânicos é uma herança dessas primeiras influências.
“O meu marido era completamente vienense quando o conheci”, contou uma vez a mulher, “mas a América sempre o fascinou, especialmente Frank Lloyd Wright.”
Com uma carreira maioritariamente desenvolvida na Califórnia, Neutra combinava o modernismo da Bauhaus com as tradições do sul da Califórnia, em edifícios dramáticos, com superfícies planas de aparência industrial e integrados em ambientes cuidadosamente pensados. Habitualmente usava aço, vidro, betão armado e acabava tudo com estuque.
Num artigo escrito em 1947 para o “Los Angeles Times”, o arquiteto defendeu a ideia de um plano “pronto para qualquer eventualidade”. O seu conceito de “casa mutante” estava baseado num plano de espaço aberto e multifuncional para áreas de residência que seria flexível, adaptável e facilmente modificado para qualquer tipo de vida ou de acontecimento.
A partir do final dos anos 1940 e durante uma década, a parceria estabelecida com Robert Alexander permitiu-lhe projetar edifícios maiores, nomeadamente conseguir o convite para desenhar a nova embaixada dos Estados Unidos em Karachi, no Paquistão. A edificação sobreviveu à passagem da capital paquistanesa para Islamabad e desde 2012 é preservada como edifício histórico, listado no acervo de património arquitetónico do governo de Sind. A estrutura não pode ser demolida nem sofrer qualquer alteração externa.
Neutra, que morreu em Wuppertal, na Alemanha, em 1970, tinha estabelecido para si a missão de construir o biorrealismo, a integração da arquitetura na natureza em benefício da humanidade.
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