França. Polícia deteve coletes amarelos por fogo em portagem

França. Polícia deteve coletes amarelos por fogo em portagem


Os sindicatos da polícia francesa ameaçam avançar com protestos de coletes azuis


A polícia francesa deteve 17 pessoas na terça-feira depois de vários coletes amarelos terem incendiado uma portagem em Bandol, no sul de França. Há quase um mês que os coletes amarelos têm barricado estradas, ocupado portagens e protestado nos centros das principais cidades do país contra a degradação do poder de compra.
A portagem em Bandol estava ocupada pelos coletes amarelos há quase um mês, mas com a desmobilização dos protestos – no sábado passado participaram 66 mil coletes amarelos em todo país quando há 15 dias tinham sido quase 130 mil – a polícia decidiu começar a desmantelar as barricadas construídas nas semanas anteriores. Em desvantagem numérica face à polícia, os manifestantes foram retirados, mas retaliaram deitando fogo as portagens. Os coletes amarelos protestavam também contra a concessionária da autoestrada, a Vinci, por esta ter exigido o pagamento das portagens aos condutores que passaram sem pagar no último mês. As matrículas foram fotografadas quando os veículos passaram as portadas. 
O ministro do Ambiente francês, François de Rugy, disse que a Vinci terá grandes dificuldades em cobrar o dinheiro, com os prejuízos a recaírem sobre o Estado. “Na realidade, será sem dúvida o Estado a pagar a maior parte da conta… ou será passado aos motoristas por meio de tarifas”. 
A exigência da Vinci surge num momento em que o governo francês não se tem poupado a esforços e anúncios para diminuir a intensidade do movimento social. No início da semana passada, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou um aumento de 100 euros do salário mínimo nacional, o fim do aumento da segurança social nas pensões abaixo dos 2000 euros e o começo de um debate público sobre impostos e reformas económicas. A estratégia surtiu efeito, criando brechas entre os coletes amarelos: uns, mais radicais, querem continuar o protesto, enquanto outros preferem a via do diálogo. 
 A insatisfação mantém-se, com a popularidade de Macron a atingir mínimos históricos – 20%, segundo uma sondagem da Ipsos.  E, ontem, os sindicatos da polícia ameaçaram o governo  com o seu próprio movimento de protesto – os coletes azuis – por causa das condições laborais e de uma lei que corta o orçamento de segurança em 62 milhões de euros.
O sindicato Aliança desafiou Macron a investir mais nas forças de segurança – exigência que ganha força renovada com o papel da polícia no controlo dos protestos mais violentos dos coletes amarelos e com o atentado terrorista em Estrasburgo. “A polícia não está bem e ninguém está a ouvir”, disse Frédéric Lagache, do Aliança.