Turismo já representa 7,5% da economia e é uma das atividades que mais empregam

Turismo já representa 7,5% da economia e é uma das atividades que mais empregam


A hotelaria é o segundo maior empregador no turismo, mas não o que paga mais. Só este setor quase 10% no total do país e a tendência é para aumentar 


O turismo continua a dar cartas no nosso país e isso traduz-se no peso que a atividade tem na economia nacional. Os números falam por si: o valor acrescentado bruto (VAB) do setor – que mede o valor total da atividade – cresceu 6,6% em 2016 e 7,5% em 2017. Feitas as contas, a procura turística alcançou uma escala equivalente a 13,7% do produto interno bruto (PIB), tendo aumentado 14,5% face ao ano anterior, o que representa mais de 26,7 mil milhões de euros. Os dados foram revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a 2016 e perspetivas para 2017. 

As atividades que mais contribuíram para o VAB gerado pelo turismo foram os hotéis e similares (32,3%), os restaurantes e similares (22,7%) e as atividades não específicas (15,3%). Esse peso também se reflete no emprego. Quase um em cada dez trabalhadores portugueses exercem funções em atividades ligadas ao turismo e há cada vez mais trabalhadores por conta própria na área da hotelaria. Uma questão que ganha maior revelo com a expansão do alojamento local.

Em 2016, o setor turístico empregava mais de 488 mil pessoas, o que representa 9,5% do total de emprego em Portugal. Mas considerando apenas os trabalhadores a tempo completo, o turismo empregava quase 417 mil pessoas em 2016, o equivalente a 9,4% da população empregada em Portugal.

No entanto, o peso do emprego por conta própria também tem vindo a aumentar, registando um crescimento de 11% do total de trabalhadores na hotelaria, em 2014, para 14% em 2015 e para 17,7% em 2016. No conjunto do setor turístico, a proporção de trabalhadores por conta própria manteve-se praticamente inalterada neste período, estando agora nos 19,8%. O mesmo acontece no conjunto da economia nacional, onde o trabalho por conta própria representa cerca de 21% do total.

Segundo os dados do INE, o peso do emprego não remunerado “tem vindo a aumentar nos hotéis e similares, em sentido oposto ao que se tem observado nos restaurantes e similares”, o que, segundo o organismo “poderá ser parcialmente explicado pelo crescimento do alojamento local”.

Remuneração também sobe Não é só o peso do turismo que tem vindo a aumentar. A remuneração média também está a subir e o setor do turismo oferece uma remuneração média, por trabalhador, superior em 3,6% em relação ao conjunto da economia. Mas também aqui há diferenças consoante as áreas da atividade turística. A remuneração média por trabalhador foi mais elevada nos serviços auxiliares aos transportes (153,8%) e nos transportes de passageiros (144,1%). Já do lado oposto, as atividades com remuneração média mais baixa foram os restaurantes e similares (85,4%), os hotéis e similares (85,7%) e os serviços culturais (95,9%).

O INE concluiu que, em relação à informação disponível sobre países europeus, entre 2014 e 2016, a importância relativa da procura turística (CTTE), expressa pela sua relação com o PIB, foi mais elevada em Portugal (12,5%). Em termos de importância relativa do VAB gerado pelo turismo no VAB da economia nacional, Portugal ocupou a segunda posição (6,9% em 2016). Apenas a Espanha apresentou um resultado mais elevado, mas ainda assim muito próximo (7%). Já o país apresentou o terceiro registo mais elevado (9,4%), imediatamente atrás da Hungria (10%) e de Espanha (13%), em termos de importância relativa do emprego nas atividades características do turismo no total do emprego nacional.

Abrandamento já este ano O que é certo é que o turismo tem vindo a abrandar. De acordo com os últimos dados divulgados pelo INE, Portugal recebeu dois milhões de hóspedes e 5,4 milhões de dormidas em outubro. Estes valores representam um aumento de 0,7% e 0,1% respetivamente. Mais uma vez, são as dormidas dos residentes que registaram uma maior subida (mais 10,8%), pondo em segundo lugar os não residentes (3,2%), revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os proveitos totais registaram um crescimento de 2,6% (+1,2% face ao aumento de setembro) e atingiram os 332,1 milhões de euros, enquanto os proveitos de aposento cresceram 1,7% (+2,9% em setembro), correspondendo a 239,8 milhões de euros.

Apesar desta desaceleração, a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) continua otimista e acredita que o setor voltará a conseguir fechar o ano com uma “boa performance”, novos recordes nas receitas e estabilização das dormidas. “O turismo continuará a ser a maior atividade económica exportadora do nosso país e a principal fonte de financiamento da balança comercial”, diz a CTP.

De acordo com as contas da entidade, o setor deverá fechar o ano com cerca de 57 milhões de dormidas e 21 milhões de hóspedes. Já as receitas hoteleiras vão chegar facilmente aos 17 mil milhões de euros, o que significa uma subida homóloga de 12%.

A CTP destaca estes números “comprovam bem o excelente desempenho da nossa atividade, que reflete bem o esforço dos nossos empresários, a qualidade da nossa oferta e dos serviços turísticos prestados” e recorda que a trajetória ascendente começou já em 2013.

A estes dados soma-se o destaque que é dado aos passageiros que passaram pelos aeroportos nacionais, que este ano deverá chegar aos 27,4 milhões, mais 7% do que em 2017.