Roubo de Tancos. Militar no ativo entre os detidos pela PJ esta manhã

Roubo de Tancos. Militar no ativo entre os detidos pela PJ esta manhã


No Algarve foram presos os irmãos Pais, homens de confiança de João Paulino, o líder da associação criminosa


A Polícia Judiciária (PJ) detém oito suspeitos do furto de armas em Tancos.

A operação, desencadeada pela Unidade Nacional Contra o Terrorismo e pelo magistrado do DCIAP Vítor Magalhães, iniciou-se esta segunda-feira, pelas sete da manhã, com buscas domiciliárias aos elementos suspeitos de terem participado no assalto ao paiol da base militar a 28 de junho de 2017, na zona Sul e Centro do país.

Foram detidos autores morais e materiais, entre eles um militar no ativo.

O i sabe que no Algarve foram presos os irmãos Pais, homens de confiança de João Paulino, o líder da associação criminosa.

As diligências foram feiras no âmbito do inquérito que investiga as circunstâncias em que ocorreu o furto de material de guerra, entre a noite do dia 27 e a madrugada do dia 28 de junho de 2017, no paiol de Tancos.

“Em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes”, informou a PJ, através de comunicado a que o i teve acesso.

Na operação participaram três magistrados do Ministério Público e oitenta e cinco investigadores.

“Os detidos serão presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para aplicação das medidas de coação”, adiantou ainda a PJ, que fez questão de sublinhar que o inquérito “encontra-se em Segredo de Justiça”.

 

Material não foi todo recuperado

Recorde-se que o desaparecimento de uma grande quantidade de material militar, incluindo armas e munições, do paiol de Tancos foi tornado público no dia 28 de junho de 2017. Em outubro, do mesmo ano, as armas viriam a ser encontradas num terreno na zona da chamusca. Recentemente verificou-se, através de uma lista entregue no parlamento, que nem todo o material foi recuperado.

Em setembro de 2018, a Polícia Judiciária anunciou uma investigação às circunstâncias do reaparecimento das armas, tendo em conta a suspeita de encenação envolvendo elementos da GNR e da Polícia judiciária Militar, que poderiam estar a encobrir os autores do furto.

No âmbito da operação foram feitas várias buscas e detenções, incluindo o então diretor da PJM, coronel Luís Vieira.

De recordar que tinham sido abertos dois inquéritos, um para investigar o roubo do armamento militar, conhecido a 29 de junho de 2017, e mais tarde foi instaurado um novo inquérito sobre a alegada encenação do aparecimento das armas num terreno na Chamusca, a 18 de outubro, três meses e meio depois.

No entanto, os processos-crime sobre o roubo dos paióis de Tancos e sobre o aparecimento das armas militares, inicialmente separados em dois inquéritos autónomos, foram juntos num só processo, por decisão do Ministério Público.

O chamado caso Tancos, que engloba o roubo mas também o aparecimento, já levou à saída do então ministro da Defesa Azeredo Lopes, entretanto sucedido por João Gomes Cravinho, e do chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte, já substituído por Nunes da Fonseca.

 

Comissão vai reunir-se duas vezes por semana

A comissão de inquérito ao furto de material de militar de Tancos vai começar as audições no início do próximo ano.

Ao todo, a comissão irá ouvir, até maio de 2019, 63 personalidades e entidades, incluindo o primeiro-ministro António Costa, cujo depoimento será feito por escrito.

Serão realizadas duas reuniões por semana, segundo o calendário acordado, divulgado.

Um membro da comissão adiantou que após a semana do Natal, os deputados vão também fazer visitas a Tancos e ao Campo Militar de Santa Margarida, para onde foi transferida grande parte do material após o furto, em junho de 2017.

Sublinhe-se que esta comissão parlamentar, cujos trabalhos foram iniciados a 14 de novembro, pretende "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", desde a data do furto ao tempo presente, para "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".

O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi tornado público a 29 de junho de 2017.

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