Portugal. As manifestações que ficaram na História

Portugal. As manifestações que ficaram na História


Hoje, a maior parte das manifestações são marcadas nas redes sociais. Mas antes da era digital já tinham acontecido grandes protestos que marcaram a história de Portugal. Recorde a celebração do 1.º de Maio depois do 25 de Abril, a primeira manifestação feminista ou o buzinão na Ponte 25 de Abril. Mais recentemente foi a…


1.º de maio depois do 25 de abril
(1 de maio de 1974)

A celebração do 1.º de Maio de 1974, apenas uma semana depois da revolução do 25 de Abril, permanece ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa. De norte a sul do país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua para festejar duas coisas: a liberdade conquistada recentemente com o 25 de Abril e o Dia do Trabalhador, uma comemoração que o Estado Novo tinha banido. Foi a primeira e única vez que Mário Soares e Álvaro Cunhal estiveram juntos numa manifestação. Nesse mesmo dia, Mário Soares, na altura secretário-geral do PS, discursou e pediu o julgamento de Américo Tomás, Presidente da República deposto, e de Marcello Caetano, primeiro-ministro afastado no 25 de Abril.

Mulheres na rua
(13 de janeiro de 1975)

A primeira manifestação feminista em Portugal aconteceu a 13 de janeiro de 1975, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. O protesto foi marcado pelo Movimento de Libertação das Mulheres e pretendia lutar contra os símbolos da opressão das mulheres que ainda persistiam em Portugal depois do 25 de Abril. A manifestação foi descrita por muitos como uma queimada de sutiãs, mas quem participou e assistiu garante que isso não aconteceu. O protesto reuniu dezenas de mulheres. Contudo, foram os homens que marcaram presença em maior número, atraídos pela curiosidade em torno do que tinha sido antevisto. Depois desse dia, já foram agendadas várias outras manifestações feministas para recordar o momento histórico.

Secos e Molhados
(21 de abril de 1989)

Foi há quase 30 anos que se realizou a manifestação de polícias que ficou conhecida por “Secos e Molhados”. A 21 de abril de 1989, os polícias concentraram-se na Praça do Comércio, em Lisboa, para exigir a liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa e melhores vencimentos e condições laborais. A manifestação acabou em confrontos, com o Corpo de Intervenção da PSP a lançar jatos de água – daí o protesto ter ficado conhecido como “Secos e Molhados” – e a usar bastões para dispersar o protesto dos polícias. Uma delegação de seis agentes, que estava dentro do Ministério da Administração Interna para entregar um caderno reivindicativo, acabou detida.

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Buzinão na ponte
(24 de junho de 1994)

No dia 24 de junho de 1994, o país assistiu a um megabuzinão na Ponte 25 de Abril, em Lisboa. O protesto ficou conhecido como um dos maiores movimentos de desobediência civil da história portuguesa. Naquele dia, as portagens passariam de 100 para 150 escudos e o lucro serviria para financiar a construção da futura Ponte Vasco da Gama. E tudo começou com uma manifestação de camionistas contra essa alteração. Mas os ânimos exaltaram-se e o protesto acabou por se transformar numa verdadeira batalha campal entre camionistas, automobilistas e polícia. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo um jovem de 18 anos que ficou paraplégico. Há quem defenda que o protesto levou ao início do fim do governo de Cavaco Silva.

Que se lixe a troika 
(2 de março de 2013)

Assim como o movimento dos coletes amarelos, o movimento “Que se lixe a troika” também começou nas redes sociais. Depois de conseguir milhares de apoiantes no Facebook, o grupo decidiu convocar um protesto em várias cidades do país e do estrangeiro para exigir uma mudança em Portugal e protestar contra as medidas de austeridade do governo e da troika. Segundo a organização, foram mais de um milhão e meio de pessoas que saíram à rua para gritar “basta de austeridade” e pedir a “demissão” do governo de Passos Coelho. O protesto estendeu-se a cerca de 40 cidades portuguesas e estrangeiras. A cantiga de José Afonso emblemática na Revolução dos Cravos de 1974 foi o mote do protesto. Só em Lisboa estiveram presentes 800 mil pessoas.

Taxistas vs. Uber
(19 a 26 de setembro de 2018)

Os taxistas estiveram uma semana, de 19 a 26 de setembro deste ano, em protesto contra a entrada em vigor da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte privado de passageiros, como a Uber, a Cabify, a Taxify e a Chauffeur Privé. Exigiam que a lei em causa fosse suspensa e que o Tribunal Constitucional se pronunciasse sobre a sua constitucionalidade. Os taxistas realizaram concentrações em Lisboa, Porto e Faro, mantendo os táxis parados na via pública e dificultando o trânsito nas cidades. No dia 26 de setembro concentraram-se em frente da Assembleia da República, onde se realiza o debate quinzenal com a presença do primeiro-ministro. Decidiram desmobilizar nesse dia, quando o PS prometeu transferir as competências de licenciamento para as câmaras municipais.