A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), responsável pela regulação dos serviços de abastecimento público de água, gastou no ano passado 1,6 milhões de euros em fornecimentos e serviços – entre os quais, mais de 800 mil euros em estudos e consultoria. Os números foram avançados no mais recente relatório de contas da entidade (2017), que revela que, nesse ano, a empresa obteve vendas no valor de 7,4 milhões euros – provenientes, nomeadamente, de taxas e contraordenações -, das quais retirou mais de 1,8 milhões de euros de lucro.
As vendas da ERSAR são obtidas principalmente de taxas de regulação e da taxa de controlo da qualidade da água, que são pagas por entidades gestoras. As entidades gestoras, por sua vez, cobram essas taxas aos consumidores finais.
800 mil euros em estudos e consultoria Entre os gastos mais expressivos da entidade, mais de 800 mil euros foram destinados a estudos e consultoria externa. O atual conselho de administração da ERSAR, nomeado em abril de 2015 pelo conselho de ministros, é constituído, além do presidente, Orlando Borges, e do administrador Paulo Lopes Macedo, pela administradora Ana Barreto Albuquerque, que foi diretora executiva do Nova Finance Centre da Nova School of Business and Economics – um centro de investigação, formação e serviços – entre setembro de 2013 e março de 2015, tendo abandonado o cargo no mês anterior à entrada na administração da ERSAR, conforme confirmou ao i a Nova, constando a informação também no Linked-In de Ana Albuquerque.
A pesquisa do i na plataforma de contratação pública (BASE) levanta algumas suspeitas quanto à agora administradora. Se é certo que a ERSAR adjudicou ao longo do tempo vários estudos à Universidade Nova – alguns por ajuste direto – e uma percentagem significativa dos estudos, ao longo dos anos, foram pedidos à instituição, também é certo que a solicitação de serviços não terminou com a chegada à administração da ERSAR da antiga diretora executiva do Nova Finance Centre da Nova School of Business and Economics.