Socialistas de papel

Socialistas de papel


À imagem dos governos de José Sócrates, antigo e aclamado líder da grande maioria dos membros do atual governo, primeiro-ministro incluído, este governo continua a pedir dinheiro emprestado e a usá-lo de forma propagandística, sem demonstrar qualquer tipo de responsabilidade e visão estratégica quanto à economia portuguesa


Portugal é o exemplo a seguir na Europa. A conclusão demagógica e eleitoralista é oriunda do congresso dos socialistas europeus que decorreu no ISCTE-IUL na passada semana. A propósito destas afirmações que nada valem, é bom que em Portugal nos deixemos de ilusionismos e tenhamos todos a consciência de que o nosso país não é exemplo a seguir em substância de evolução civilizacional no que a temas socioeconómicos diz respeito e, nessa matéria, os socialistas portugueses são apenas socialistas de papel. Este é o país onde o Estado continua a atingir recordes de endividamento e onde o dinheiro dos outros é usado para maquilhar uma realidade escondida. À imagem dos governos de José Sócrates, antigo e aclamado líder da grande maioria dos membros do atual governo, primeiro-ministro incluído, este governo continua a pedir dinheiro emprestado e a usá-lo de forma propagandística, sem demonstrar qualquer tipo de responsabilidade e visão estratégica quanto à economia portuguesa. Um destes dias comparei as magníficas decorações de Natal que a CML adquiriu para a capital com o estado decrépito do Hospital de São José. É este o resultado de boys a tomar conta dos destinos do país. São socialistas de papel que ao longo das suas vidas colocam em causa, pelas suas ações, os princípios doutrinários que em teoria e no papel defendem. Hipocrisia pura. Como se pode considerar exemplo europeu o país onde os socialistas discutem em 2018 a introdução ou não de um salário mínimo de 600 euros? Como se vive com 600 euros? Essa deveria ser a questão. Considero que quem não conseguir pagar 1000 euros não tem condições para poder contratar. Que exemplo europeu dão os parceiros do Bloco de Esquerda quando, nas horas vagas, se dedicam a fazer nas suas economias privadas exatamente o contrário daquilo que no papel e no discurso defendem? Qual exemplo europeu? Que exemplo europeu dão os deputados intrujões que nem sabemos que elegemos quando, de forma mesquinha, aldrabam as presenças; os secretários de Estado que alteram moradas de forma fictícia para acederem a subsídios adicionais; e tantas outras pequenas e grandes intrujices que acompanham constantemente os noticiários. Que exemplo europeu dá o país onde ter a bandeira nacional hasteada é ilegal? Onde estão os políticos de essência social-democrata? Onde para a decência, o rigor, o empenho e a ambição para Portugal?

A esquerda de papel precisa de oposição séria e credível que emane uma visão exemplar de evolução civilizacional no que a matérias socioeconómicas diz respeito. Aproveito e coloco aqui algumas propostas verdadeiramente sociais-democratas, íntegras e adequadas à construção de um tempo novo, devidamente enquadrado com a humanidade necessária à evolução civilizacional atualmente exigida pelos cidadãos europeus. Salário mínimo de 1000 euros, presença de um membro representante dos trabalhadores nas administrações das empresas, distribuição obrigatória dos resultados das empresas pelos acionistas, gestores e trabalhadores. Estas são propostas adequadas à civilização ocidental do séc. xxi. Se pretende ser exemplo, Portugal terá de ir muito além do que ultimamente por cá se vê.

 

Meritocrático social-democrata

Gestor, professor da Escola de Gestão do ISCTE/IUL

Subscritor do “Manifesto: Por Uma Democracia de Qualidade”