Os partidos acusam o governo de ter uma atitude “arrogante” ao manter negociações de “farsa” com os professores.
Esta é a opinião do BE, do PSD e do CDS, que discutiram ontem com o Presidente da República o braço de ferro entre os professores e o governo, por causa do tempo de serviço congelado. Um dia antes de conversarem com Marcelo Rebelo de Sousa sobre o assunto, os ministérios da Educação e das Finanças convocaram à última hora os professores para uma reunião negocial que começou e terminou em 2h30, sem qualquer nova proposta em cima da mesa. Desta forma, o governo entende que foi cumprida a norma aprovada pelo parlamento que força o executivo a novas negociações com os docentes.
A deputada bloquista Joana Mortágua diz ao i que o partido mantém a intenção de chamar ao parlamento o decreto-lei do governo – que reconhece apenas dois anos, nove meses e 18 dias aos professores – para que se encontre uma solução que todo o tempo de serviço congelado seja considerado. No total são nove anos, quatro meses e dois dias. A mesma intenção tem o PCP.
Já a deputada do PSD Margarida Mano diz que é necessário ver primeiro o que está no decreto-lei, frisando que, para os sociais-democratas, cabe ao governo, e não ao parlamento, encontrar a solução para reconhecer aos professores todo o tempo de serviço congelado. Rui Rio diz que está preocupado com a “ausência de paz social”, provocada pela multiplicação das greves.
Também o CDS acusa o governo de “simulacro de negociações” com os professores e de desrespeito pelo Presidente da República, por não ter aguardado a promulgação do Orçamento de Estado.
Segundo a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, as negociações da última quarta-feira foram “uma imensa hipocrisia política”, além de “um grande desrespeito institucional e de falta de cumprimento material de uma lei que ainda nem sequer entrou em vigor”.
O PS optou por não tomar qualquer posição. Mas, Carlos César aproveitou para lembrar que o executivo foi “estimulado” pelo parlamento para reatar negociações com os sindicatos.
Os professores estiveram ontem numa nova ação de protesto com cerca de 150 docentes a manifestarem-se à porta da Presidência do Conselho de Ministros, onde entregaram 20520 postais a defender o investimento na Educação e o apoio à recuperação do tempo de serviço.