Nasci em São João da Madeira, que faz parte do distrito de Aveiro mas é um dos concelhos da grande Área Metropolitana do Porto e da sub-região do Entre Douro e Vouga.
Vivi durante 18 anos nesta cidade e, sinceramente, nunca senti qualquer ligação a Aveiro. Acho-a uma cidade muito bonita, com tradições ótimas e uma gastronomia ainda melhor. No entanto, nada tem a ver com São João da Madeira.
Quando era miúdo, muito antes de haver centros comerciais na cidade, íamos ao cinema ao Porto. Quando queríamos comprar roupa, também íamos ao Porto. Quando os meus colegas foram para a faculdade, a maioria foi para o Porto. Quando íamos a concertos, íamos ao Porto. Quando havia um problema de saúde complicado, ia-se ao Hospital de São João, no Porto. Quando queríamos ver as luzes de Natal, íamos aos Aliados, no Porto. O meu pai, tal como os pais de vários amigos, trabalhava no Porto.
Se há tema que me faz confusão é o facto de os eleitores de São João da Madeira estarem a eleger os deputados de Aveiro. Não seria muito mais simples passarmos a ter círculos uninominais, onde as pessoas elegem representantes que realmente são da sua terra, que conhecem a sua zona e que não são escolhidos pelas direções partidárias de Lisboa? Não faria muito mais sentido – usando o exemplo de São João da Madeira – existir um único deputado que representasse os eleitores, por exemplo, desta cidade e dois ou três concelhos vizinhos?
Como se tudo isto não bastasse, será que precisamos mesmo de ter tantos deputados? É realmente imprescindível um parlamento cujos eleitores não conhecem 90% dos nomes que o integram? Está na hora de a política deixar de ser um sorvedouro dos cofres públicos e passar a estar verdadeiramente ao serviço dos cidadãos.
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