Libertadores. Final exportada para Madrid sob fortes medidas de segurança

Libertadores. Final exportada para Madrid sob fortes medidas de segurança


Tinha sido mais bonito ver a 2.ª mão da final no Monumental de Buenos Aires. Mas o ataque ao autocarro do Boca Juniors obrigou a uma mudança de planos. Depois de vários adiamentos e indecisões, o Bernabéu foi o estádio escolhido para acolher o superclássico argentino. O jogo decisivo é no domingo


Se tudo tivesse corrido como previsto, o vencedor da Libertadores já seria conhecido há cerca de duas semanas – desde o dia 24 de novembro. Contudo, aquele sábado não veria manchetes com o resultado da 2.ª mão da final da Champions sul-americana, disputada pela primeira vez na história entre o River Plate e Boca Juniors, colossos argentinos que têm fama pela rivalidade que alimentam, por muitos considerada a maior do mundo.

Foi, aliás, esta rivalidade que mudou o rumo dos acontecimentos. Depois do empate a duas bolas no La Bombonera, o ataque dos adeptos dos millonarios ao autocarro do clube de Buenos Aires, a CONMEBOL anunciou que a partida iria começar mais tarde. Depois, já com as bancadas do Monumental a ferver, chegaria nova decisão: o jogo seria adiado para domingo. Mas já dia 25 de novembro, o emblema xeneize deixou clara a posição de que não iria entrar em campo e que recusava jogar com o River. Os seus atletas ainda não tinham superado o trauma sofrido.

Um dos jogadores feridos no ataque, Pablo Pérez, chegou a afirmar: “não vou jogar num estádio onde posso morrer”. O Boca exigia condições de igualdade e a CONMEBOL cancelou, mais uma vez, o encontro. Os xeneizes lembravam ainda o episódio de 2015, altura em que o clube foi desclassificado da prova depois de os seus adeptos terem atirado gás pimenta para os jogadores do River Plate na partida dos oitavos-de-final.

Final exportada para Madrid Após uma reunião entre o presidente do organismo que rege o futebol sul-americano e os presidentes dos dois clubes, ficou a saber-se que o jogo iria mesmo realizar-se, mas no fim de semana de dia 8 e 9 de dezembro.

Quando se pensava que havia, por fim, uma decisão unânime, o dirigente dos xeneizes voltou a reforçar a posição do Boca. Mais: admitiu recorrer até “às últimas instâncias” para a sua equipa ser declarada campeã desta edição da prova sem sequer precisar de entrar em campo. Muitas foram, de resto, as vozes que partilharam da mesma opinião. O técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari e o ex-jogador argentino Diego Maradona foram duas das figuras do futebol mundial a colocarem-se ao lado do Boca Juniors, lembrando que há um regulamento que tem que ser cumprido de forma igual para todos os clubes.

Do outro lado, o líder dos millonarios contra-atacava. “Porque não querem jogar? Não somos assim tão bons. Podem ganhar-nos!”, ironizava, em resposta ao seu homólogo do Boca, mostrando-se ainda preocupado com a imagem que os dois clubes poderiam estar a passar do futebol argentino.

Mas ainda na semana passada seria confirmada a data e anunciado o local. Data: 9 de dezembro. Destino: Madrid. Estádio: Santiago Bernabéu. Depois de muitos clubes se terem oferecido para receber o superclássico argentino, o estádio dos merengues acabou por ser o reduto eleito pela CONMEBOL.

Clubes indignados Após o anúncio do local onde seria disputada a 2.ª mão da final, nenhum dos clubes se mostrou satisfeito. O River sacudiu a água do capote em relação ao papel do clube nas questões de segurança e adiantou que a decisão “prejudica quem adquiriu os bilhetes” e “afeta as condições de igualdade”. “A responsabilidade pelas falhas de segurança de dia 24, ocorridas fora do perímetro do evento foram – além de pública e notoriamente – assumidas abertamente pelas mais altas autoridades do Estado”, lê-se no comunicado emitido pelos millonarios.

Da parte do Boca, o jogador Carlos Tévez admitiu que “é estranho jogar um River-Boca em Madrid”. O avançado que foi, de resto, um dos mais revoltados na falta de sanção ao clube adversário, disse que, neste momento, é importante não perder o foco “no que vai acontecer no jogo”.

River Plate e Boca Juniors iniciaram esta quinta-feira a preparação em Madrid. Apesar da grande distância, a segurança continua a ser a questão central deste encontro, com um amplo dispositivo que se irá manter até ficar concluída a 2.ª mão da final.

O líder da claque organizada do Boca Juniors acabou mesmo por ser deportado para a Argentina mal chegou a Madrid. Trata-se de “um dos barra-bravas [líderes de claque] mais significativos e perigosos e com numerosos antecedentes”, explicou à AFP um porta-voz da polícia espanhola.

Recorde-se que este será o último ano em que a final da Taça Libertadores será disputada a duas mãos. Em 2019, a Champions sul-americana conhecerá o vencedor em apenas um jogo, que será disputado em campo neutro.

A equipa que sair vitoriosa do Bernabéu, refira-se, será o representante sul-americano no Mundial de Clubes, que arranca a 12 de dezembro. De acordo com a imprensa internacional desportiva, em caso de vitória, o Boca faz questão de viajar até Buenos Aires, para festejar o título, antes de seguir para os Emirados Árabes Unidos. O River, por sua vez, permanecerá na capital espanhola até voar para Abu Dhabi.