Boicote à Eurovisão em Israel: a esquerda portuguesa está rendida à xenofobia da extrema-direita


Como Israel é um aliado dos EUA – como qualquer democracia saudável e com vitalidade o é –, os comunistas e trotskistas “vencidos da vida” entretêm-se a apelar à sua destruição


1. E a história repete-se: um grupo de artistas portugueses publicou um manifesto a apelar ao boicote à participação de Portugal na próxima edição da Eurovisão. Razão: a Eurovisão 2019 realizar-se-á em…Telavive. Os nossos amigos do movimento em defesa dos direitos do povo palestiniano, já entediados pela prolongada inactividade dos últimos meses, lá resolveram dar uma singela manifestação da sua existência – e alguma comunicação social portuguesa não se coibiu de publicar pela enésima vez o mesmo chorrilho de banalidades, lugares comuns, frases feitas, enfim, o mesmo texto que estes artistas já tinham tornado público por ocasião da Eurovisão cá em Portugal, que por sua vez já tinha sido o mesmo texto publicado por ocasião do concerto de David D’or em Lisboa, que por sua vez já tinha sido o mesmo texto publicado por ocasião da legítima defesa exercida por Israel a lançamento de rockets pelo Hamas que acabara mesmo por vitimar cidadãos israelitas inocentes… ufa! A repetição de ideias e a propagação reiterada do ódio contra o mesmo alvo de sempre (Israel, claro, que comete o pecado capital de ousar ser uma democracia em região dominada por totalitarismos confessionais, que é o único fétiche da esquerda radical que ainda resiste!) já cansa.

 

2. E já ninguém leva a sério, como se comprova pelo efeito prático da última campanha de boicote levada a cabo por este conjunto (poucochinho) de artistas: Neta, a candidata israelita na edição do certame musical europeu realizada em Lisboa, triunfou, apesar dos panfletos, das grandes proclamações líricas do “esquerda.net”, das mensagens de ódio lançadas nas redes sociais pela esquerda radical. Em vez de desmobilizar os portugueses, a campanha de boicote a Israel teve exactamente o efeito contrário: convenceu muitos portugueses (e europeus em geral) a votar a favor da candidata israelita, apesar de o estilo musical não ser propriamente o mais apelativo para muitos. O povo português – ao invés do que as elites julgam – é deveras inteligente e sábio; donde, sempre que o Bloco de Esquerda apela a determinado actuação, o povo português acaba por fazer rigorosamente o contrário. Só os jornais do regime socialista –é que se divertem a dar palco aos “soixant-huitards” que nunca se encontraram com a história. Que julgam que Estaline era, de facto, um verdadeiro pai do povo, distribuindo amor e carinho. E que não se importam –hélas! – de se aliar ao terrorismo radical para lutar contra todos os que eles reputam como “aliados do imperialismo americano”. Como Israel é um aliado dos EUA – como qualquer democracia saudável e com vitalidade o é –, os comunistas e trotskistas “vencidos da vida” entretêm-se a apelar à sua destruição.

 

3. Estes artistas – que se consideram os paladinos dos direitos dos palestinianos – não fazem, na verdade, a mínima ideia de como vivem os palestinianos, nem como funciona o regime vigente nesse país. Querem defender os palestinianos? Então convidamos a Maria do Céu da Guerra a conhecer a dura realidade das crianças palestinianas, que, desde tenra idade, são obrigadas a preparar-se para a guerra. Que são treinadas como verdadeiros militares, cuja vida é desprovida de qualquer valor. Na verdade, as crianças palestinianas são encaradas como mero material de guerra, como qualquer arma ou míssil. Isto sim – viola os direitos dos palestinianos. E o que dizem os nossos queridos artistas portugueses sobre esta elementar chocante violação dos direitos humanos, dos mais fracos e vulneráveis? Rigorosamente nada. Por desconhecimento, por ignorância ou por fanatismo, preferem o silêncio cobarde – ou a construção de narrativas de ódio contra Israel.

 

4. Querem defender os direitos do povo palestiniano? Manifestem-se contra a preponderância dos terroristas do Hamas na condução dos destinos políticos da Palestina. Critiquem o papel submisso da mulher e a negação da sua dignidade que é promovido pelos terroristas do Hamas, força política liderante na Palestina. Insurjam-se contra a corrupção da elite política palestiniana, que vive no mais ostensivo luxo enquanto condena o seu povo a um futuro (e presente) sombrio, de guerra, de destruição e de ódio. Querem mesmo – sublinhamos, “mesmo” – defender o povo Palestiniano? Então, exijam à ONU – e ao nosso António Guterres que, por vezes, parece confundir a ONU com a Internacional Socialista – que cessem a atribuição de recursos financeiros à Palestina para a educação que são desviados para a propaganda ao terrorismo (o que é, aliás, é crime de acordo com a legislação da maioria dos países democráticos). Parem o financiamento ao terror – e fiscalizem o dispêndio rigoroso do dinheiro da ONU para programas que visem efectivamente a melhoria dos direitos do povo palestiniano.

 

5. Na verdade, cumpre formular a seguinte questão: se estes artistas portugueses querem mesmo defender os direitos dos palestinianos, de que vale apelar ao boicote a Israel? Boicotar Israel melhora os direitos dos palestinianos? As crianças que são sujeitas a tratamentos indecorosos, que são utilizadas como armamento de guerra, vão deixar de o ser se Israel for boicotado? Claro que não. As mulheres, a quem é negada a respectiva (e inata) dignidade, ficarão melhores? Não… O que nos conduz à conclusão de que estes artistas não querem defender os palestinianos (que porventura não sabem quem são, nem sequer localizar no mapa ou explicar sumariamente a sua história e o seu actual contexto político): pretendem , tão somente, destruir Israel. O povo palestiniano pode morrer na mais profunda miséria, económica e moral – desde que Israel desapareça (literalmente!) do mapa, estes artistas portugueses (que não dariam para encher o restaurante Galeto) ficarão muito felizes.

 

6. O que é então o movimento de defesa dos direitos do povo palestiniano? Apenas e só um movimento de destruição e aniquilação de Israel. O que os move não é a solidariedade ou a amizade à Palestina; é o ódio e o fanatismo contra Israel. Enfim, o comunicado que apela ao boicote escrito por um grupo de artistas portugueses poucochinho – é um comunicado sem nota artística.

 

joaolemosesteves@gmail.com, Escreve à terça-feira