Tancos. António Costa vai depor por escrito em inquérito

Tancos. António Costa vai depor por escrito em inquérito


Partidos entregaram dezenas de pedidos de audição para apurar responsabilidades no caso do roubo e recuperação de armas ao caso de Tancos


O primeiro-ministro vai depor por escrito na comissão de inquérito parlamentar sobre o furto de material de guerra em Tancos.  O pedido consta da lista de audições dos socialistas, mas também do CDS, o primeiro a anunciar que pretendia ouvir António Costa sobre tudo o que sabe deste caso,  do furto à recuperação de material de guerra.

 Os socialistas anteciparam-se ao CDS na divulgação do pedido, e insistem que Costa deve falar por escrito, uma prerrogativa que a lei prevê para chefes de governo e, em último lugar, segundo a ordem cronológica distribuída aos jornalistas.  Já o CDS é omisso sobre o cenário de Costa responder por escrito, convergindo apenas num ponto: o primeiro-ministro deverá ser ouvido em último lugar, num rol de quarenta e cinco nomes.

Na lista de audições entregues no Parlamento, tanto o PS, como o Bloco de Esquerda incluíram responsáveis políticos do anterior executivo, designadamente, o anterior ministro da Defesa, Aguiar-Branco.

Os socialistas solicitaram ainda audições dos atuais e anteriores Chefe de Estado- Maior General das Forças Armadas, e do Chefe de Estado-Maior do Exército, além de comandantes de Logística, de Forças Terrestres e responsáveis do paiol de Tancos desde 2014.

No cruzamento de lista de personalidades a ouvir, o general Rovisco Duarte, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, e os responsáveis da Polícia Judiciária Militar, mas também o principal suspeito do furto das armas, o ex-fuzileiro João Paulino, estão incluídos. Mais, todos os dez arguidos da operação Húbris, deverão ser chamados à Assembleia da República.

O PSD quer ainda ouvir três ministros no ativo: João Gomes Cravinho, da Defesa, Francisca Van Dunem, da Justiça, Eduardo Cabrita, do Ministério da Administração Interna, além do ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes. A anterior procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, e a sua sucessora, Lucília Gago, também serão chamadas ao inquérito, tal como os responsáveis máximos dos serviços de informação e a Secretária-Geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda.

Os deputados do PSD pediram ainda uma visita a Tancos, “com vista a ter contacto presencial com o local onde terá ocorrido o furto do material de guerra”.

O PCP foi o partido que apresentou menos personalidades. Ao todo são três: tenente-general do Exército (Reserva) – AntóFaria de Menezes ,ex-Comandante da Logística, tenente-general do Exército (Reserva), Antunes Calçada (ex-Comandante do Pessoal) e o capitão da Força Aérea, João Bengalinha (oficial-investigador na PJM). A razão é simples. Os demais partidos apresentaram nomes de personalidades a ouvir, em sede de inquérito, que os comunistas também pretendem chamar e que se cruzam nas listas dos vários partidos.

 Os bloquistas são os únicos a incluir as três associações sócio-profissionais de militares com um objetivo: obter um diagnóstico dos seus representantes sobre este caso.

O CDS acrescenta ainda dois nomes: o ex-assessor militar no gabinete do primeiro-ministro, vice-almirante Monteiro Montenegro, e o atual, major-general Tiago Vasconcelos.

O inquérito decorre em paralelo com a investigação ao caso, razão pela qual amanhã, os deputados da comissão de Defesa decidirão o destino da documentação enviada ao Parlamento pela procuradoria-geral da República (PGR): se transita para o inquérito ou regressa à origem, o Ministério Público.

A PGR disse ao i que as investigações ainda decorrem, existem 10 arguidos constituídos e os processos sobre o caso “foram apensados”, ou seja juntos.