Óscares do turismo: prémios para uma realidade paralela


Portugal é o melhor destino do mundo?


Portugal está na moda e os prémios para o turismo português têm-se tornado um hábito nestes últimos anos. Olhando para as redes sociais, sobretudo, percebe-se que há quem vibre imenso com isso: nem são pessoas do setor ou que de alguma forma beneficiem com as distinções, mas portugueses anónimos que gostam de ver o nosso país ser reconhecido lá fora e deliram com tudo quanto é vitória nacional.

Este fim de semana, nos World Travel Awards – que há quem diga que são os óscares do turismo –, tiveram motivos para celebrar: Portugal conquistou nada menos do que 16 distinções. A mais importante foi sem dúvida a de melhor destino do mundo. Mas houve outras.

Olhando para alguns dos prémios percebemos no entanto que foram para lugares que não estão propriamente ao alcance das bolsas de qualquer um. Qual a percentagem de portugueses que pode aspirar a dormir uma noite em hotéis como o Conrad Algarve, o The Vine, no Funchal, o Olissipo Lapa Palace ou o Corinthia em Lisboa? Quantos poderão dar-se ao luxo de poder desfrutar de uma refeição no luxuoso Vila Joya, considerado o “world’s leading fine dining hotel restaurant 2018”?

Evidentemente estes prémios destinam-se a galardoar aquilo que é excecional e requintado, não aqueles sítios onde vamos todos os dias. Ainda assim, há uma dolorosa conclusão a retirar de tudo isto. É que apesar de o país subir consistentemente no ranking dos mais apreciados lá fora, nem por isso as coisas estão melhores ou mais fáceis para quem cá vive. E, à falta de poder realmente desfrutar desses sítios fantásticos, que constituem uma espécie de realidade paralela, muitos têm mesmo de se contentar com um postzinho no Instagram ou no Facebook…

Portugal é o melhor destino do mundo? Aparentemente sim. Mas essa é a opinião dos que vêm, ficam alguns dias e vão embora. O país que visitam não é o mesmo que aquele em que vivem os portugueses.