Trump cancelou o encontro com Putin
Rússia. O cancelamento do encontro o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estava em cima da mesa por causa do incidente entre a marinha ucraniana e russa (“talvez não tenha a reunião. Talvez nem sequer tenha a reunião… Não gosto dessa agressão. Eu não quero essa agressão”, disse Trump ao “Washington Post”). Mesmo assim veio a confirmação que se realizaria: “Washington confirmou o encontro”, disse Dmitri Peskov, porta-voz da presidência russa. Só que depois veio a questão de Michael Cohen (ver página 11) e o possível conluio de Trump com a Rússia na campanha presidencial voltou à ordem do dia e a Casa Branca cancelou mesmo o encontro. Recorde-se que Trump já se tinha encontrado com Putin à margem de uma cimeira do G20, aconteceu no ano passado em Helsínquia, na Finlândia. Na altura, Trump criou celeuma ao dizer que acreditava nas palavras do chefe de Estado russo de que Moscovo não tinha interferido nas eleições presidenciais de 2016, ao contrário do que diziam os seus serviços secretos. Dias depois foi obrigado a recuar e a mostrar confiança nas informações das agências de informação. Trump também revelou que apenas deverá tomar uma decisão sobre a reação norte-americana ao episódio depois do encontro com Putin e de receber relatórios pormenorizados dos serviços de informação.
Príncipe herdeiro saudita participa na cimeira
Arábia Saudita. É a primeira viagem ao estrangeiro do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, desde que a morte do jornalista saudita Jamal Kashoggi se transformou num escândalo internacional. A Human Rights Watch apresentou queixa na justiça argentina contra o príncipe herdeiro por crimes de guerra na intervenção militar saudita no Iémen, que já causou mais de dez mil mortos civis e a maior crise humanitária das últimas décadas. A organização denuncia que as forças armadas sauditas participam em atos de tortura, além de bombardeamentos contra civis. As autoridades argentinas já estão a investigar as acusações. Todavia, deram a entender que é extremamente improvável que um mandado de prisão seja emitido. Não obstante, a investigação a Salman é mais uma dificuldade para a política externa saudita, a braços com o escândalo da morte do jornalista saudita no seu consulado em Istambul, na Turquia, a 2 de outubro. Na agenda do príncipe herdeiro estão encontros com a primeira-ministra britânica, Theresa May, e com a chancheler alemã, Angela Merkel. Relembre-se que Merkel foi uma das líderes mundiais a apelar a que não se vendesse mais equipamento militar a Riade até todos os contornos da morte de Khashoggi serem apurados. Ainda que não tenha sido oficialmente confirmado, espera-se que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se reúna com Salman. Erdogan tem assumido uma posição dura contra a Arábia Saudita por causa da morte de Khashoggi, acusando altos responsáveis do Estado de terem ordenado a sua morte. Turquia e Arábia Saudita estão em lados opostos no xadrez no Médio Oriente. Já o presidente Trump, que inicialmente afirmou ter a intenção de se encontrar com MbS, não se encontrará com o príncipe herdeiro saudita. O presidente dos EUA recusa-se a atribuir responsabilidade do crime do jornalista ao príncipe herdeiro, tendo sido alvo de fortes críticas no seu país por causa disso. Recusou-se a cancelar os acordos de venda de armas e a impor sanções à Arábia Saudita, ao mesmo tempo que avançava com medidas para apoiar o desejo de energia nuclear de Riade.
Desnuclearização de Pyongyang discutida
Coreia do Norte. À semelhança da anterior cimeira do G20, a desnuclearização da Coreia do Norte será discutida, mas em reuniões bilaterais. Sabe-se que o presidente norte-americano, Donald Trump, se encontrará com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Em ambas as reuniões bilaterais o regime de Pyongyang será um dos principais temas a serem discutidos. O primeiro-ministro japonês deverá, na sua reunião com Trump, reafirmar o seu compromisso na cooperação bilateral para a desnuclearização da Coreia do Norte e na resolução do diferendo com Pyongyang em torno dos cidadãos japoneses raptados pelo regime de Kim Jong-un. O mesmo deverá ser feito por Moon, tentando mostrar a existência de um sólido bloco contra uma Coreia do Norte com poder nuclear. Tendo em conta que Pequim é o único aliado de Pyongyang, na reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, o tema também será discutido. A China deverá reafirmar a sua posição de que não quer uma Coreia do Norte nuclearizada, mostrando o seu respeito pelas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nomeadamente no que diz respeito às sanções. Os Estados Unidos acusaram, nos últimos meses, tanto a China como a Rússia de violarem as sanções internacionais à Coreia do Norte, dando-lhe margem de manobra para evitar a erosão da sua economia e, afirma a administração norte-americana, a do próprio regime. No entanto, há analistas que não descartam a possibilidade de a China vir a alterar o seu posicionamento na reunião. É o caso de Zhao Tong, professordo Centro Carnegie-Tsinghua para Política Global, em Beijing, em declarações ao “South China Morning Post”: “Não se pode descartar a possibilidade de a China decidir cooperar de forma mais próxima com os Estados Unidos sobre a Coreia do Norte de modo a travar a guerra comercial”.
Cimeira é teste para Mauricio Macri
Argentina. Será o maior evento internacional realizado na Argentina e quando o presidente Mauricio Macri se mostrou disponível para o receber esperava mostrar o seu país como um caso de recuperação económica. Não o conseguiu e o FMI chega de três em três meses a Buenos Aires para fiscalizar o governo. Como se as más notícias não fossem poucas, Macri percebeu ontem que o acordo UE-Mercosul não irá avançar durante a sua presidência. O presidente francês, Emmanuel Macron, encarregou-se ontem de o dizer: o acordo “não está em condição de ser concluído”. A popularidade de Macri tem descido a pique e anda agora à volta dos 35%. O peso argentino desvalorizou na ordem dos 50% em relação ao dólar, a inflação deverá ficar entre os 45 e os 50% em 2018, com a pobreza a atingir 27,3% da população e o desemprego os 9%. Valores económicos que são um espelho de um país em crise e não em recuperação económica, contrariando as expectativas de Macri. Sabendo que a contestação social poderá marcar o G20, o governo argentino destacou mais de 25 mil agentes para protegerem as delegações presentes para a cimeira. Bloqueios de ruas foram montados, os transportes públicos deixaram ontem de circular e o governo decretou feriado para hoje.