“100 pessoas viajam todos os meses dos nossos países para se juntarem ao ISIS”

“100 pessoas viajam todos os meses dos nossos países para se juntarem ao ISIS”


Centro Internacional para o Estudo do Extremismo Violento defende que o Estado Islâmico é uma espécie de “marca”


“O Estado Islâmico (EI) está a ressurgir ligeiramente. Há 100 pessoas que viajam todos os meses dos nossos países para se juntarem ao EI. Sabemos que eram milhares nos seus tempos áureos, baixou muito, mas ainda há muitos" membro deste grupo terrorista. O alerta é dado pela diretora do Centro Internacional para o Estudo do Extremismo Violento (ICSVE), Anne Catherine Speckhard.

Numa entrevista à agência Lusa, à luz da Cimeira Mundial Aqdar, que tem o lema 'O papel do empoderamento humano no desenvolvimento de sociedades estáveis: Desenvolvimento Sustentável', a diretora do ICSVE explicouque o EI vende uma utopia. "O califado existe nas mentes da maioria dos muçulmanos como algo de muito bom que houve no passado. A ideia de que poderia repetir-se foi vendida como uma marca", explica a responsável do centro. 

A especialista chegou mesmo a comparar a organização terrorista à Coca Cola: "A Coca-cola diz 'bebe isto e vais arranjar uma namorada'; o EI diz 'junta-te a nós e terás propósito, dignidade, riqueza e poderás viver segundo os ideais islâmicos. É tudo mentira, mas não interessa. A Coca-Cola também não te vai arranjar uma namorada", afirmou Speckhard.

Durante a cimeira, a decorrer em Abu Dhabi, a diretora do ICSVE apresentou uma campanha que está de momento em curso, que tem como objetivo combater o autoproclamado Estado Islâmico, através da plataforma através da qual recrutam novos membros: a Internet. O ICSVE entrevistou ex-membros do ISIS que conseguiram fugir – alguns que se encontram presos – e pessoas que eram próximas dos militantes, compilando os testemunhos com o objetivo de os divulgar na Internet por forma a dissuadir possíveis jovens que se queiram juntar à organização.

Os responsáveis pelo recrutamento, segundo Speckhard – que também é professora de psiquiatria da Universidade de Georgetown -, utilizam os pontos mais vulneráveis dos jovens para se juntarem ao EI: "Usam o desejo de vingança, o trauma, aproveitam-se de pessoas que estão fartas da vida e que, não querendo suicidar-se, aceitam fazê-lo se forem convencidas de que se tornam mártires", revela a diretora do centro.

“Vejam quantas pessoas saíram dos vossos países [do Ocidente] para o EI. Se forem muitos, têm problemas em casa:eles conseguiram atrair estas pessoas porque elas estavam infelizes. Havia coisas erradas nas suas vidas que o EI prometeu endireitar", aconselha a especialista.