Terrorismo: o que leva os jornalistas portugueses a encobrir o Hamas e a sua atividade criminosa?


Houve uma morte na Faixa de Gaza? A culpa é de Israel. Foram lançados mísseis na Faixa de Gaza? A culpa é de Israel. Foram lançados mísseis contra alvos israelitas? A culpa é de Israel, porque a sua própria existência é uma provocação


1. Mais uma vez, a parcialidade da comunicação social no que tange (também) à cobertura de eventos de política internacional ficou evidente – para não variar, a imprensa portuguesa (e não só, sendo um fenómeno verificável noutros Estados europeus…) colocou-se ao lado dos terroristas do Hamas, condenando a democracia israelita. E assim sucede quer por ação, quer por omissão. Tal observação já não se encontra sequer no mero domínio do juízo opinativo; já é mesmo um juízo de facto. Os ataques que o Hamas lançou, miserável e barbaramente, contra Israel, vitimando cidadãos inocentes com o intuito de disseminar o medo e o caos, mereceram apenas uma chamada de atenção, discreta e brevíssima, nas páginas dos nossos jornais. Na televisão, os atentados terroristas dos bárbaros assassinos do Hamas, em certos casos, foram apenas referenciados no oráculo – prescindindo-se, pois, da correspondente peça jornalística mais alargada (contextualizada e substancializada, mostrando aos portugueses o desafio hercúleo com que o povo israelita se confronta para garantir a sua sobrevivência).

2. No entanto, nos casos em que é Israel que exerce ações preventivas (em antecipação a ataques em preparação pelo Hamas) com efeitos colaterais indesejados, os quais, porém, são sempre inferiores ao número de vítimas originadas pelo terrorismo do Hamas, a comunicação social trata Israel como um país bélico, imperialista, “com a sua bandeira manchada pelo sangue”, como escreveu uma vez uma das luminárias da extrema-esquerda portuguesa. Esta dualidade de critérios enfraquece a autoridade moral do jornalismo e não prestigia a função nobre que exerce (ou melhor, deve exercer) na sociedade: a de formar uma opinião pública informada, ciente das contingências que ensombram a paz mundial e dos riscos que o terrorismo de grupos como o Hamas suscita para as vidas de todos nós. Porque o Hamas, da mesma forma que ameaça Israel, não deixa de alimentar o ódio contra os povos ocidentais, que é o sustentáculo (intelectual, emocional e espiritual) do terrorismo, nutrido por cidadãos, com nacionalidade europeia, contra os seus compatriotas – o terrorismo ameaça Israel, como nos ameaça a todos nós. Basta evocar as vítimas nunca esquecidas dos atentados de Nice, Paris, Bruxelas, Barcelona, Manchester, Berlim, Londres ou Boston.

3. A nossa comunicação social, contudo, prefere sempre colocar-se ao lado dos terroristas do Hamas. Não deixa de ser estranho que sempre que ocorre um atentado terrorista na Europa ou nos EUA, os jornalistas nacionais (a maioria, sempre com honrosas exceções) notem – bem! – que a diabolização de qualquer religião ou grupos sociais específicos deve ser evitada, por contrária aos valores fundamentais que partilhamos. No entanto, no que respeita às ocorrências no Médio Oriente, os mesmos jornalistas não se coíbem de diabolizar sempre o mesmo: o Estado de Israel. Houve uma morte na Faixa de Gaza? A culpa é de Israel, mesmo que as autoridades israelitas tenham atuado em legítima defesa. Foram lançados mísseis na Faixa de Gaza? A culpa é de Israel. Foram lançados mísseis contra alvos israelitas? Mesmo nesta situação, a culpa é de Israel, porque a sua existência, ela própria, é uma provocação contra a Palestina e o “mundo islâmico”. Este discurso de ódio alimentado pelos jornalistas portugueses – uns, porventura a maioria, com ligações perigosas ao Bloco de Esquerda e à ala mais radical do PS – assemelha-se perigosamente ao mais elementar antissemitismo, na sua versão xenofóbica anti-Israel e anti-israelitas. É o que faz ter uma comunicação social – que se deveria pautar por critérios de imparcialidade, verdade e seriedade – capturada por agendas político- -ideológicas totalitárias por natureza. Na verdade, para a extrema-esquerda, a ação dos terroristas do Hamas é legítima: a raiz do pensamento que ambos perfilham é a mesma – a ação revolucionária como meio predileto para a obtenção de “ganhos político-sociais”. As suas premissas, quer de pensamento quer de ação política, são coincidentes: os fins justificam sempre os meios; o valor da vida humana é relativo; vivem de dicotomias que exploram para fins de luta política e disseminação do caos, como “pobres contra os exploradores dos pobres”, “defensores do povo contra Deus e seus sacerdotes opressores” ou “islamismo redentor contra a cultura judaico-cristã bárbara”. No fundo, a esquerda tem um certo fascínio (hoje, graças à pressão da opinião pública e à sua necessidade de demonstrar um enquadramento institucional mínimo, o que implica o respeito pelas leis, parece ser apenas intelectual) pela natureza anti- -Israel, antiamericana e de disseminação do caos que caracteriza os movimentos terroristas.

4. Daí que os jornais portugueses preferiram omitir a barbárie perpetrada pelo Hamas contra cidadãos inocentes – para dar, antes, amplo destaque à demissão do (então) ministro da Defesa, Avigdor Lieberman. Ou seja: quando Israel, no exercício do seu direito inalienável de soberania, defende o seu território, ripostando contra os terroristas do Hamas, é condenado, célere e sumariamente, pelos jornalistas portugueses, sendo a sentença condenatória divulgada nas primeiras páginas; diversamente, quando o Hamas rompe o período de tréguas e assassina cidadãos israelitas, os mesmos jornais escondem tal informação dos portugueses, preferindo discutir o futuro político do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Quando se trata de cidadãos israelitas, o valor da vida humana já não importa. É o cúmulo da hipocrisia e da desonestidade – e a demonstração cabal de que os média tradicionais vivem numa “realidade alternativa” que eles próprios construem quando a “realidade efetiva” não lhes agrada (ou não lhes é conveniente, atendendo ao seu fanatismo ideológico e partidário). É o jornalismo “esquerda.net” – que conquistou grande parte da comunicação social portuguesa – no seu esplendor máximo!

5. Note-se que há honrosas exceções no jornalismo português de homens e mulheres comprometidos com a verdade e o rigor; são, infelizmente, a minoria. Veja-se o “Expresso”, o “DN” ou o “Público”, transformados em meras cadeias de transmissão da propaganda da esquerda que se radicalizou com a permissividade de António Costa. Uma coisa é certa: Netanyahu ficará na História como um notável estadista de Israel e um dos políticos mais talentosos à escala global. Quer permaneça por muitos mais anos à frente do povo israelita (como nós achamos que ficará) – ou saia já amanhã. E tal feito é muitíssimo mais significativo do que as parangonas de qualquer jornal português.

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