Bruno de Carvalho acusado de 98 dos 4441 crimes do ‘ataque’ à Academia de Alcochete

Bruno de Carvalho acusado de 98 dos 4441 crimes do ‘ataque’ à Academia de Alcochete


O despacho da acusação do ataque à Academia de Alcochete foi concluído


O Ministério Público (MP) acusa 44 arguidos por estarem envolvidos na invasão da Academia de Alcochete, a 15 de maio. De acordo com o Observador, no total são 4441 crimes de sequestro, ofensas à integridade física qualificada, ameaça agravada (classificados como terrorismo), detenção de arma proibida, dano de violência, entre outros. O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Bruno Jacinto, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos, estão acusados de 98 crimes cada um e o líder da Juventude Leonina Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, está acusado de 99 crimes, mais um por causa dos crimes de droga.

Os outros arguidos vão responder, quase todos, por 101 crimes cada.

De acordo com o Observador, a procuradora Cândida Vilar, que conduziu a investigação do MP, considerou que Bruno de Carvalho foi o principal instigador do ataque, que foi levado a cabo por membros da Juve Leo, mas também pelos “Casuais”, uma fação mais radical do grupo.

O mesmo jornal adianta ainda que a acusação acredita que Bruno de Carvalho criou “a tempestade perfeita”, através das reuniões que manteve com o líder da claque e com outros dirigentes, bem como nas publicações que fez no Facebook, para os acontecimentos a 15 de maio.

O documento adianta ainda que, juntamente com Mustafá e Bruno Jacinto, Bruno de Carvalho “determinou” que a Academia de Alcochete fosse invadida e que tanto os jogadores como a equipa técnica fossem agredidos, intimidados e privados de liberdade.

De acordo com fonte próxima do processo, citada pelo Observador, o ex-presidente do Sporting promoveu “um clima de violência” através das suas intervenções públicas e sujeitou os jogadores a um “tratamento não compatível com a natureza humana”, levando-os a “viver momentos de pânico e de incerteza”. Por estas razões, o MP considera que o antigo dirigente leonino compartilhou “a decisão criminosa” de concretizar as agressões e determinou com Nuno Mendes e Bruno Jacinto que os outros 41 arguidos avançassem.

A mesma fonte avançou ainda que a procuradora Cândida Vilar criticou a falta de colaboração com a investigação por parte da PJ do Porto e refere que esta não ficou terminada por não lhe terem sido cedidas informações das escutas feitas ao telemóvel de André Geraldes, no âmbito do processo CashBall. Em causa está o facto de este ser considerado um elemento fundamental de ligação a Bruno de Carvalho.

Bruno Jacinto terá enviado uma mensagem a Geraldes na véspera da invasão, informando de que estaria próximo um ataque à Academia do Sporting por parte da Juve Leo. Contudo, as mensagens enviadas pelo arguido terão sido apagadas. De acordo com o Observador, que cita "o senhor coordenador da PJ", o programa informático não permitiu recuperar os conteúdos do aparelho, que poderiam servir de prova à acusação.

Esta escassez de provas levou a que o MP admitisse não ter  “indícios fortes” de que Geraldes sabia do ataque, fazendo por isso com que o dirigente não fosse constituído arguido no processo.