1. No fim de semana passado ficou demonstrada à exaustão (mais uma vez) a verdadeira motivação de António Costa: a manutenção, a todo o custo, do poder. Custe o que custar. Já o escrevemos e reiteramos: o primeiro-ministro geringonçado é a personificação do maquiavelismo político mais sinistro, da política sem ética nem valores. António Costa não tem qualquer sentido de virtude na ação política; tudo se resume a “comprar” o outro para ele dominar. O que é o povo português na perspetiva de Costa? Apenas um objeto, um instrumento que é preciso domar bem para manter e reforçar o poder.
2. O que ficou exposto fica demonstrado quer pela gestão comunicacional do governo, quer pelas ações – e sobretudo omissões – políticas. No domínio da comunicação tivemos mais uma exibição esplendorosa da hipocrisia e cinismo político de Costa e seus quejandos. Ora, como é público e notório, o Bloco de Esquerda realizou o seu congresso (que na linguagem deste partido tem um nome diverso, para fingir que ainda são revolucionários…) no fim de semana, visando imprimir uma nova orientação estratégica, de forma sibilina conquanto clara: a de que os bloquistas estão preparados para ser governo. Contudo, atenção: não foi o Bloco que mudou, indo para o centro; foi o PS que mudou, deslocando-se para a esquerda, indo, por conseguinte, ao encontro do Bloco. Eis a mensagem que a “blocada” pretendia transmitir, já em tom pré-eleitoral. Pois bem, o “lobo” (que já não é mera raposa) político António Costa anteviu o que iria suceder – e reagiu. Como? À boa (para eles!) maneira socialista: utilizando a comunicação social para se tornarem os delegados ausentes mais presentes do congresso da blocada.
3. Com efeito, Pedro Nuno Santos – o elo de ligação entre Costa e a elite bloquista; não esquecer que Pedro Nuno é o socialista mais bloquista que há (amigos comuns dizem-nos mesmo que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares é mesmo um bloquista frustrado) – publicou um artigo no “Sol”, no sábado, em que repetiu o que escreveu nos dez artigos anteriores que já havia publicado, puxando pelos galões da geringonça. Ora, quando é que Pedro Nuno aparece com um artigo sobre os méritos da geringonça, a dizer sempre o mesmo? Quando há congressos do PS, do BE ou do PCP – ou qualquer outro evento que possa beliscar a “saúde” da geringonça ou (mais importante) a posição liderante do PS neste casamento político a três. Qual é a finalidade dos artigos de Pedro Nuno Santos? Mostrar que, pese embora o clima de cordialidade, amor e paixão intensa entre os três elementos desta “orgia política” (como qualificaria Rui Rio), quem manda é o PS. O PS é que decide o destino dos outros dois parceiros.
4. Já no domingo surge um outro artigo, desta feita no “Público”, da autoria da cúpula da “orgia política”, pornograficamente desastrosa e mentirosa, conhecida como geringonça – assinado pelo próprio primeiro-ministro, António Costa. E o que defende o primeiro-ministro em tal ilustre prosa? Que Manuel Alegre não tem razões para se preocupar pois, embora pessoalmente Costa repudie as touradas, não as irá proibir – afinal de contas, é um “primeiro-ministro moderado”. Descontando o facto de António Costa vir agora afirmar que odeia touradas, apesar de há bem pouco tempo declarar juras de amor aos toureiros e ao espetáculo da tourada (o que apenas confirma que Costa é um homem sem palavra), qual foi o objetivo político claro do artigo? Na verdade, o objetivo principal de Costa não era pronunciar-se sobre as touradas, muito menos descansar Manuel Alegre – este foi o pretexto. O objetivo real do artigo foi o de, no dia do encerramento do congresso do BE, sinalizar que o PS é um partido moderado, de centro, que não entra em aventuras esquerdistas. Ou seja: antevendo um discurso mais radical de Catarina Martins e uma tentativa de colagem do PS a tal discurso, António Costa antecipou-se com um artigo na manhã do mesmo dia, obnubilando (ou, pelo menos, retirando força) a intervenção da líder do BE. Mais uma vez, António Costa brincou com o Bloco: afinal, os bloquistas gritam muito, aparentam ser leões – mas não passam de uns cordeirinhos submissos ao PS de Costa. Poder, a quanto obrigas…
5. A estratégia adotada pela máquina de comunicação do PS será uma constante ao longo dos próximos meses, até às legislativas do próximo ano: Pedro Nuno Santos falará para a esquerda radical, puxará pelos méritos da frente esquerdista, repetirá à exaustão os argumentos que são música para os ouvidos de bloquistas; ao mesmo tempo, António Costa mostrará um ar de moderação, de esquerda moderna e cosmopolita, falando para o centro moderado. Ou seja: é o PS a tentar a quadratura do círculo para maximizar o seu poder. É a única realidade que motiva este PS de Costa: a obsessão pelo poder – e o poder absoluto.
6. Ora, esta estratégia de puro cinismo de António Costa só é possível graças à subserviência da comunicação social. Os socialistas sabem que a generalidade dos média portugueses não são um contrapoder; antes são um “exército comunicacionalmente armado” ao serviço da agenda de Costa. Daí que o esclarecimento cabal de Tancos e a gravidade dos factos que envolvem esta trama já tenham sido esquecidos pela comunicação social. Ou o escândalo – a ilimitada vergonha! – que é a atuação do governo no que concerne à reabilitação do centro pediátrico do Hospital São João, no Porto.
7. Agora, ficámos a saber que a grande preocupação de António Costa é… silenciar as redes sociais. É criar novos (velhos!) mecanismos de censura. Porquê? Porque António Costa sonha com um país em que a opinião pública se resuma ao seu “DN”, ao seu “Expresso” e, agora, ao novo “Público”, que se aproxima perigosamente do “DN”. Oliveira Salazar teria uma admiração imensa por António Costa – e Mário Soares teria vergonha deste PS que quer amordaçar os portugueses… 44 anos depois. Quem defende a democracia e a verdade (como nós) só pode ser contra este PS tomado de assalto por radicais obcecados por poder. Costa é um aprendiz de tiranete, perigoso para a nossa democracia e as nossas liberdades.
Escreve à terça-feira