Carros elétricos. Carregamento rápido vai passar a ser pago

Carros elétricos. Carregamento rápido vai passar a ser pago


Preços variam entre três e 10 euros por cada 100 km percorridos. Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos diz que carregamento rápido pode ficar dez vezes mais caro


Depois de sucessivos adiamentos, os carregamentos na rede pública Mobi.E vão começar a ser pagos a partir de hoje. Os valores deverão rondar entre os três e os 10 euros por cada 100 km percorridos – isto porque há variações de preço consoante o posto e o comercializador de mobilidade elétrica (CEME). Em alternativa pode continuar a carregar o carro em casa e aí terá de pagar os preços da luz para uso doméstico. As contas da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) não são animadoras: carregar o carro num posto rápido será dez vezes mais caro do que optar pela forma tradicional.

Henrique Sánchez, presidente da associação, já tinha dado o alerta no início deste mês: os preços da rede Mobi.E vão ser “mais caros do que carregar o carro em casa mas, ainda assim, mais baratos do que abastecer um carro a gasolina ou a gasóleo”. E dá o seu exemplo: “O meu carro consome o mesmo que uma máquina e meia de lavar loiça. Em tarifa bi-horária, gasto 1,5 euros para fazer cada 100 km, carregando em casa. Comparando com o meu carro anterior, a gasóleo, pagava 9 euros para fazer os mesmos 100 quilómetros.”

Neste momento, a rede Mobi.E tem 59 postos de carregamento rápido e 550 postos de carregamento normal, que correspondem a cerca de 1250 tomadas. Foram emitidos mais de 8 mil cartões de acesso à rede Mobi.E, mas apenas cerca de metade estão ativos.

Os tarifários dos quatro comercializadores – EDP, Galp, Prio.e e eVaz Energy – já foram divulgados. Os preços da Prio.e em tarifa bi-horária, a única que disponibiliza para a mobilidade elétrica, são de 5,96 cêntimos por minuto em vazio e de 6,58 cêntimos fora de vazio (entre as 8h e as 22h). No entanto, a estes valores é necessário acrescentar a tarifa de acesso à rede, que foi fixada pelo regulador em 10,27 cêntimos por kWh nas horas fora de vazio e 4,83 cêntimos por kWh nas horas de vazio. 

De acordo com a simulação feita pela associação, comparando os quatro CEME, os carregamentos mais baratos são os da EDP, que variam entre 3,20 e 8,74 euros. Segue-se a Galp, com preços entre os 3,44 e os 8,97 euros. A eVaz Energy disponibiliza carregamentos que vão dos 4,26 a 9,80 euros. Feitas as contas, a diferença de custo entre o carregamento rápido mais barato e o mais caro atinge os 6,68 euros.

No entanto, há comercializadores que oferecem descontos. Tanto a EDP como a Galp têm descontos para clientes que utilizem estes operadores como fornecedores de energia em casa. Há ainda outras promoções cruzadas que podem ser importantes. Por exemplo, a EDP comercializa uma wallbox (carregador para instalar em casa) que dá direito a descontos para o consumo associado ao carregamento em casa.

Não se esqueça que para utilizar estes carregamentos rápidos tem de ter um cartão de acesso aos postos disponibilizados pelos operadores. Para isso, o consumidor terá de estabelecer um contrato de fornecimento de energia com pelo menos um dos CEME. No entanto, independentemente do contrato que fizer, esse cartão pode ser usado em qualquer operador. Aliás, uma das vontades do atual executivo foi sempre que o consumidor não fosse obrigado a possuir mais que um cartão para efetuar o carregamento do seu carro elétrico. No fundo, o cartão vai definir quanto vai pagar e a quem vai pagar

Mercado em crescimento Até assistirmos a estas mudanças, este é um mercado que tem registado um grande crescimento. No ano passado foram comercializadas 645 viaturas elétricas, o que representa uma subida face aos números verificados em 2014, altura em que foram vendidos 216 carros. Nos primeiros três meses deste ano foram vendidos 164, segundo os dados da Associação do Comércio Automóvel (ACAP) – muito longe da meta prevista por José Sócrates no seu segundo mandato, quando previa uma quota de 10% de carros elétricos até 2020.

Nos dois governos Sócrates chegou a ser oferecido um incentivo de cinco mil euros na compra de carros elétricos, valor que poderia chegar aos 6500 euros se incluísse a entrega de veículo antigo. Estes apoios foram interrompidos com a mudança de governo para a direita, em 2011. Mas, no final do mandato do PSD-CDS, a reforma da fiscalidade verde acabou por dar um novo impulso ao mercado.

Um novo pacote de medidas entrou em vigor em 2015 e, apesar de não ser tão generoso como o programa anterior, deu um novo alento à venda de automóveis elétricos, que disparou 241% face ao ano anterior. 

 Nos últimos anos assistimos ao retomar da atribuição de incentivos e o próximo ano não é exceção. Para 2019, o governo vai manter o incentivo à compra de veículos de baixas emissões no valor de 2500 euros, através de financiamento do Fundo Ambiental, segundo a proposta de lei do Orçamento do Estado – uma benesse sempre vista pela ACAP como uma medida para nichos e com muito pouca repercussão no mercado.
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É obrigado a ter um cartão para usar os postos de carregamento rápido que pode ser usado em qualquer operador
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Mobi.E tem 59 postos de carregamento rápido e 550 postos de carregamento normal, o que dá 1250 tomadas 
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Preços variam entre três e 10 euros por cada100 km percorridos. Associação de Utilizadores 

de Veículos Elétricos diz que carregamento rápido pode ficar dez vezes mais caro