Foi na Madeira, no Funchal, que se realizou a primeira Taça do Mundo de Paratriatlo da ITU (União de Triatlo Internacional) em Portugal.
No domingo, e já depois de ter recebido a finalíssima da Taça da Europa de Triatlo pelo segundo ano consecutivo, a capital madeirense foi palco de uma das mais importantes competições no universo do desporto adaptado. A prova, composta por três vertentes distintas, concretizadas de forma consecutiva, contemplou 750 metros de natação, seguidos de 20 quilómetros (km) de bicicleta em percurso circular de cinco voltas e, por último, 5 km de corrida, distribuídos por três voltas.
Entre 70 atletas de 22 países, Portugal fez-se representar por um total de seis paratriatletas nos vários conjuntos de provas: Filipe Marques – 5.º na classe PTS5 (01:06:31); Emanuel Gonçalves – 10.º na classe PTS4 (01:20:32); Pedro Basílio – 11.º na classe PTS4 (01:31:49); José Mendonça – 1.º na classe PTS3 (01:40:43); Gabriel Macchi – 7.º na classe PTVI (B2) (01:16:26) e Rodolfo Alves – 14.º na classe PTVI (B3) (01:28:47).
No top-5, Filipe Marques foi o melhor paratriatleta português em prova, falhando o pódio por apenas quatro segundos, depois de uma reta final disputada ao sprint com o húngaro Bence Mocsari e o japonês Kaiiche Sato, terceiro e quarto classificados, respetivamente.
“É um grande orgulho. Tentei o pódio, não consegui, mas fiquei perto. Claro que vinha com essa intenção [de ficar entre os três primeiros], ainda pude sonhar, mas na reta final não consegui”, lamentou ao i, adiantando que o que falhou “foi a corrida”, embora assuma que na vertente do ciclismo “também podia ter feito melhor”.
Além do 5.º posto obtido por Filipe Marques, paratriatleta que se estreou em provas internacionais no passado mês de julho, no Campeonato da Europa de Paratriatlo realizado na Estónia, destaque também para a sétima posição de Gabriel Macchi (B2) na classe PTVI e para o ouro conquistado por José Mendonça, único participante na classe PTS3.
“É sem dúvida um marco histórico para o desporto português, para o movimento paralímpico e para a Federação Portuguesa de Triatlo, que foi quem assumiu esta responsabilidade”, disse ao i José Manuel Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP).
“Chegados aqui, só podemos dar os parabéns à federação, porque de facto é um evento extraordinário, com muitos atletas com muita qualidade desportiva e é também um evento onde se podem ver em competição as diversas áreas da deficiência que estão a competir para os Jogos Olímpicos de Tóquio [2020]”, continuou o líder da organização que coordena o desporto paralímpico no país.
Governo Regional reforça apoios para o desporto adaptado
David Gomes, diretor Regional da Juventude e Desporto, já havia anunciado, para a época 2018/19, um reforço no apoio às iniciativas que envolvem o Desporto Adaptado. “Posso afirmar que o PRAD (Plano Regional de Apoio ao Desporto) para 2018/2019 irá majorar os apoios às iniciativas que envolvam o desporto adaptada. A Madeira está cada vez mais sensibilizada para o desporto adaptado, ou paralímpico, sendo um grande polo em termos internacionais na realização de competição a grande escala assim como em iniciativas formativas relacionadas com esta realidade”, declarou o responsável na apresentação oficial da Taça do Mundo, que se realizou no fim-de-semana.
“É sempre importante que o desporto adaptado seja divulgado através da alta esfera do desporto adaptado mundial. Portugal receber uma prova desta envergadura é sempre importante, quer para os nossos atletas quer para a divulgação do nosso país em representação do Comité [Paralímpico de Portugal] e de todas as organizações desportivas. No caso concreto da Taça do Mundo de Paratriatlo é muito importante por ser também uma prova de qualificação para os Jogos Paralímpicos”, destacou ao i Filipe Rebelo, vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal (CPP). O representante do CPP lembrou ainda a importância e a responsabilidade dos agentes desportivos para com os atletas adaptados, que, naturalmente, também precisam de apoios para conseguirem representar Portugal ao mais alto nível nas várias competições e, consequentemente, obterem resultados que façam jus ao comprometimento que dedicam nas diversas categorias, que, além dos estágios, contemplam treinos diários de segunda a sábado.
Para o ano há mais
Depois do sucesso na estreia no panorama internacional na disciplina de paratriatlo, além da confirmação de mais um balanço muito positivo na segunda edição da prova europeia, o Funchal, com a organização da Associação Regional de Triatlo da Madeira (ARTM) e da Federação de Triatlo de Portugal (FTP), impõe-se cada vez mais como um local de excelência para acolher eventos desportivos desta envergadura.
A organização foi, de resto, um dos pontos referidos ao i por Victor Rodrigues, presidente da ARTM, uma missão cumprida com sucesso, na perspetiva do responsável, devido à “grande dinâmica de toda a equipa organizativa”, composta por quase 200 pessoas, “entre voluntários e pessoas afetas à Federação [de Triatlo de Portugal] e à ARTM”.
Com os objetivos cumpridos, tudo indica que, em 2019, a capital madeirense volte a ser o destino escolhido para a realização destas duas finais: europeia e mundial.