Ser o mais assustador ou original é o principal objetivo dos milhares de crianças que se mascaram durante o dia nas escolas ou dos milhares de adultos que saem à rua na noite de Halloween. Entre festas mais conhecidas, festas privadas ou simplesmente um disfarce para passear na “noite dos mortos”, os portugueses parecem cada vez mais rendidos aos encantos desta tradição pouco encantadora.
“O Harry Potter, as caveiras mexicanas e os palhaços assassinos” são os disfarces mais procurados pelas crianças, explica Nuno Santos, gerente da centenária loja lisboeta A Casa do Carnaval.
“Os adultos têm procurado muito os fatos de freira por causa do filme. Cerca de 30 a 40% dos clientes são estrangeiros porque lá fora existe uma tradição maior, bem mais forte que a nossa, e eles estão cá e vão a muitas festas”, conta.
Para os vendedores de máscaras temáticas, a ideia é unânime: os filmes de terror são a principal fonte de ideias para quem festeja o Halloween.
“Esqueletos, palhaços assassinos, vendemos mais tudo o que tenha a ver com os últimos filmes de terror”, conta Andreia Paiva, empregada da loja A Caixa dos Sorrisos, em Leiria.
Além do que está exposto, há também quem realize “todos os caprichos” dos clientes e faça fatos à medida, como é o caso da loja Casa e Costura, em Aveiro.
“Gostamos de uma boa fantasia e de uma fantasia de qualidade, e há clientes que não abdicam disso.” No entanto, “a internet e as lojas dos chineses vieram estragar o mercado”, confessa Olga Maia, responsável da Casa e Costura.
Em lojas temáticas há preços para todos os bolsos que começam nos 20 euros.
“O adulto gasta em média 20 a 25 euros e as crianças com 20 euros ficam fantasiadas”, diz Nuno Santos – preços que vão ao encontro da média de preços dada por Andreia Paiva: “Temos fatos para todos os preços, entre os 20 e os 100 euros, depende da qualidade do fato e do que ele traz.”
A compra ultrapassa o aluguer nas escolhas dos portugueses, até porque “sai mais barato comprar que alugar”, acrescenta.
No entanto, há quem goste de completar o disfarce ou até quem não se queira mascarar totalmente, mas não deixe passar uma boa cara assustadora ou um adereço que faça qualquer um tremer de medo. Para estas pessoas, a oferta de maquilhagem e acessórios é também enorme.
“Para os adultos, no entanto, não existe procura específica, compram muitos acessórios, maquilhagem, sangue artificial, látex artificial, entre outros”, explica Nuno Santos. “Os adultos excedem-se um bocadinho mais porque o Halloween faz com que queiram ir a preceito, bem caracterizados e maquilhados.”
A ligação que os portugueses têm com esta tradição parece também abrir o apetite para decorar a casa.
“Temos muita procura, principalmente nos artigos de decoração esquisita, tipo caveiras ou bonecos cheios de sangue”, diz Andreia Paiva, o que é algo que distingue esta época do ano do Carnaval.
Halloween invade o comércio
Além das lojas temáticas, o Halloween é uma aposta cada vez mais forte das superfícies comerciais que, além das lojas, juntam também os super e hipermercados, que têm cada vez mais esta nova moda em conta.
No caso do Pingo Doce, fonte oficial explicou ao i que a venda passa por fatos para adultos e crianças e guloseimas alusivas ao Halloween, produtos que têm registado “de ano para ano um aumento”. As vendas concentram-se muito nos últimos três dias antes da noite de 31 outubro.
A oferta de disfarces e acessórios vai desde lojas de roupa convencionais como a Primark, H&M e Zara, entre outras, e lojas de brinquedos ou de acessórios como a Accessorize ou a Toys“R”us.
Além das lojas físicas, há ainda quem prefira comprar através de plataformas de comércio online, como o Ebay ou a Amazon. Aqui, a qualidade parece não ser discussão e o preço é bastante mais acessível para alguns bolsos. O único senão: o tempo que os artigos podem demorar a chegar.
Segunda mão é também uma opção, com a venda de disfarces por parte de sites de compra e venda online em território nacional, como OLX, Custo Justo ou KuantoKusta.
Na loja de Olga Maia, “o volume de negócio de fabrico próprio de fantasias tem baixado em quase 50%”, mas a responsável assume que o negócio relacionado com a temática tem aumentado de forma geral.
Um crescimento que Nuno Santos assume sentir na loja. “De há uma década para cá tem aumentado muito a procura pelo Halloween pelo público em geral.”
À semelhança do que acontece com a empregada d’A Caixa dos Sorrisos, que afirma que, “em Leiria, cada vez se festeja mais o Halloween”. “Há lojas e cafés com decorações e muitas escolas já fazem festas com histórias assustadoras”, conta.
O halloween para as crianças “Na nossa loja, o Halloween é mais para as crianças”, explica Andreia Paiva. Em Leiria, as crianças vão maquilhadas para escola e durante o dia ouvem histórias de terror e celebram esta data.
“Há muitas escolas que pedem para as crianças irem mascaradas, como o Colégio Inglês, em Carcavelos, que tem uma tradição fortíssima de Halloween”, conta também Nuno Santos.
Mas a grande novidade deste ano são os disfarces para cães e gatos. Uma simples busca na internet dá para perceber que os animais de estimação também já entram na festa. Com ou sem vontade.