Poupar. Dê o primeiro passo e faça um check-up às suas finanças

Poupar. Dê o primeiro passo e faça um check-up às suas finanças


Em vésperas do Dia Mundial da Poupança, que se comemora a 31 de outubro, o i fez um pequeno roteiro para o ajudar a conhecer os truques de uma boa poupança e as vantagens de planear o seu orçamento familiar. Só depois de passar esta etapa estará em condições de investir nos mais variados produtos…


Identificar receitas e despesas 

Uma das principais regras de ouro passa por identificar no seu orçamento mensal para onde está a ir o seu ordenado. Para ajudar nessa tarefa, o melhor é começar por fazer um mapa de receitas e de despesas onde deverá apontar diariamente todos os encargos que tem. Ou seja, só fazendo uma lista completa dos gastos poderá saber onde está a gastar o seu dinheiro – não se esqueça de incluir as despesas fixas e as variáveis, sendo estas últimas as mais importantes para fazer ajustes. Ao mesmo tempo, fica a saber qual é o peso das diferentes despesas que tem no seu orçamento familiar. Não se esqueça que o seu gasto total (mesmo com o empréstimo da casa, os juros, a água, a luz, o gás) não deve pesar, no máximo, mais de 35% do seu orçamento mensal.

 

Avaliar capacidade de endividamento

Este é um dos principais indicadores para avaliar a sua atual situação. E pode ser classificado como saudável, equilibrada, endividado e sobre-endividado. Para ser saudável, precisa de poupar mais de 20% do rendimento mensal. Já um consumidor equilibrado põe de parte até 20% do seu rendimento. Um endividado já não consegue poupar nada e um sobre–endividado gasta mais do que ganha e já não consegue pagar as dívidas que contraiu. Evite cair neste último estado. O ideal é que consiga poupar todos os meses algum dinheiro, por exemplo, 10%, e, de preferência, ponha de parte essa verba logo no início do mês. Já se os créditos ultrapassarem os 40% e se prevê que esse valor vá aumentar durante o ano, então é altura de reverter a situação e tentar reduzir o nível de endividamento. 

 

Eliminar gastos supérfluos

Depois de fazer o mapa de receitas e de despesas, é a altura ideal para procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados. Por exemplo, tomar um pequeno-almoço fora, todos os dias, que custe 3 euros, ao fim do mês representa uma despesa na ordem dos 90 euros – um valor que poderá subir se também almoçar diariamente fora. Se isso acontecer e gastar em média, por dia, 7 euros, ao final do mês gasta um total de 217 euros. As duas despesas juntas representam mais de 300 euros no seu orçamento mensal – um número que ganhará maior relevo no final do ano, já que totaliza mais de 3600 euros, que poderiam ser canalizados para outra função, como a poupança. Aliás, uma das formas mais fáceis de poupar é recorrer ao velho truque do mealheiro. 

 

Reduzir dívidas

Faça um levantamento de todas as dívidas que tem – quanto falta pagar, prestação, prazo e juros – e defina as que pode eliminar. O ideal é começar pelos créditos que apresentam os juros mais elevados. Mas, para isso, precisa inevitavelmente de ter algum rendimento extra. Pode usar, por exemplo, um dos subsídios para o fazer, no caso de não optar pelo pagamento em duodécimos. Caso contrário, esta tarefa toma-se mais difícil. Outra hipótese passa por amortizar o crédito à habitação, que geralmente é o que pesa mais no seu orçamento familiar. Não se esqueça que o banco não pode cobrar uma penalização superior a 0,5% se a taxa de juro for variável, ou 2% se fixa. No entanto, precisa de avisar o banco sete ou dez dias úteis antes, consoante amortize uma parte ou a dívida total. 

 

Fundo de emergência versus poupança

Há sempre imprevistos que podem surgir – desemprego, doença, etc. – que podem representar um descontrolo total no orçamento ao fim do mês. Ou seja, se deixasse agora de trabalhar, por exemplo, quanto tempo conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? Se não tiver essa margem de manobra em termos financeiros, o ideal é criar um fundo de emergência para conseguir responder a uma situação destas. Uma das formas mais fáceis de poupar passa pelo agendamento automático de transferências. Ou seja, pode dar uma ordem para que no início de cada mês seja transferido um determinado montante para uma conta-poupança. Vai ver que começa a ver resultados ao fim de alguns meses.

 

Pensar a longo prazo: PPR

Não se esqueça de começar a pensar na reforma. A ideia é simples: para conseguir manter o mesmo nível de vida na idade da reforma, terá de ter um complemento extra. Caso contrário, poderá ser confrontado com uma descida de nível de vida. O que fazer? Se estiver a mais de dez anos de atingir a reforma, pode subscrever um plano de poupança-reforma (PPR) sob a forma de fundo com parte aplicada em ações. Mas a verdade é que a realidade também mudou neste mercado: se antes se aconselhava um PPR a partir dos 40 anos, hoje, a mensagem é bastante diferente: programe a sua reforma antes dessa idade. Só assim poderá minimizar a perda de rendimento das pensões.

 

Invista da melhor forma: veja o perfil

Se passou por todos estes passos e chegou à conclusão que tem algum dinheiro extra para investir, então aposte nos produtos que melhor se adequam ao seu perfil e às suas necessidades. Há ofertas para todos os gostos e riscos, por isso o melhor é começar por identificar qual o seu perfil de risco. 

 

Conservador: O investidor tem como grande objetivo preservar o valor investido. Por isso mesmo, prefere investimentos de baixo risco e, como tal, tem também uma expetativa de rentabilidade mais limitada. Neste caso, deve investir, por exemplo, em depósitos a prazo, certificados de aforro e seguros de capitalização.

 

Moderado: O investidor já está disposto a assumir um risco considerável nos investimentos, de forma a potenciar um crescimento sustentado do capital aplicado a médio e a longo prazo. Invista, por exemplo, em fundos imobiliários, já que apresentam um risco moderado, pois o capital não está garantido, mas, regra geral, rendem mais do que os depósitos a prazo.

 

Dinâmico: O investidor tem como principal objetivo potenciar um crescimento importante, a médio e a longo prazo, da sua carteira de investimento. Neste caso, assume um risco elevado nas soluções que subscreve e adquire. Se está nesta situação, então apostar na bolsa é uma das soluções.

 

 

Saiba como poupar ainda mais

 

•  Casa: há sempre truques para conseguir poupar nas contas da água, luz e gás. Utilize lâmpadas fluorescentes e economizadoras e não deixe os aparelhos em standby. Opte também por mudar de hábitos (duches rápidos, por exemplo) e instale dispositivos eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar até 300 mil litros de água por ano

•  Alimentação: leve sempre uma lista de compras quando vai ao supermercado, evite ir quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo

•  Banca e seguros: negociar o spread no crédito à habitação é um dos truques para conseguir poupar alguns trocos ao fim do mês. Se tiver muitos créditos, recorrer à consolidação poderá ser uma solução. Cuidado com os seguros: contrate apenas as coberturas de que precisa. Outra hipótese passa por recorrer aos mediadores, que geralmente oferecem descontos de 20 a 25% num pacote 

•  Telecomunicações: comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. Pode recorrer ao simulador disponível no site da Anacom para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VoiP. Em termos de televisão por subscrição, analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Além disso, subscreva apenas os canais que vai ver

•  Transportes: opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao fim do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Já os que não passam sem carro podem optar por partilhá-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere a utilização do ar condicionado e adote uma condução que permita reduzir o consumo