Galambização da República: o PS de Costa é uma chinesice com energia fraca


Poucos são os que ousam criticar António Costa em público – e muitos são aqueles que o fazem em privado, em surdina, pedindo sempre para manter absoluto sigilo sobre o teor da conversa e seu protagonista


1. António Costa prossegue a sua interminável jornada de puro gozo e escárnio dos portugueses. O PM (primeiro- -ministro por título jurídico-político; primeiro-mentiroso por vocação, natureza e feitio) tem uma obsessão incurável pelo poder absoluto. Por em tudo mandar, nas redações, nas universidades, nas empresas (que não apenas públicas), na sociedade em geral, nota-se um clima de medo e de verdadeira “claustrofobia democrática”, evocando o pior do socratismo. Poucos são os que ousam criticar António Costa em público – e muitos são aqueles que o fazem em privado, em surdina, pedindo sempre para manter absoluto sigilo sobre o teor da conversa e seu protagonista. Até destacados membros (muitos históricos) do Partido Socialista, que nos enviam calorosas mensagens de encorajamento e força pelos textos publicados, denunciando os vícios de António Costa – mas que, depois, surgem nas televisões aplaudindo ferozmente o “Queridíssimo Líder”. Neste contexto, agravado pela ausência de uma oposição resoluta e destemida, António Costa vai aproveitando para gozar literalmente com os portugueses e com as instituições democráticas, designadamente com o Presidente da República (Marcelo ou anda a dormitar demais ou perdeu as suas qualidades de analista político, não vendo nada do filme em que está metido; ou simplesmente tem medo de António Costa e do poder triturador socialista, sabe-se lá porquê…).

2. A última provocação de António Costa consistiu na nomeação de João Galamba para secretário de Estado da Energia. Primeiro, não podemos ignorar que se trata da manifestação inequívoca da vontade de Costa de reabilitar o socratismo: ao trazer os mais destacados membros dos anos socráticos para as instituições políticas da República, o novo “Dono Disto Tudo” pretende passar uma borracha sobre esse período negro da história de Portugal, apagando-o da memória coletiva socialista. Independentemente do que for decidido pelos tribunais quanto à culpabilidade pessoal de José Sócrates, o PS sempre negará qualquer envolvimento com tais (eventuais) práticas de corrupção. No fundo, o sonho político de António Costa é ser José Sócrates sem os crimes e os processos judiciais – o que nos conduz à interrogação de saber se António Costa é o discípulo ou o ideólogo de José Sócrates. Pois bem, João Galamba – o homem que avisava José Sócrates sobre o andamento das investigações judiciais contra ele – foi premiado com um cargo muito apetecido pelos socialistas.

3. Em segundo lugar, não podemos ignorar que João Galamba foi um dos mais fervorosos defensores de Manuel Pinho e da sua política económica e energética. Galamba, com a mesma verborreia com que hoje defende António Costa e condena Manuel Pinho por conveniência pessoal, foi um fanático cheerleader da política que conduziu Portugal à bancarrota. Sim, senhor pensionista, foi João Galamba que entusiasticamente aplaudiu, durante anos, a política que levou à intervenção da troika no nosso país. Sim, caro leitor que suportou o aumento brutal de impostos, foi João Galamba o propagandista fanático de José Sócrates. Conclusão: João Galamba é apenas um boy socialista, um dos inspiradores da “política da bancarrota”, que muda de casaca sempre que lhe é conveniente. João Galamba é, no fundo, a versão masculina da Fernanda Câncio: ambos têm uma pornográfica falta de caráter, defendendo hoje o contrário do que defenderam ontem, com a mesma violência verbal e a mesma… energia. Talvez esta seja mesmo a única ligação que João Galamba tem com a energia (para além de ter sido fervoroso apoiante e amigo de Manuel Pinho).

4. Posto isto, porque escolheu António Costa o inenarrável João Galamba para secretário de Estado da Energia? Por duas razões cruciais:

4.1 João Galamba é o que podemos designar metaforicamente por um rottweiler político, sempre pronto a ladrar (e dar umas mordidelas suaves) contra os opositores e críticos do PS. É um homem facilmente controlável, na ótica de António Costa – e um homem irritantemente truculento, na visão dos críticos deste PS destituído de valores e de ética. Ou seja, quem mandará na energia a partir de agora será o primeiro-ministro. João Galamba será apenas o rottweiler que ladrará, ladrará, ladrará para afugentar qualquer crítico da política energética da geringonça. Ou seja: os acionistas chineses (leia-se: o governo da República Popular da China) não poderiam ter melhor aliado que o PS de António Costa – não por acaso, a reversão das privatizações da EDP e da REN deixou de ser exigida pelo PCP, aliado do governo chinês… Este governo da geringonça decidiu entregar, em termos absolutos, a energia da nossa nação aos comunistas chineses – e ficará por aqui?

4.2 João Galamba, há poucos meses, teceu duras críticas a Mário Centeno, qualificando o seu vídeo, publicado na condição de presidente do Eurogrupo, como “vergonhoso” e “humilhante”. Ora, a entrada de Galamba no governo tem um significado político óbvio: reforçar a posição política de António Costa face a Mário Centeno. No fundo, enviar um sinal claro a Centeno de que poderá ser uma estrela lá fora – todavia, cá dentro, não passa de um satélite de António Costa. Mais uma vez, mesmo dentro do governo, se prova a obsessão de Costa pelo poder absoluto. Por outro lado, António Costa julga que tendo um amigo íntimo do Bloco de Esquerda no governo (como é João Galamba), Catarina Martins não o chateará. O BE – Banhada de Esquerda ficará definitivamente no bolso do PS de António Costa.

5. Uma nota adicional derradeira: a falta de vergonha total de António Costa ocorre – talvez por mera coincidência – após a saída de Joana Marques Vidal do cargo de procuradora-geral da República. A reabilitação dos socráticos – com João Galamba à cabeça, a “toupeira” de Sócrates e Manuel Pinho – está em marcha. A impunidade da esquerda permite-lhes tudo. Até brincar e gozar com os portugueses. Deixaremos – ou recuperaremos a nossa dignidade, enquanto cidadãos e, coletivamente, enquanto povo?

 

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