O vice-presidente da bancada do PS Carlos Pereira corre o sério risco de ver o seu nome chumbado na comissão de Economia, amanhã, para integrar a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda, não assume, no imediato, um veto a Carlos Pereira, mas as críticas às opções do governo revelam que será essa a vontade do Bloco de Esquerda.
“Não faz sentido nenhum que haja uma nomeação de alguém que é vice-presidente da bancada do PS, ainda por cima pertence a uma comissão que tutela politicamente a ação da entidade reguladora independente, que é a ERSE, e que seja nomeado no meio do mandato. (…) Teria de haver um mínimo de decoro para que este tipo de nomeação”, diz ao i o parlamentar.
Agora, tudo dependerá do relatório que o deputado comunista Bruno Dias está a fazer e o Bloco de Esquerda acaba por colocar alguma pressão na versão final do texto. “Admitindo que o deputado Bruno Dias tem a mesma opinião que nós expressámos [em comissão], evidentemente que acompanharemos o sentido do relatório com vista a desgovernamentalizar as nomeações na Administração Pública”, defendeu ainda o deputado Heitor de Sousa, acrescentando, contudo, que não é o perfil profissional ou político de Carlos Pereira que está em causa.
O autor do relatório Bruno Dias insiste que a questão fundamental é a do “compromisso com o interesse público e as reais condições que cada pessoa tem para concretizar esse compromisso”. Tanto o PSD como o CDS contestaram a decisão do governo e a escolha pode ter um voto negativo da comissão de Economia. Basta que PSD, CDS e Bloco de Esquerda o contestam. Contudo, o parecer que será votado amanhã no Parlamento não é vinculativo, por isso, o executivo pode optar por ignorá-lo e manter a escolha de Carlos Pereira para a ERSE. O relator do documento, apurou o i, só hoje terá a versão completa para os demais partidos analisarem antes da votação.