Não é o meu caso. Mas tenho vários amigos, genuinamente boas pessoas, que fruto da sua educação, dos seus valores morais e das circunstâncias em que foram educados, têm uma visão do mundo mais conservadora do que eu.
Por exemplo, eu concordo absolutamente com o casamento entre pessoas do mesmo sexo e também com a adoção. Sou favorável à liberalização total das drogas leves e também da prostituição. Não tenho posição definida sobre a eutanásia e a única coisa em que sou realmente conservador é quanto ao tema da interrupção voluntária da gravidez.
Esta é a minha forma de pensar e esta é também a minha forma de ver o mundo. Irei debater sempre em prol destas ideias, irei defendê- -las até ao fim, mas nunca me verão passar a linha para o campo da ofensa gratuita, da defesa do pensamento único e da perseguição política. Infelizmente, é isto que muita da esquerda nacional e internacional faz recorrentemente.
Nos dias que correm, quem se assume contra a palavra “casamento” mas defende na mesma a existência de uma união civil entre pessoas do mesmo sexo, com os mesmo direitos dos restantes casamentos, é automaticamente rotulado de homofóbico e retrógrado. Quem é contra a interrupção voluntária da gravidez é logo apelidado de machista. Quem ache inconcebível que o líder do maior sindicato de professores não dê aulas há mais de 20 anos é imediatamente apelidado de fascista.
Falámos muitas vezes da intolerância que existe no mundo e da ascensão de uma direita que não respeita a livre opinião. Mas também não são poucas as vezes que nos esquecemos que existe uma esquerda que continua a perseguir quem não pensa exatamente como ela. Devíamos refletir sobre este tema.
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