Se costuma ter atenção aos carros que passam por si na estrada já deve ter notado que os modelos SUV são o novo grito da moda para os condutores portugueses e europeus.
De uma forma impressionante e a registar o melhor resultado do século, a venda dos SUV – sport-utility vehicle ou veículo utilitário desportivo, em português – aumentaram 24% em toda a Europa nos primeiros seis meses do ano, num total de 2,92 milhões de unidades novas. Este comportamento também reflete o espaço cada vez maior que os SUV ocupam nas vendas totais de automóveis, tanto é que, só em junho, as vendas aumentaram cerca de 30% face ao mesmo mês do ano passado.
Segundos dados da ACAP, em Portugal, o SUV com tração às duas rodas, 4×2, mais vendido desde 2010 é o Nissan Qashqai, com 35 124 unidades novas, seguindo-se o Renault Captur, vendido apenas a partir de 2013 e com um registo de 25 968 vendas. Já no que diz respeito aos SUV com tração às quatro rodas, 4×4, os Mercedes-Benz Classe GLA e o Classe GLC têm uma larga vantagem com 4738 e 2256 vendas desde 2013 e 2014, respetivamente.
No primeiro seis meses do ano, em Portugal, “no total de ligeiros de passageiros, os modelos SUV representaram 26% do mercado, o que é muito significativo em termos de mercado automóvel” afirma Hélder Pedro, secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). “Em primeiro lugar, com 46%, temos os de cinco portas, os tradicionais, e logo a seguir os SUV.”
Neste período foram 4858 os Renault Captur comprados pelos portugueses e 4345 os Nissan Qashqai, os mais vendidos da classe 4×2. Nos 4×4, este ano, os Mercedes continuam a ser a preferência dos portugueses.
Este tipo de automóvel nasceu nos anos 1930, com o Chevrolet Suburban e o GAZ–61. O modelo da marca norte-americana, com nove lugares e cinco metros de comprimento, é o mais antigo SUV ainda em produção. Inicialmente eram construídos com base nas características dos todo-o-terreno, altos e robustos, e tinham como grande utilidade o transporte de famílias numerosas dos subúrbios para as grandes cidades americanas.
O grande boom deu-se no início dos anos 2000, nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Índia, mas foi a partir de 2015 que os SUV começaram a ganhar expressão no setor à volta do mundo
Hoje em dia, a estética é o ponto em que as marcas mais tentam inovar e que mais chama a atenção dos consumidores. Um veículo que está entre um “carro (tradicional) e um camião”, segundo a revista automóvel “Hemmings”, com rodas grandes, alto, robusto, aerodinâmico, cada vez mais adaptado à cidade e com um interior espaçoso: são estas características que distinguem os SUV de outros automóveis.
“Esta é uma tendência que começou com algumas marcas, há alguns anos. Teve sucesso e as outras marcas procuraram apostar nestes veículos para terem também sucesso nas vendas”, explicou Hélder Pinto. “As razões para que isto aconteça prendem-se com o comportamento do mercado. Cada vez há mais oferta do lado dos fabricantes (de SUV) e, havendo mais oferta, há apetência para a compra deste tipo de carro, maior, mais confortável e mais desportivo.”
Citadinos, crossovers, compactos, de pequena, grande ou média dimensão, luxuosos, desportivos, robustos, versáteis, especiais para todo o terreno ou para a cidade, com mais ou menos lugares – como se costuma dizer, há SUV’s “para todos os gostos”. Estes automóveis têm traços idênticos aos do jipe, mas o conforto de automóvel familiar já conquistou compradores e fabricantes.
Esquecer os automóveis de uma vida inteira e poder inovar parece ser uma das grandes vantagens que tornam este mercado tão apelativo, até porque o design é a característica que mais apaixona os amantes deste tipo de automóvel.
“Os carros com uma frente mais alta têm vindo a ter muita procura” porque, “em relação a outros carros, os designs modernos e apelativos vão ao encontro de uma camada da população que procura este tipo de carros, que rompam com o tradicional.”
No entanto, o benefício dos SUV para quem que fazer deles um carro do dia-a-dia não passa só pelo design e pela comodidade, mas também pelo preço.
Com valores para (quase) todos os bolsos, que vão desde os 15 mil aos 200 mil euros, “não é um carro tão caro como os que havia antigamente com as mesmas características”, como os jipes ou os Land Rovers.
Este comportamento do mercado é também visto como uma mais-valia para as marcas que usam os SUV como forma de aliciar novos consumidores que não estejam “tão ligados a essa marca”.
Produção portuguesa Portugal também segue a moda e, quando falamos em quota de mercado, temos uma (boa) palavra a dizer. O Volkswagen T-Roc liderou nos primeiros seis meses o ranking de SUV’s que mais cresceram – curiosamente, construído em Palmela, na Autoeuropa.
Um modelo estratégico para a marca e crucial para reforçar a liderança na Europa: são estes os pressupostos do novo SUV com mão portuguesa. Compacto, urbano, mais pequeno e barato que outros já existentes no mercado, com foco no público urbano e jovem.
Para a produção deste carro, a Autoeuropa recebeu um investimento de 677 milhões de euros para uma nova plataforma intermodal, para a produção de vários modelos. Nos primeiros quatros meses do ano, as vendas do grupo da marca alemã cresceram cerca de 8,1%, com os SUV a serem os principais responsáveis por esse aumento.
Portagens Toda a gente parece estar atenta à nova moda automóvel e o governo não foge à regra. A partir de janeiro vai poder passear com o SUV para todo o lado com a certeza de que irá pagar o valor mais baixo quando passar por portagens.
A alteração passou a incluir em classe 1 os automóveis com a altura do piso ao capô de 1,3 metros e peso bruto inferior ou igual a 2300 quilogramas. Assim, os SUV irão poder pagar menos em relação ao que ainda agora acontece. “Não fazia sentido muitos destes carros pagarem classe 2. São carros que, apesar de terem o design frontal mais alto, têm o peso bastante mais baixo”, afirma Hélder Pedro.
O grupo PSA – que inclui as marcas Citroën, Peugeot e Opel – já tinha alertado para o risco de o investimento em Portugal estar em causa devido ao modelo de pagamento de portagens.