Os portugueses estão rendidos aos veículos de duas rodas. O aumento contínuo do preço dos combustíveis nos últimos anos e a dificuldade de estacionamento nos centros urbanos contribuíram, em parte, para mudar os hábitos dos consumidores. Muitos começaram a encostar os carros e a comprar motos. E os números falam por si: só em agosto assistiu-se a um crescimento de 17,9% face a igual mês do ano anterior, tendo sido matriculadas em Portugal 4012 unidades.
Os números ganham maior revelo se analisarmos os dados acumulados. Nos primeiros oito meses de 2018 foram matriculados 22818 veículos em Portugal, o que correspondeu a um crescimento homólogo do número de unidades matriculadas de 11,0%, revelam os últimos dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
As motos de cilindrada até 125 centímetros cúbicos são as que estão a conquistar mais os portugueses: além do preço ser mais baixo está aliada à vantagem de ser possível conduzir com uma carta de ligeiros. Em agosto representaram mais de metade das vendas: 2.259 unidades matriculadas, o que representou um acréscimo de 20,9% face ao mês homólogo do ano passado.
Seguros
Mas nem tudo são vantagens. Os principais obstáculos surgem no momento da contratação do seguro. Pela natureza do risco envolvido, muitas seguradoras põem entraves na subscrição do seguro para motas. Regra geral, só aceitam cobertura de responsabilidade civil, ou seja, apenas sobre danos materiais (no valor de 600 mil euros) e corporais (no valor de 1,2 milhões de euros). É este o mínimo que a lei exige. A verdade é que, na generalidade dos casos, é mais difícil fazer um seguro para mota do que para um carro (ver quadro ao lado).
Há ainda outras condicionantes impostas pelas companhias e que acabam por influenciar o preço a pagar. Se, por um lado, a probabilidade de ter um acidente é maior no caso de uma moto, há, por outro lado, vários fatores que ditam o valor a cobrar e que acabam por penalizar o prémio final. Um seguro para uma pessoa de 18 anos será diferente do de um indivíduo com mais de 25 anos. Também a cilindrada e o modelo do motociclo são outros fatores com influência nas companhias de seguros, assim como a zona de residência.
Mas as dificuldades não se ficam por aqui. A grande maioria das seguradoras só aceita fazer um seguro para uma moto se o condutor já for cliente ou se tiver um cadastro limpo. Se isso não acontecer, então essa tarefa pode ser vista quase como uma “missão impossível”.
“Enquanto a responsabilidade civil, a proteção jurídica e a assistência em viagem costumam fazer parte da cobertura base de um seguro para motos, já a proteção de ocupantes, a quebra de vidros e a garantia contra choque, colisão ou capotamento e contra catástrofes naturais e roubo são normalmente complementares. Quantos mais destes elementos se incluir, mais completo (e dispendioso) será o pacote. E para os amantes de duas rodas, a escolha do seguro não deve recair apenas no prémio mais reduzido. Se um preço mais baixo se torna mais apelativo aos olhos (e à carteira) do consumidor, tendo em consideração a gravidade habitual de um acidente com um motociclo, ter proteção para o condutor é muito importante”, explica ao i José Figueiredo, diretor geral do ComparaJá.pt.
A plataforma chama ainda a atenção para o facto de ser possível dividir a oferta de seguros para motociclos em dois pacotes, conforme o conjunto de coberturas que oferecem: existem as opções mais simples, com base na obrigação da responsabilidade civil (existindo versões mais básicas e opções com coberturas mais alargadas) e as soluções mais completas, denominadas por danos próprios, não sendo, no entanto, uma proteção disponibilizada pela generalidade das seguradoras.
APRENDA A ENCONTRAR O MELHOR SEGURO
1 – Evitar comprar marcas que são furtadas com maior frequência
Conseguir fazer um seguro para uma moto é sempre complicado e as seguradoras têm vários critérios em conta. Comprar uma marca que é roubada com frequência é um dos erros a evitar, já que torna mais difícil a tarefa de obter um seguro e, caso o consiga, penaliza o valor a pagar.
2 – Definir muito bem as coberturas a escolher
O seguro obrigatório de responsabilidade civil tem uma apólice uniforme, definida por lei. Desta forma, é comercializado por todas as seguradoras com as mesmas condições e o valor a pagar varia consoante a cilindrada e o capital seguro. É o seguro mais fácil de obter no caso de uma moto, uma vez que a grande maioria das seguradoras coloca alguns entraves às coberturas extra. Contudo, se o desejar, pode sempre tentar contratar um pacote que inclua danos próprios, como choque, incêndio ou roubo. Pode ainda ir mais longe e tentar subscrever mais coberturas por um prémio adicional: fenómenos naturais e vandalismo, assim como a cobertura de ocupantes.
3 – Escolher muito bem a pessoa
Existem diferenças de prémio consoante a idade do condutor e os seus anos de carta, tal como acontece no seguro automóvel. Geralmente, o prémio é agravado se tiver menos de 25 anos e carta de condução há menos de dois. Além disso, quanto menos acidentes tiver, melhor, já que este número tanto pode ser valorizado como penalizado pela seguradora.
4 – Comprar uma moto menos potente
Pode ser uma boa solução para quem não está interessado em pagar uma prestação muito elevada. Geralmente, as seguradoras penalizam as motos de maior cilindrada. Isso significa que quanto mais potente for, maior será o prémio a pagar.
5 – A cidade onde mora também pode vir a ditar o preço a pagar
Por regra, Lisboa e Porto são consideradas pelas seguradoras zonas de risco elevado e, por isso, o seguro é mais caro do que, por exemplo, no Alentejo. A verdade é que a definição das zonas geográficas e de risco varia conforme as companhias e está relacionada com as estatísticas de sinistralidade.
6 – Concentrar vários seguros na mesma seguradora
O ideal é procurar a melhor seguradora, em termos globais, para que possa ser possível concentrar na mesma companhia todos os seguros que tiver para ter condições especiais: de habitação, de carro, de moto, de saúde, entre outros. Se já tem um seguro de carro, contacte primeiro a sua seguradora, pois, na maior parte das companhias, se não for cliente é ainda mais difícil contratar um seguro de moto.
7 – Pagar de uma só vez
Se conseguir, evite o pagamento semestral, trimestral ou mensal dos prémios, pois isso implica um custo adicional, proporcional ao número de prestações.
8 – O que fazer em caso de recusa
Caso lhe voltem as costas, reúna três declarações de recusa e apresente-as ao Instituto de Seguros de Portugal. Este tratará de nomear uma companhia para lhe fazer o seguro.