A exclusão de Nani


JOSÉ PESEIRO NÃO CONVOCOU Nani para o jogo no passado sábado, contra o Marítimo, em consequência da sua reação intempestiva depois de ser substituído no jogo contra o Braga, que o Sporting perdeu por 1-0. São estranhas estas reações de jogadores que se irritam por serem substituídos, pois isso é o pão-nosso-de-cada-dia dos futebolistas. Serem…


JOSÉ PESEIRO NÃO CONVOCOU Nani para o jogo no passado sábado, contra o Marítimo, em consequência da sua reação intempestiva depois de ser substituído no jogo contra o Braga, que o Sporting perdeu por 1-0. São estranhas estas reações de jogadores que se irritam por serem substituídos, pois isso é o pão-nosso-de-cada-dia dos futebolistas. Serem substituídos – ou substituírem um colega – faz parte da sua vida desde que começam a jogar nas camadas jovens. Umas vezes justamente, outras nem tanto, mas sabendo que a única pessoa com legitimidade para fazer esse juízo é o treinador. Assim, eles deviam estar mais que habituados a estas situações.

E estão. Por isso, uma reação negativa de um jogador depois de uma substituição não deve ser minimizada. Significa sempre um acto de revolta contra o treinador. E quer normalmente dizer que entre o jogador e o treinador não existe uma relação saudável, um clima de confiança.

SEMPRE ACHEI que a contratação de Nani pelo Sporting não foi uma boa decisão. Um jogador como ele, campeão europeu, com uma carreira que o levou ao topo do futebol mundial, é inevitavelmente um homem cheio da sua importância, que se julga acima dos colegas, com direito a um estatuto especial. Não reconhece ao treinador competência para julgar se está a jogar bem ou mal. É caprichoso, prima donna. 

Ainda por cima, Nani é inevitavelmente um jogador com complexos pois, apesar do seu currículo, a verdade é que só esteve um ano ao mais alto nível – quando foi para Manchester. Depois perdeu a titularidade, entrou em queda, andou pela Turquia, voltou a Portugal, foi para Espanha, nunca mais brilhou.

O seu rendimento é hoje muito relativo, mas mantém o orgulho e os tiques das estrelas. Ora isso inevitavelmente provoca choques e complicações.

O CASO DE NANI não é evidentemente único. É muito vulgar em futebolistas em fim de carreira. Recusam-se a aceitar o seu declínio e acusam outros de os estarem a discriminar. Contratar um futebolista nestas condições não é, pois, uma grande decisão.

Claro que há exceções. Lembro-me de Acosta, um avançado de cabelo grisalho que marcava imensos golos e deu um campeonato – julgo que o último – ao Sporting. Lembro-me de Preud’homme, que fez grandes épocas no Benfica já com mais de 30 anos, a ponto de se tornar um símbolo das águias. E há o caso de Jonas, que nunca pensei que fizesse o que fez no Benfica. Já estava ‘velho’ quando veio, não jogava no seu clube, mas chegou viu e venceu. Tornou-se o goleador mais temível do campeonato português, mostrando alem disso uma rara inteligência em campo.

MAS NÃO SERÁ o caso de Nani. Julgo que este vai acabar sem honra nem glória. O choque com o treinador é um péssimo prenúncio. Nesta fase da vida dos jogadores, a humildade é um trunfo – e a arrogância, pelo contrário, costuma ser fatal.


A exclusão de Nani


JOSÉ PESEIRO NÃO CONVOCOU Nani para o jogo no passado sábado, contra o Marítimo, em consequência da sua reação intempestiva depois de ser substituído no jogo contra o Braga, que o Sporting perdeu por 1-0. São estranhas estas reações de jogadores que se irritam por serem substituídos, pois isso é o pão-nosso-de-cada-dia dos futebolistas. Serem…


JOSÉ PESEIRO NÃO CONVOCOU Nani para o jogo no passado sábado, contra o Marítimo, em consequência da sua reação intempestiva depois de ser substituído no jogo contra o Braga, que o Sporting perdeu por 1-0. São estranhas estas reações de jogadores que se irritam por serem substituídos, pois isso é o pão-nosso-de-cada-dia dos futebolistas. Serem substituídos – ou substituírem um colega – faz parte da sua vida desde que começam a jogar nas camadas jovens. Umas vezes justamente, outras nem tanto, mas sabendo que a única pessoa com legitimidade para fazer esse juízo é o treinador. Assim, eles deviam estar mais que habituados a estas situações.

E estão. Por isso, uma reação negativa de um jogador depois de uma substituição não deve ser minimizada. Significa sempre um acto de revolta contra o treinador. E quer normalmente dizer que entre o jogador e o treinador não existe uma relação saudável, um clima de confiança.

SEMPRE ACHEI que a contratação de Nani pelo Sporting não foi uma boa decisão. Um jogador como ele, campeão europeu, com uma carreira que o levou ao topo do futebol mundial, é inevitavelmente um homem cheio da sua importância, que se julga acima dos colegas, com direito a um estatuto especial. Não reconhece ao treinador competência para julgar se está a jogar bem ou mal. É caprichoso, prima donna. 

Ainda por cima, Nani é inevitavelmente um jogador com complexos pois, apesar do seu currículo, a verdade é que só esteve um ano ao mais alto nível – quando foi para Manchester. Depois perdeu a titularidade, entrou em queda, andou pela Turquia, voltou a Portugal, foi para Espanha, nunca mais brilhou.

O seu rendimento é hoje muito relativo, mas mantém o orgulho e os tiques das estrelas. Ora isso inevitavelmente provoca choques e complicações.

O CASO DE NANI não é evidentemente único. É muito vulgar em futebolistas em fim de carreira. Recusam-se a aceitar o seu declínio e acusam outros de os estarem a discriminar. Contratar um futebolista nestas condições não é, pois, uma grande decisão.

Claro que há exceções. Lembro-me de Acosta, um avançado de cabelo grisalho que marcava imensos golos e deu um campeonato – julgo que o último – ao Sporting. Lembro-me de Preud’homme, que fez grandes épocas no Benfica já com mais de 30 anos, a ponto de se tornar um símbolo das águias. E há o caso de Jonas, que nunca pensei que fizesse o que fez no Benfica. Já estava ‘velho’ quando veio, não jogava no seu clube, mas chegou viu e venceu. Tornou-se o goleador mais temível do campeonato português, mostrando alem disso uma rara inteligência em campo.

MAS NÃO SERÁ o caso de Nani. Julgo que este vai acabar sem honra nem glória. O choque com o treinador é um péssimo prenúncio. Nesta fase da vida dos jogadores, a humildade é um trunfo – e a arrogância, pelo contrário, costuma ser fatal.