Joker. O velhinho psicopata

Joker. O velhinho psicopata


A caminho dos 80 anos, Joker já foi adjetivado de muitos modos – anarquista, psicopata, comediante, instigador – e apelidado de muitos nomes: “O homem que ri”, “O príncipe palhaço”… Cabe agora a Joaquin Phoenix levá-lo novamente ao grande ecrã em 2019 num filme que, desta vez, terá o vilão como protagonista. Mas será muito difícil…


Joker – Batman – n.º 1 – 1940

O primeiro número da BD “Batman” foi lançado na primavera de 1940 e Joker (em inglês, The Joker) fez parte deste universo desde o primeiro instante. A personagem de Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson teria de esperar até ao 11.º livro para ter uma aparição de capa mas teve o condão imediato de satisfazer o propósito com que foi criado: o de ser um supervilão. Nascido em Gotham, o arqui-inimigo de Batman, apresentava-se como um génio do crime e foi inspirado numa personagem de Vitor Hugo no romance “L’Homme qui rit” (O Homem que Ri), dotado de cabelo verde, um tenebroso sorriso cicatrizado e um guarda-roupa cheio infindável de stock de fatos roxos.

 

Cesar Romero – Batman e Robin – 1966-1968

Nem o facto de se ter recusado a cortar o bigode para interpretar a personagem fez com que Cesar Romero fosse menosprezado pelos fãs nesta sua interpretação do vilão, na série de televisão “Batman e Robin”, na década de 60. Ao longo de 120 episódios, o bigode de Romero – Batman ficou a cargo de  Adam West e  Robin de Burt Ward – foi disfarçado pela maquilhagem branca mas nunca desapareceu, o que até convinha ao tom satírico da série. Joker alinha no registo: perdeu os traços de psicopata, e as suas maldades ficam-se por trafulhices fofinhas – por exemplo, transformar a água de Gotham em gelatina. A série foi adaptada ao cinema, tornando-se no primeiro filme da saga.

 

Joker – Sooby Doo – 1972

Recentemente, as aparições mais icónicas de Joker em animações deram-se nos filmes da “Lego”. Mas as versões mais ‘soft’ foram sendo ensaiadas logo nos anos 70, ainda fruto da supervisão da  Comics Code Authority, que, desde a década anterior, obrigou os criadores a fugir de uma linha mais violenta – e a imprevisibilidade de Joker, cujas ações implicavam muitas vezes homicídios, estavam fora da equação. Por isso vemos Joker em versões mais amigáveis, como a que surge em Scooby Doo, em que só por fora se assemelha ao psicopata cruel criado em 1940: por dentro, é tão inofensivo que nem assusta o próprio… Scooby Doo.

 

Jack Nicholson – Batman – 1989

E eis que o caminho – em que deixámos muitos outros Jokers de fora – desemboca em Joaquin Phoenix. Os rumores eram persistentes, mas este fim de semana o realizador Todd Phillips, que coassina o guião ao lado de Scott Silver, usou a sua conta de Instagram para confirmar que está mesmo escolhido o protagonista do novo filme da DC Comics que, ao invés de Batman, se centrará no mau da fita. O realizador partilhou um vídeo em que mostra os testes de câmara ao ator de origem porto-riquenha com a caracterização de Joker, mas sabe-se ainda muito pouco sobre esta produção que deve estrear em outubro do próximo ano. 

 

Mark Hamill – Batman: The Animated Series – 1992-1995

Pois, Luke Skywalker afinal também tinha um lado negro da força. Mark Hammil é a voz de Joker em “Batman: The Animated Series”,  exibida entre 1992 e 1995, produzida pela Warner Bros Animation e que venceu quatro prémios Emmy. A voz de Mark Hammil, que complementa a animação, é para muitos fãs mais do que suficiente para fazer desta interpretação uma das melhores versões da personagem. O ator foi tão convincente que, entre 2009 e 2015, foi chamado para dar voz ao vilão em três videojogos “Batman: Arkham Asylum”, “Batman: Arkham City” e “Batman: Arkham  Knight”.

 

Heath Ledger  – The Dark Knight – 2008

Há exatos dez anos, o Joker de Heath Ledger, em “The Dark Knight”, de Christopher Nolan, deixou marcas. Não só foi o último filme do ator, que morreu aos 28 anos logo após o final da rodagem, mas também uma das melhores versões da personagem até à data. Heath Ledger dá vida a um sombrio assassino sádico, alucinado, agressivo, absolutamente imprevisível, que tem tanto de inteligente como de louco. Heath Ledger não viu este que foi considerado o seu melhor papel chegar às salas de cinema. E ganhou, postumamente, o Óscar de Melhor Ator Secundário e o Globo de Ouro pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood.

 

Zach Galifianakis – The Lego Batman Movie – 2017

Bem longe do universo de “A Ressaca”, onde interpreta o inadaptado Alan Garner, coube a Zach Galifianakis dar voz a Joker em “The Lego Batman Movie”, que estreou em Portugal em fevereiro do ano passado – por cá, Luís Franco Bastos deu a voz a Joker. Não foi a primeira vez que o mundo dos Legos se aventurou num filme de animação – a primeira versão, chamada The Lego Movie, foi lançada em 2014. Mas tal como o nome indica, desta vez, a inspiração veio do universo de Batman, a provar mais uma vez que este é um infindável filão. O filme, dirigido por Chris McKay , conta ainda com as vozes de Will Arnett, Michael Cera, Rosario Dawson e Ralph Fiennes.

 

Joaquin Phoenix – ? – 2019

E eis que uma eventual doçura é varrida de vez para debaixo do tapete e Joker regressa ao grande ecrã como um génio do crime em ascensão. O Joker de Jack Nicholson, dirigido por Tim Burton, bebe da génese inicial e aqui assume-se para nunca mais voltar atrás como o grande inimigo de Batman/Bruce Wayne (Michael Keaton). A personagem surge na película como Jack Napier, que depois de ter sido alvejado e caído num tunel, onde inala um estranho gás, sofre um doloroso processo e ressurge como Joker. O riso mortal de Nicholson fez sucesso junto do grande público – foi um sucesso estrondoso de bilheteiras.