A Farfetch entrou em bolsa na sexta-feira e entrou com tudo. As ações dispararam, o valor da empresa aumentou e a fortuna de José Neves também. Pode mesmo dizer-se que a entrada dos títulos da plataforma de venda de artigos de luxo foi muito mais do que um sucesso. A palavra para definir o que aconteceu é euforia. Com as atenções centradas nas empresa fundada por José Neves, as ações dispararam quase 50% face ao preço da oferta pública inicial.
Começou num intervalo de valores que ia de 15 a 17 dólares, mas rapidamente os títulos foram revistos em alta. No dia da entrada em bolsa acabou mesmo por ser fixado nos 20 dólares por ação. No fundo, a empresa fundada por José Neves conseguiu arrecadar 885 milhões de dólares com a entrada neste mercado de capitais.
Ao i, Carla Maia Santos, senior broker da XTB, explica que “a Farfetch é a primeira empresa portuguesa a entrar na bolsa de Nova Iorque e superou todas as expectativas pela positiva. Era esperado que entrasse em bolsa dentro do range de preços dos 15 aos 17 dólares. Mas teve uma procura muito mais elevada, elevando o preço de entrada em bolsa aos 20 dólares. Ao entrar em bolsa, teve um movimento exponencial, atingindo um máximo de 30,6 dólares corrigindo só ligeiramente aos 29,33 dólares”, revela. E é a partir destes resultados que, as previsões para os próximos tempos se mantêm positivas. “Consegue-se perceber que a procura continua forte pela empresa curadora de marcas de luxo, que é muito mais do que uma empresa online de moda, é a empresa que conseguiu fundir a moda de luxo e a tecnologia. ‘Por amor à moda’ será sempre um bom investimento numa tentativa de chegar mais longe”, explica ainda.
Sucesso
A fórmula de sucesso encontrada por José Neves foi juntar duas paixões, a moda e a tecnologia. E foi este o pilar principal daquela que é hoje uma das empresas que mais dá que falar. Primeiro, rapidamente conquistou o título de start-up mais bem sucedida porque, em 2017, era já uma empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares (quase 894 mil milhões de euros). Além disso, passou de ser apenas uma ideia para se transformar numa plataforma online com escritórios em todos os pontos do mundo e sede em Londres.
“A ideia surgiu em 2007 numa Paris Fashion Week, quando José Neves, CEO da Farfetch, percebeu que as boutiques de moda de luxo compravam cada vez menos e, pelo contrário, os negócios online compravam cada vez mais. Isto potencialmente criava um problema para o negócio dele que se traduzia em menos encomendas e muito concentradas numa pequena parte da coleção, pondo em risco a diversidade da mesma”, explicou recentemente o diretor-geral da Farfetch, Luís Teixeira.
Da ideia à concretização do negócio – nascido num ambiente de recessão e de dificuldade para o mercado de boutiques multimarca – foi um passo. Até porque permitiu às boutiques, “como comunidade, competir com gigantes do online”.