Câmara Municipal de Lisboa prepara medidas para combater “situação excecional” do lixo

Câmara Municipal de Lisboa prepara medidas para combater “situação excecional” do lixo


Autarquia está a preparar um conjunto de medidas – entre elas, contratação de novos cantoneiros – para dar resposta ao problema


Durante as últimas semanas, a acumulação de lixo nas ruas da capital tem estado a marcar a atualidade. Sacos e caixas de cartão amontoados, copos de plásticos espalhados pelo chão, garrafas vazias e contentores a transbordar de lixo têm sido o cenário recorrente nas ruas da capital portuguesa.

Na passada terça-feira, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) admitiu que este cenário é uma “situação excecional”, provocada pelo “grande crescimento” do turismo na cidade de Lisboa. 

O vereador João Paulo Saraiva, responsável pela pasta dos Recursos Humanos e Finanças, disse, durante a Assembleia Municipal de Lisboa, que a autarquia não está satisfeita com a situação e, por isso, já preparou “um novo pacote [de medidas] que vai responder a essa situação excecional”. 

Ao i, a CML revelou que esta situação se deve ao aumento generalizado da produção de lixo em Portugal e confirmou que está em curso “a preparação de uma série de medidas para que até ao final do ano se consiga, por um lado, disponibilizar mais recursos financeiros para as freguesias (…) e, por outro, alterar o Regulamento de Resíduos da Cidade, que trará mais responsabilidade quanto à limpeza do espaço físico em frente aos estabelecimentos comerciais pelos próprios estabelecimentos”. 

A ideia da autarquia é contratar novos cantoneiros, fazer novas campanhas de sensibilização e adquirir novos equipamentos e meios para combater este problema.

As juntas de freguesia também têm notado que a quantidade de lixo tem aumentado na capital.
Ao i, a Junta de Freguesia da Misericórdia – que abrange a Baixa lisboeta (por exemplo, as zonas do Cais do Sodré e do Bairro Alto) – revelou que nos últimos anos tem sentido “um grande aumento da produção” de lixo na freguesia. 

E o problema têm vindo a agravar-se, segundo a junta, devido ao aumento significativo do turismo e dos alojamentos locais que, na maior parte das vezes, “não têm conhecimento ou não querem cumprir as regras da boa disposição de resíduos na via pública”. 

Mas este problema não se verifica apenas no centro da capital. Também a Junta de Freguesia de Alvalade tem registado um aumento da quantidade de lixo produzido, mas não atribui a culpa ao turismo: “Na freguesia de Alvalade, o turismo não atinge as dimensões que atinge noutras freguesias da cidade, não se podendo atribuir a este fenómeno um aumento significativo dos resíduos.” A freguesia fala na existência de outros resíduos colocados “indevidamente” na via pública ou perto dos ecopontos. 

Férias são o problema?

Para além do turismo, as autarquias culparam também os meses de verão, que são marcados por um período geral de férias.

A CML referiu que esse período tem provocado “constrangimentos na operação de remoção de resíduos da cidade”. As juntas de freguesia da Penha de França e da Misericórdia também corroboram a tese da autarquia. Ao i, a junta da Penha de França contou que notou que a CML estava com dificuldades “na recolha do lixo durante os meses de verão, dificuldade essa relacionada com o período de férias estivais, quando se verifica uma diminuição de trabalhadores no ativo”. Face a esse problema, a junta, apesar de não ser da sua competência, “tem destacado meios para fazer a recolha de resíduos indiferenciados ilegalmente depositados na via pública, nomeadamente junto aos ecopontos”. 

Quanto à lavagem das ruas, a Junta de Freguesia da Penha de França suspendeu os trabalhos devido à seca extrema que Portugal registou até março deste ano mas, “com a normalização dos recursos hídricos, tais lavagens foram retomadas em agosto”. Como opção, a junta decidiu que, sempre que possível, as lavagens serão feitas com água reciclada.

Verbas para ajudar as juntas

Para melhorar a eficiência na recolha do lixo e manter a via pública limpa, a CML vai disponibilizar verbas às juntas que ajudarão a cobrir os custos relacionados com a limpeza urbana.

“A CML vai transferir verbas para as juntas de freguesia, provenientes da taxa turística cobrada pelas dormidas na cidade, para ajudar a cobrir as despesas extraordinárias com a limpeza urbana”, afirmou ao i fonte da Junta de Freguesia da Penha de França. 

Segundo a página oficial da autarquia de Lisboa, existem três sistemas de recolha dos resíduos: por ecopontos e vidrões – que funciona com estações espalhadas pela cidade –, por ecoilhas – praticada nas periferias da cidade através de um conjunto de contentores de grande capacidade espalhados pelas vias públicas – e porta-a-porta – realizada ao domicílio através de contentores atribuídos aos edifícios.

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