contentores do Barreiro vai estar em consulta pública a partir do próximo dia 16 de outubro. A garantia foi dada ao i por Rui Braga, vereador da Gestão e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal. Braga acredita que, ao contrário do que aconteceu com o anterior projeto, este estará em condições de ser aprovado, de forma a que no início do próximo ano possa ser lançado o concurso internacional de construção e exploração do terminal. “Sabemos que há uma intenção do Governo muito forte em instalar aqui esta unidade operativa e se não houver qualquer objeção durante o processo de consulta pública que vai durar até 26 de novembro, acredito que a APL – Administração do Porto de Lisboa estará em condições para avançar com o concurso público internacional, algures entre janeiro e fevereiro”, refere ao i.
O responsável chama a atenção para o peso deste projeto na cidade. O investimento ronda os 600 milhões de euros e irá permitir criar mais de 500 postos de trabalho diretos e atrair novas empresas para o concelho. Para já, Rui Braga não consegue adiantar o número de novas empresas que possam vir a instalar-se no concelho, prometendo um estudo para breve. “Ainda não sabemos o número de empresas que poderemos atrair. Queremos fazer um estudo, nem que seja para direcionar medidas no âmbito fiscal para que possamos estimular a vinda de empresas de um setor específico para o Barreiro, fruto da necessidade que o terminal possa abrir”, afirma.
Ainda por confirmar está o pedido da autarquia ao ministério do Mar para que, no caderno de encargos, fique previsto que o player que ganhar a concessão seja obrigado a ter a sede no Barreiro. “Ainda não há certeza se isso irá ser contemplado. Só saberemos quando for lançado o caderno de encargos, mas era positivo que isso viesse a acontecer, pois tendo sede no Barreiro, o player seria obrigado a pagar aqui os impostos. E com esse pedido não estamos a ignorar os impactos positivos que este projeto tem para a cidade, nomeadamente na criação de emprego, o que é muito bom tendo em conta a taxa de desemprego que existe no Barreiro ”, alerta o vereador ao i.
Mudanças face ao projeto anterior
Rui Braga mostra-se otimista em relação à concretização do investimento, depois do projeto ter sido chumbado pelo anterior autarca em sede de estudo de impacto ambiental, já que o parecer da autarquia tem um caráter vinculativo.
O que mudou? A localização. Ao contrário do projeto inicial, este viabiliza a terceira travessia do Tejo. “O projeto que lideramos prevê o terminal numa nova localização e, com isso, recebe o aval de todos os partidos da autarquia. Também já foram discutidas as acessibilidades rodoviárias e ferroviárias com a Infraestruturas de Portugal”, garante ao i.
Rui Braga diz ainda que no estudo de impacto ambiental foram considerados os nós de amarração e as possíveis entradas e saídas na baía do Tejo. “Estou convencido que agora as coisas todas estão compatibilizadas, não só a terceira travessia, mas também o futuro aeroporto do Montijo e para isso é necessário haver ligação Barreiro/Montijo”, refere, acrescentando ainda que a autarquia está a desenvolver, em conjunto com a APL, um estudo urbanístico que deverá estar pronto até ao final do ano “para ver qual é a melhor forma de coser os contentores com a malha urbana”.
De acordo com as contas do vereador, “se tudo correr bem, o terminal estará pronto para funcionar entre 2024 e 2025, já que a obra irá demorar cinco a seis anos”.
Aumentar a capacidade de tráfego e complementar o terminal de Lisboa são os grandes objetivos, segundo o responsável, deste projeto. “Além disso, vai contar com outras funcionalidades que o terminal de Lisboa não tem que é a capacidade de receber outro tipo de carga. Outra particularidade diz respeito à instalação de acostagem de barcaças, ou seja, na sua plenitude máxima permite sair por barcaças cerca de 30% do tráfego”.
Recorde-se que, inicialmente foi apontada como solução a localização de Trafaria, mas a ideia acabou por cair por terra ao ser anunciado o Barreiro como a única localização em cima da mesa para a instalação do “reforço” do terminal de contentores do Porto de Lisboa.
No início deste ano, a ministra Ana Paula Vitorino chegou a admitir que existiam investidores chineses interessados no terminal de contentores no Barreiro. Os investidores chineses têm-se mostrado mais interessados no novo terminal de Sines, mas também no do Barreiro. Temos tido manifestações de interesse de grandes operadores mundiais e também de investidores que não têm um percurso na área portuária, mas que têm interesse nas áreas relacionadas com os portos, principalmente para os portos de Sines, Lisboa e Leixões”, afirmou. Nessa altura, a governante também chamou a atenção para o aparecimento de demonstrações de interesse de “grupos do norte da Europa que pretendem instalar-se em Portugal e que estão a começar a analisar o mercado”. “Acham que este pacote de investimento nos portos vai criar oportunidades não só na atividade portuária mas em todas as atividades conexas”.