Barreiro. Terminal de contentores em consulta pública a partir de outubro

Barreiro. Terminal de contentores em consulta pública a partir de outubro


A câmara do Barreiro está otimista em relação ao desfecho deste investimento que envolve 600 milhões. Vereador acredita que concurso internacional será lançado no início de 2019


contentores do Barreiro vai estar em consulta pública a partir do próximo dia 16 de outubro. A garantia foi dada ao i por Rui Braga, vereador da Gestão e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal. Braga acredita que, ao contrário do que aconteceu com o anterior projeto, este estará em condições de ser aprovado, de forma a que no início do próximo ano possa ser lançado o concurso internacional de construção e exploração do terminal. “Sabemos que há uma intenção do Governo muito forte em instalar aqui esta unidade operativa e se não houver qualquer objeção durante o processo de consulta pública que vai durar até 26 de novembro, acredito que a APL – Administração do Porto de Lisboa estará em condições para avançar com o concurso público internacional, algures entre janeiro e fevereiro”, refere ao i.

O responsável chama a atenção para o peso deste projeto na cidade. O investimento ronda os 600 milhões de euros e irá permitir criar mais de 500 postos de trabalho diretos e atrair novas empresas para o concelho. Para já, Rui Braga não consegue adiantar o número de novas empresas que possam vir a instalar-se no concelho, prometendo um estudo para breve. “Ainda não sabemos o número de empresas que poderemos atrair. Queremos fazer um estudo, nem que seja para direcionar medidas no âmbito fiscal para que possamos estimular a vinda de empresas de um setor específico para o Barreiro, fruto da necessidade que o terminal possa abrir”, afirma.

Ainda por confirmar está o pedido da autarquia ao ministério do Mar para que, no caderno de encargos, fique previsto que o player que ganhar a concessão seja obrigado a ter a sede no Barreiro. “Ainda não há certeza se isso irá ser contemplado. Só saberemos quando for lançado o caderno de encargos, mas era positivo que isso viesse a acontecer, pois tendo sede no Barreiro, o player seria obrigado a pagar aqui os impostos. E com esse pedido não estamos a ignorar os impactos positivos que este projeto tem para a cidade, nomeadamente na criação de emprego, o que é muito bom tendo em conta a taxa de desemprego que existe no Barreiro ”, alerta o vereador ao i.

 

Mudanças face ao projeto anterior

Rui Braga mostra-se otimista em relação à concretização do investimento, depois do projeto ter sido chumbado pelo anterior autarca em sede de estudo de impacto ambiental, já que o parecer da autarquia tem um caráter vinculativo.

O que mudou? A localização. Ao contrário do projeto inicial, este viabiliza a terceira travessia do Tejo. “O projeto que lideramos prevê o terminal numa nova localização e, com isso, recebe o aval de todos os partidos da autarquia. Também já foram discutidas as acessibilidades rodoviárias e ferroviárias com a Infraestruturas de Portugal”, garante ao i.

Rui Braga diz ainda que no estudo de impacto ambiental foram considerados os nós de amarração e as possíveis entradas e saídas na baía do Tejo. “Estou convencido que agora as coisas todas estão compatibilizadas, não só a terceira travessia, mas também o futuro aeroporto do Montijo e para isso é necessário haver ligação Barreiro/Montijo”, refere, acrescentando ainda que a autarquia está a desenvolver, em conjunto com a APL, um estudo urbanístico que deverá estar pronto até ao final do ano “para ver qual é a melhor forma de coser os contentores com a malha urbana”. 

De acordo com as contas do vereador, “se tudo correr bem, o terminal estará pronto para funcionar entre 2024 e 2025, já que a obra irá demorar cinco a seis anos”.

Aumentar a capacidade de tráfego e complementar o terminal de Lisboa são os grandes objetivos, segundo o responsável, deste projeto. “Além disso, vai contar com outras funcionalidades que o terminal de Lisboa não tem que é a capacidade de receber outro tipo de carga. Outra particularidade diz respeito à instalação de acostagem de barcaças, ou seja, na sua plenitude máxima permite sair por barcaças cerca de 30% do tráfego”.

Recorde-se que, inicialmente foi apontada como solução a localização de Trafaria, mas a ideia acabou por cair por terra ao ser anunciado o Barreiro como a única localização em cima da mesa para a instalação do “reforço” do terminal de contentores do Porto de Lisboa.

No início deste ano, a ministra Ana Paula Vitorino chegou a admitir que existiam investidores chineses interessados no terminal de contentores no Barreiro. Os investidores chineses têm-se mostrado mais interessados no novo terminal de Sines, mas também no do Barreiro. Temos tido manifestações de interesse de grandes operadores mundiais e também de investidores que não têm um percurso na área portuária, mas que têm interesse nas áreas relacionadas com os portos, principalmente para os portos de Sines, Lisboa e Leixões”, afirmou. Nessa altura, a governante também chamou a atenção para o aparecimento de demonstrações de interesse de “grupos do norte da Europa que pretendem instalar-se em Portugal e que estão a começar a analisar o mercado”. “Acham que este pacote de investimento nos portos vai criar oportunidades não só na atividade portuária mas em todas as atividades conexas”.