Se há alguma coisa que não se pode dizer da vida política portuguesa é que está uma chatice. Bem pelo contrário: a história da novela Robles tem novos episódios todos os dias; Rui Rio não dá descanso aos candidatos às autarquias pelo seu partido, ameaçando-os com processos judiciais; e se juntarmos a tudo isto a “série televisiva” de Tancos, com Presidente, ministro e Rui Rio à mistura, percebemos como está animada a política à portuguesa.
Mas comecemos pelo caso Robles. É óbvio que o BE ficou diminuído com a denúncia de que o seu vereador estava a entrar no mercado da especulação imobiliária, sendo preciso fazer marcha-atrás depois da reação catastrófica à denúncia do negócio imobiliário de Robles. Negócio esse perfeitamente legítimo, menos para aqueles que se tinham manifestado contra o lucro rápido dos negócios imobiliários, como era o caso do vereador. Diga-se que o partido ou o seu novo vereador, em nome da transparência, não reconduziu no cargo de assessora jurídica a sua própria filha a quem o partido reconhece mérito, mas que na situação criada provocaria ruído e confusão a Manuel Grilo e ao partido. Sendo assim, o novo vereador decidiu “correr” com a própria filha que tinha sido nomeada seis dias antes. Gato escaldado de água fria tem medo, já diz o ditado popular.
Quanto aos episódios do mundo laranja, Rio continua focado em fazer guerra a todos aqueles militantes que não cumpriram as regras financeiras das autárquicas. Quem gastou mais dinheiro do que o partido tinha aprovado tem o tribunal à espera, numa iniciativa inédita de transparência partidária.
Por fim, Tancos. O que dizer de um caso em que o Presidente diz que haverá desenvolvimentos muito em breve, em que o ministro afirma não saber se o material roubado nos paióis de Tancos já foi todo recuperado e em que o líder da oposição anuncia que tem mais informação do que aquela que os governantes têm? Temos de reconhecer: isto está bem animado.