A Rússia vai criar na cidade mais fria do planeta, Yakutsk, na Sibéria Oriental, “um centro científico paleogenético de classe mundial” para conseguir dar vida a animais há muito extintos, como os mamutes. O plano, que prevê um investimento de 400 milhões de rublos (mais de cinco milhões de euros) vai ser apresentado em Vladivostoque, durante o Eastern Economic Forum, pela reitora em exercício, Evgneia Mikhailova.
O centro ficará sediado na Universidade Federal do Nordeste, na República de Yakutia – cujo governo já anunciou o seu apoio ao projeto -, onde 80% das amostras de tecido mole do Pleistoceno (entre 2588 milhões de anos e 11 700 anos atrás) e Holoceno (de há 11 700 anos até agora) foram encontradas. Preservadas durante milhares de anos no pergelissolo de Yakutia, a camada de terra, rochas e sedimentos permanentemente gelada, essas amostras servirão agora como ponto de partida.
“Não há material tão singular em nenhum outro lado do mundo”, disse a especialista Lena Grigorieva ao “Siberian Times”. Grigorieva, investigadora-chefe do Centro Internacional para o Uso Coletivo da Paleontologia Molecular do Instituto de Ecologia Aplicada do Norte da Universidade Federal do Nordeste, garante que “este tipo de estudos ajudarão na investigação de doenças genéticas raras, seu diagnóstico e prevenção”.
Além dos mamutes, os cientistas pretendem estudar células vivas de animais como o rinoceronte-lanudo, o leão-das-cavernas e raças de cavalos há muito desaparecidas. Neste domínio, a universidade russa tem trabalhado em cooperação com a Sooam Biotech Research Foundation, da Coreia do Sul.