O desporto ocupa, cada vez mais, um papel relevante nas nossas vidas individuais e coletivas. De entre as várias modalidades desportivas existentes, o futebol continua a ser a que mobiliza mais adeptos, seja ao nível das preferências clubísticas, seja ao nível das seleções nacionais.
Portugal foi campeão europeu de futebol há dois anos, o nosso futebol é reconhecido como um dos campeonatos que melhores resultados alcança, seja pela qualidade dos clubes, seja até pelos valores económicos e financeiros que envolve na sua atividade. A indústria do futebol tem aumentado a sua importância à escala global, particularmente em continentes como o europeu e em países como o nosso.
No ranking das exportações, o futebol profissional, em Portugal, dá origem a muitos milhões de euros de receita, concentrando esta maioritariamente nos principais clubes, como o Sport Lisboa e Benfica, o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal.
O Sporting é o clube português mais eclético, o que mais medalhas olímpicas tem, o segundo clube europeu com maior número de atletas olímpicos, atrás do FC Barcelona, e destaca-se pela formação de jovens futebolistas que têm vindo a afirmar-se internacionalmente, disputando os títulos de maior prestígio e reconhecimento ao longo das suas carreiras. Jogadores como Luís Figo e Cristiano Ronaldo são exemplos desta formação, não esquecendo outros, como Paulo Futre e Simão Sabrosa, e porque não realçar Bruma ou Gelson Martins, jogadores em que depositamos grande esperança e que foram para outros campeonatos demonstrar o seu valor.
Os últimos acontecimentos que ocorreram no Sporting abalaram os portugueses. Não só pelos contornos violentos, que causaram a indignação de todos nós, mas também por toda uma telenovela de maledicência que subia de tom de dia para dia, esvaziando o interesse de quem realmente gosta de futebol e o aprecia – isto perante um pasmo coletivo e incredulidade por se constatar que o desporto pudesse ser motivo para tais comportamentos.
Apesar desta parte da vida e da história do clube mais atribulada, após o jogo com o Atlético de Madrid, e que viria a culminar na demissão de Bruno de Carvalho, os sócios regressaram em força e intervieram, através do voto, no futuro do clube, elegendo aquele que consideram o homem indicado para os desafios do momento.
A assembleia-geral, em 23 de julho, foi o prenúncio de um fim já desejado da presidência de Bruno de Carvalho, quando somente 29% dos presentes se manifestaram contra a sua destituição. A votação inédita a que assistimos no sábado confirma esta vontade de se iniciar um novo ciclo, encerrando um capítulo que não terminou da melhor forma. Mas, no que diz respeito à possível expulsão de Bruno de Carvalho de sócio do Sporting, não obstante todos os comportamentos finais que teve, difíceis de compreender, considero que tal expulsão não deverá ser concretizada. Não esqueçamos algumas das boas decisões que resultaram do seu mandato e a forma inflamada como defendia o nosso clube, contra tudo e contra todos. Excesso para alguns, paixão para outros. Mas foi presidente do nosso clube. E nós, sportinguistas, somos uma massa associativa diferente de todas as outras porque somos resilientes, com um fair play que nos distingue, com um amor pelo clube que não se confunde com a paixão, porque já é amor. Somos assim, nos bons e nos maus momentos. E é assim que deveremos continuar a ser.
Cerca de 22 mil votantes foram ao estádio e elegeram Frederico Varandas para ser o 43.o presidente do Sporting Clube de Portugal, com 42% dos votos. Dizem os números que o candidato mais próximo, João Benedito, que teve 36% dos votos, foi quem teve mais sócios a votar nele (9735), enquanto Frederico Varandas teve a preferência de 8717 sócios – um resultado interessante e que permite aos sportinguistas um conforto, por haver dois homens a quem é reconhecida a competência para liderar o clube nos próximos tempos.
Frederico Varandas é o homem que se segue. Com 38 anos, acrescentou um princípio ético ao seu programa eleitoral, que diz que vai pautar o seu mandato e tentar incorporar este mesmo princípio nas relações que estabelecer com os outros clubes: zero suspeição. Uma tarefa árdua, depois de todas as notícias dos últimos meses a mancharem esta prática desportiva e alguns dos seus dirigentes.
Estamos consigo, por um Sporting mais forte, mais exemplar e com uma ética que seja um farol para todos os outros clubes. Nós, sportinguistas, andamos sempre de cabeça erguida e com o Sporting no coração. No matter what…
Escreve quinzenalmente