Nascidos do movimento neonazi sueco, os Democratas Suecos (DS) estão perto de se tornar a segunda força política na Suécia. E, sem hesitações, já anunciaram que irão apresentar no parlamento um pedido para que a permanência na União Europeia vá a referendo após as eleições de 9 de setembro. “Pagamos uma quantidade inimaginável de dinheiro e é inimaginável o pouco que recebemos. Mas a principal razão é ideológica: não queremos estar numa união supranacional”, afirmou Jimmie Akesson, líder do DS, como justificação para a proposta, acrescentando que a UE não é mais que “uma enorme teia de corrupção”.
Ainda que não se preveja que consigam alcançar 117 deputados nas eleições legislativas, apoio necessário para passar o referendo, o DS não tem parado de se afirmar no cenário político sueco. As últimas sondagens dão-lhe entre 16,8% e 25,5% das intenções de voto – margem suficientemente ampla para poderem ser a primeira, segunda ou terceira força política no país. Se o resultado nas urnas for assim fragmentado é difícil saber qual será a solução governativa pós-eleições, ainda que todos os partidos já tenham anunciado que recusam qualquer tipo de parceria com o DS. “Não acho que iremos para o governo depois das eleições, mas teremos uma influência considerável sobre as políticas”, afirmou Akesson numa entrevista ao canal SVT.
O DS tem sido mantido à margem da política pelos restantes partidos, que acordaram um pacto informal de não cooperação para os isolar, mas com a crise dos refugiados conseguiram romper o isolamento, subindo nas sondagens. Nas últimas eleições legislativas, em 2014, entraram pela primeira vez no parlamento com 12,9% dos votos e elegendo 44 deputados. Para esse resultado muito contribuiu o facto de o partido se ter focado num assunto – a imigração -, assumindo uma posição oposta à dos restantes partidos do sistema partidário sueco. “Somos o único partido que dá prioridade aos interesses e bem-estar dos cidadãos suecos à frente da imigração”, disse Akesson. O primeiro-ministro sueco e líder dos sociais-democratas, Stefan Löfven, caracterizou-os como “um partido neofascista de apenas um assunto que não respeita nem as diferenças das pessoas nem as instituições democráticas da Suécia”.
O sucesso do DS conta com a provável inspiração do Partido Popular Dinamarquês (PPD), que terminou em segundo lugar nas legislativas de 2015 – com 21,1% dos votos (37 deputados em 175). Ainda que tenha recusado participar no governo em coligação com o Partido Liberal, o PPD apoia medidas do governo, liderado por Lars Løkke Rasmussen, em troca de políticas de imigração mais duras – uma solução que pode estar na mira de Akesson. No combate à UE, o DS inspirou-se novamente no PPD, que já tinha avançado com a proposta de um referendo à UE, por sua vez inspirado no UKIP britânico de Nigel Farage. Em reação, os três maiores partidos dinamarqueses – Partido Liberal, Partido Socialista de Esquerda e A Alternativa – assinaram um pacto para nunca permitirem que a permanência dinamarquesa na UE seja alvo de referendo.