PSD. Distritais defendem que corte nas verbas é “injusto”

PSD. Distritais defendem que corte nas verbas é “injusto”


Dirigentes distritais admitem necessidade de controlar contas do partido, mas afirmam que esta não é a forma certa


Em 2017, ano de autárquicas, o PSD aumentou a despesa e endividou-se ainda mais do que já estava. A dívida do partido subiu de 8,4 milhões em 2016 para 14,4 milhões em 2017. 

Como medida de emergência,  a direção liderada por Rui Rio vai reter parte das verbas que deve transferir para as distritais, quando as dívidas das campanhas autárquicas – contraídas pelas concelhias – ultrapassem o orçamentado. Ou seja, as quotas pagas pelos militantes e que costumam ser distribuídas 60% pelas concelhias, 30% para as distritais e 10% para a sede nacional, vão levar um corte de 50% para as distritais com concelhias mais gastadoras.

O anúncio foi feito no início de agosto, através de um despacho enviado para as estruturas locais do partido, sem que fosse dito quais as distritais que vão ser penalizadas.

Os dirigentes distritais foram apanhados de surpresa, uma vez que o assunto não foi discutido nas reuniões com a direção do partido.

Pedro Alves, presidente da distrital de Viseu, concorda que é necessário pagar as dívidas do partido, contudo acha que a forma como está a ser feito é errada. “O PSD sempre foi um partido de boas contas. Sempre arranjámos soluções falando com as diferentes estruturas. O facto desta medida ser apresentada de forma lacónica não é correto. Além disso, não pode ser igual para todos. Não podem os cumpridores pagar pelos outros”, defendeu ao i.

Também Bruno Vitorino, presidente da distrital de Setúbal, afirma que a medida “não faz muito sentido”. “Nós distritais não temos nada a ver com o que se passa nas autárquicas. São as secções que respondem diretamente à direção nacional”, explica em declarações ao i.

O dirigente não está a favor da decisão, contudo reconhece que “o partido do ponto de vista financeiro tem de começar a ter regras”. “Nós trabalhamos com milhares de fornecedores e nós temos de pagar as nossas dívidas. Ou seja, temos de gastar o que temos e não mais do que temos. Eu compreendo a necessidade de arranjar regras e disciplinar esta matéria. Mas a direção não o está a fazer da melhor forma”, acrescenta.

As distritais de Viseu e de Setúbal afirmam que não vão ser abrangidas pela medida. Já Maurício Marques, presidente da distrital de Coimbra, admite que a estrutura local que preside pode ser penalizada. “Há algumas dívidas autárquicas para além daquilo que foi orçamentado, mas ainda não sei em concreto. Estou para ter uma reunião com a nacional para discutirmos essa matéria”, refere ao i.

O também deputado do PSD pelo distrito de Coimbra defende que são precisas “medidas que imprimam maior rigor nas campanhas autárquicas”. Contudo, não está de acordo com a retenção das verbas das distritais. ”A distrital é alheia ao incumprimento das concelhias. Não me parece que seja justo estar a pagar por algumas pessoas que não cumpriram. Além disso, esta medida vai prejudicar o nosso desempenho e a nossa ação política”, alerta.