Foi o dia de Salvio. O jogador do Benfica criou, assistiu, falhou, marcou e pôs a cabeça em água à defensiva do Nacional que nunca teve velocidade, nem jogo de cintura para responder ao futebol endiabrado do extremo argentino, que mostrou na Choupana todos os seus grandes atributos. A excelente primeira parte do número 18 garantiu uma segunda parte tranquila aos homens de Rui Vitória, que tiveram menos trabalho do que se poderia supor num campo que costuma ser difícil para os visitantes.
Se o jogo começou dividido, rapidamente começou a pender para o lado dos encarnados. Os homens de branco e negro não tinham rapidez para travar o futebol encarnado. Aos 12 minutos já o Benfica estava a reclamar uma grande penalidade cometida sobre Seferovic, mas o árbitro, consultado o VAR, mandou seguir a jogada. O autor do passe, depois de uma surtida rápida pela direita, tinha sido Pizzi, outro dos benfiquistas que ontem se exibiu a grande nível, culminando na segunda parte com duas assistências para golo.
Ainda antes do primeiro golo dos encarnados, as águias voltaram a reclamar mais um castigo máximo, desta vez por alegado toque faltoso de Nuno Campos sobre Cervi. Desta vez Fábio Veríssimo nem precisou de recorrer á tecnologia, estava em cima do lance e mandou jogar.
Adivinhava-se o primeiro golo tal era o caudal ofensivo do Benfica e a falta de capacidade dos nacionalistas para travar os avanços do adversário. Ainda antes, Seferovic quase fez o primeiro, a passe de Grimaldo, só que perto da linha de baliza não conseguiu esticar-se para enviar a bola para golo.
Não marcou aí, marcou logo a seguir, depois de uma grande jogada de Salvio que numa viragem súbita deixou o seu marcador para trás, fletiu ligeiramente para o meio e meteu um passe para o espaço vazio que o avançado suíço aproveitou da melhor maneira.
Apesar da lesão de Fejsa, que teve de sair e entrou para o seu lugar Alfa Semedo, o Benfica não abrandou até ao final da primeira parte, sem que o Nacional tivesse arte e engenho para reagir à desvantagem. E ainda antes do intervalo, os encarnados voltariam a fazer funcionar o marcador, agora invertendo-se os papéis dos protagonistas: Seferovic assistiu e Salvio marcou, neste caso numa grande cabeçada que não deu qualquer hipótese ao desamparado Daniel Guimarães.
Costinha tentou mudar o rumo dos acontecimentos, tirando ao intervalo Marakis para colocar o médio ofensivo Palocevic, mas o sérvio contribuiu pouco para inverter a tendência do jogo (apesar de um bom remate aos 59 minutos que obrigou Vlachodimos a fazer uma boa defesa), que continuou a ser dominado pelo Benfica, mesmo entregando a iniciativa e controlando sem bola. E se algumas dúvidas ainda permanecessem na cabeça de alguém sobre a vitória encarnada, ficaram cedo dissipadas com o terceiro golo marcado aos 56 minutos por Grimaldo, que surgiu sozinho na esquerda habilitado por Pizzi.
Até ao final do encontro, assinalam-se duas coisas, um lance entre João Camacho e Vlachodimos, em que o Nacional pediu penálti e o quarto golo dos encarnados, marcado por Rafa (entrado aos 70 minutos para o lugar de Cervi), depois de mais um bom passe de Pizzi. Veloz na desmarcação, Rafa picou a bola por cima de Daniel Guimarães quando o guarda-redes veio ao seu encontro.
Para Rui Vitória, e, declarações à Sport TV, tratou-se de um “resultado categórico” com “carimbo de qualidade” de uma equipa que completou na Madeira um ciclo de oito jogos num curto espaço de tempo. “Viemos aqui com o propósito de terminar este ciclo em beleza” e foi isso que o Benfica conseguiu, principalmente pelo trabalho que realizou nos primeiros 45 minutos. “Na primeira parte fomos uma equipa muito esclarecida, e obrigámos o Nacional a pôr a bola onde nós queríamos que a pusessem”, explicou o técnico.
O treinador dos insulares não hesitou em considerar a “vitória justa do Benfica” porque foi a “melhor equipa nos 90 minutos”, em declarações à Sport TV. Uma equipa que revelou “mais maturidade”, que se mostrou “tecnicamente mais evoluída” e que, sem ter o controlo da bola perfeito, mostrou “muita qualidade”.
“Na segunda parte, os jogadores trabalharam melhor. Não conseguimos fazer um golo e, no período em que estávamos melhor, levámos mais um golo. Temos de aprender e crescer. Olhar para a frente com otimismo porque perdemos apenas uma batalha numa longa guerra”, acrescentou Costinha.