Woody Allen vai ser forçado a parar por uns tempos. Com o fantasma dos alegados abusos sexuais sempre presente, o realizador não tem conseguido verbas para projetos futuros.
De acordo com o “El País”, existiam projetos em cima da mesa, mas não vão sair da gaveta, por enquanto. Fonte próxima do realizador admite que Woody Allen não é pessoa de estar parada, mas a falta de opções de financiamento não tem deixado margem para outras opções.
Ainda que a polémica se tenha arrastado durante mais de 25 anos, a entrevista que a filha adotiva, Dylan, deu à CBS, no início do ano, veio dar-lhe novo destaque. Até porque o timing não podia ter sido o pior.
Em finais de outubro, com o movimento #MeToo a ganhar forma e força depois da queda de um dos homens mais poderosos de Hollywood, Harvey Weinstein, ao fim de alegadas décadas de abusos de poder com um incontável número de atrizes, começou a dizer-se de que “A Rainy Day in New York”, o próximo filme de Woody Allen, que será publicado antes do final do ano, seria filme para uma nova polémica. Noticiava então o “Page Six”, do “New York Post”, que Jude Law interpretava um homem casado de meia idade que se envolve numa relação de contornos sexuais com uma jovem de 15 anos (Elle Fanning).
Claro que o filme foi escrito e rodado numa altura em que não se podia prever o #MeToo. Também não havia como prever que, entre o movimento de solidariedade com as vítimas de assédio e de abusos sexuais que atirou já ao chão dos seus pedestais homens como Harvey Weinstein, Kevin Spacey, Louis C.K., Brett Ratner ou James Toback, a sua filha adotiva, Dylan – que ao longo dos 25 anos pelos quais se arrastou o escândalo dos alegados abusos de que foi vítima apenas duas vezes falou publicamente sobre ele –, concedesse a sua primeira entrevista televisiva.
Indignada, cheio a responder, confrontada com as respostas do realizador: “O que não compreendo é como é que esta história louca sobre eu ter sido vítima de uma lavagem cerebral é mais credível do que eu ter sido abusada pelo meu pai”.
Recorde-se que foram vários os atores e atrizes que se juntaram contra o realizador. Greta Gerwig, David Krumholtz, Ellen Page, Griffin Newman, Timothée Chalamet, Rebecca Hall, Joaquin Phoenix, Mira Sorvino, Rachel Brosnahan, Natalie Portman, Chloë Sevigny foram alguns dos nomes mais citados.
Importa recordar que, no início do ano, quando se começou a dar destaque às novas declarações de Dylan, muito se falou sobre a possibilidade de o realizador ter a carreira em risco. Alguns especialistas em Estudos de Cinema chegaram mesmo a admitir que não havia melhor maneira de “destruir Allen” do que “tirar-lhe o direito de trabalhar, de fazer filmes”. A verdade é que, para já, haverá uma paragem na carreira do realizador.